Estou com você

Capítulo 15 - Falhei como irmã e como defensora

⊹⊱•••《 Um dia antes 》•••⊰⊹

Caitlyn

Nossa discussão havia começado um dia antes deles voltarem para casa, quando eles vieram no quarto do hotel pedir para que arrumássemos a mala para podermos voltar pra casa no dia seguinte, eu disse que já havíamos arrumado, mas não íamos voltar pra casa. Fingindo que não haviam escutado no dia seguinte eles nos acordaram e sem dar tempo de impedi-lo meu pai pegou minha mala e levou pro seu carro.

Como íamos em carros separados, eu deixei a Vi na delegacia para fazer a sua prova final e fui para a casa dos meus pais pegar minha mala e levar para o nosso novo apartamento, que já havíamos comprado há alguns dias. Quando eu cheguei os empregados já estavam na casa e já haviam levado a mala para o que seria o meu quarto.

Não querendo me demorar fui direto pegar a mala que estava com todas as minhas roupas novas já que as outras haviam sido queimadas, embora elas também sejam da Vi já que ela sempre pega emprestado. Mesmo eu tendo oferecido dinheiro para ela comprar as próprias roupas, ela recusou alegando que não se importava de usar as minhas.

Se eu tivesse sorte eu sairia da casa sem que meus pais percebessem que eu sequer estive lá, mas eu não tive. No momento que eu sai do quarto dei de cara com minha mãe, ela olhou para mim com um sorriso e depois para a mala em minha mão e vi seu sorriso desmanchar, antes que ela falasse algo eu passei por ela seguindo em direção a escada.

Ela seguiu atrás de mim gritando para eu parar, meu pai não sendo surdo ouvi os gritos e veio ver o que estava acontecendo. Começando a me estressar, acelerei meus passos enquanto descia a escada. Eu não pretendia brigar, mas no momento que minha mãe agarrou meus braço e começou a usar a morte da minha irmã como desculpa, eu acabei perdendo o controle e falei o que estava preso em mim há algum tempo.

Saio da casa deixando meus pais surpresos com o fato de eu saber o que eles diziam pra Max. Embora eles fossem cuidadosos para não maltratarem ela na minha frente, eles constantemente esqueciam que as paredes da casa eram finas, o que sempre me fazia acorda no meio da madrugada com seus gritos e às vezes com o choro da Max.

Já perdi a conta de quantas vezes eu chorei ouvindo aqueles gritos, me sentindo extremamente fraca por não conseguir ajudar minha própria irmã. Lembro de como era difícil fingir naturalidade quando eu a via cheia de hematomas, embora ela tentasse esconde-los ou justifica-los com o seus treinos.

Conforme crescíamos, os gritos se tornavam cada vez mais frequentes, chegando até mesmo a acontecer durante o dia enquanto eu estava estudando no quarto com lágrimas nos olhos, fingindo que nada estava acontecendo. Os seus choros se tornaram quase raros, acontecendo apenas quando o nosso pai a batia, quer dizer a espancava.

Em um determinado momento eu fiquei cansada, cansada de ouvir os gritos, os xingamento e até mesmo o barulho de coisas quebrando. Então eu comecei a ficar mais fora de casa, comecei a estudar na biblioteca da escola e a dormir na casa dos meus amigos, apenas para não ter que ficar em casa.

Eu tinha medo, meus pais nunca me trataram daquele jeito e eu sempre fui à princesinha do papai, então eu tinha medo de que se eu me metesse no meio deles, eles começariam a me tratar do mesmo jeito. Mas hoje em dia eu preferiria apanhar o dobro que ela se isso fosse protegê-la.

Eu sempre quis ser defensora para ajudar e proteger os outros, mas como eu faria isso se eu não conseguia proteger minha própria irmã? Então quando ela fez catorze anos comecei a leva-la para sair, às vezes íamos à sorveteria para simplesmente curtir a companhia uma da outra e às vezes para a delegacia só para não deixa-la sozinha em casa.