Pegamos um táxi a caminho do hospital, o jeito que Molly estava, não iria sobreviver "normalmente" mais um minuto em pé. Antes de entrarmos no táxi, lanço um olhar impiedoso para casa. Ter que deixar, Marisol, lá dentro seria uma coisa "imperdoável" ao meu ver.
-Molly, fique tranquila, ok? Essas merdas vão pagar caro, pelo que estão fazendo! Só espero que, Marisol, esteja viva.......-. Não eramos irmãos biológicos, porém, nós dois sofremos pela mesma causa, ter "pais" cruéis. Aquilo me dava um imenso nó na garganta se perdemos para sempre ela.......
Os corredores do hospital estavam lotados, passavam enfermeiros atrás de paramédicos logo em sequência, eles tavam sobrecarregados e isso já era evidente, por toda correria. Esse lance de hospital não me cai bem, até porque me traz memorias dolorosas da minha infância e adolescência, portanto, hospitais me dão "calafrios". Molly, puxa minha camisa de leve, quando olho em seu rosto, estava pálido e gelado, era não aguentaria ficar mais tempo assim......
-Caio.......será que serei atendida? Eu....eu não sei, se posso suportar todas essas dores em volta de meu corpo.....elas me deixam com uma aparência horrível-. Eu a abraço forte, tentando dar mais conforto pra ela. Tomara que esse atendimento venha logo, Molly, deve ser que queria salvar a vida de Marisol e no meio da briga acabou sendo atingida em cheio também, sem ter culpa, como sempre somos todos inocentes demais perto de Rosangela e Gustavo..
-Molly, você não deve ser vaidosa agora. Mas, pra mim você continua incrível......-. Ela torce um pouco deitando a cabeça em meu peito esquerdo.
-Obrigada.......você também é o máximo-. Por uma fração de segundos, eu me derreto completamente por Molly. Porém, os médicos chegam finalmente e ordenam a entrar no pronto-socorro, meus olhos estão querendo sair lágrimas, pois não queria abandonar, Molly, em nenhuma circunstância. Não deu tempo de nós despedir "corretamente" porque os médicos já estavam a tirando do corredor, porém, tive uma última lembrança sua me dando um sorriso meigo de canto.
Eu saio do hospital com o coração na mão, o segundo passo, será a caminho de, Marisol. Bem aquilo não sairia da minha mente tão fácil, enquanto eu não retornasse pra lá. Assim, que piso novamente, fora do hospital, sou surpreendido, por dois caras mascarados. O mais alto já começou me derrubando pelo chão e dando vários golpes no estômago, o outro puxa meu cabelo e me faz olhar cara a cara com ele, assim que o outro termina.
-Desculpa, Caio, mas ordem são ordens! E devem serem cumpridas até o final!.-. Era, Gabriel. Seu pingente de cruz e espada unidos refletiam sobre a luz do poste, enquanto balançava sem parar em seu pescoço. Tentei me levantar e defender infelizmente não deu para isso acontecer, pois acabei desmaiando por tamanha fraqueza sentindo nos golpes.
Quando me desperto, dei conta, que meus punhos estão amarrados e junto com minhas pernas, quanto o lugar, era indecifrável de se descrever ainda. O dia ainda era noite,conclui que em tese nisso, ainda estava no mesmo dia que fui brutalmente espancado. O frio inebriante me fazia estremecer na cadeira, meus olhos ardiam e minha pele coçava como se fosse um tipo de alergia provocativa. Eu não tenho alergia pelo que sei, mas aquele silêncio pairando sem saber em qual lugar estava, me deixava em estado de alerta extremo.
-Olá......tem alguém aqui? Gabriel, porque tá fazendo isso comigo?! É tão foda ter coragem de ser tão frio assim!.-. Começo a chorar. Eu queria entrar em pânico, me lembro de muito pouco mas seu rosto gravado na minha memoria junto com seu pingente balançando, enquanto me espancava era impossível de não se recordar. Como o esperado, absolutamente ninguém responde ou sequer faz algum barulho naquele local desconhecido, de repente, ouvi-se soluços vindo da escuridão noturna. Levanto com a cabeça pesada e a cara ensopada de "agua" de tanto chorar.
-Por favor, alguém me tira daqui!.-. Eles não tamparam minha boca e nem meus olhos, pois sabiam num lugar escuro e que ecoava dando a entender que não adiantava qualquer movimento pra pedir socorro. Aquilo tudo, seria em vão.......
Amanheceu, e eu tinha caído no sono como um bebe, sem ter noção do tempo que havia se passado, estando naquele lugar desconhecido. Queria me despreguiçar da cadeira ou arrumar meu cabelo que estava terrivelmente danificado por ontem. Com a ajuda da luz solar consigo visualizar plenamente agora o lugar, era espaçoso sua voz podia ecoar e do lado de fora dava para observar a vegetação densa de lá. O piso e as paredes pareciam ásperos e em ruínas, pondo em conta também o cheiro empoeirado e precario de lá. Tirando em compensação aquela "mata densa" era a mesma que 'escondiamos' Cristina. Eu queria ter feito todas essas simples coisas que qualquer ser humano normal faz quando acorda, infelizmente, eu estava acorrentado naquela cadeira por infinitas horas.
Meu psicológico tava mais fudido que tudo, agora preso ficando sozinho sem saber do que farão comigo, me fazia querer tirar a vida na hora. Tanto tempo lutando e sem felicidade recuperada.......isso é uma merda, que não tem fim.Passado alguns momentos, volto a capturar o olhar em volta deste lugar, os meus olhos "habilidosos" punha atenção em tudo como uma visão" raio laser", estava prestes a cair no sono quando vejo uma pessoa com roupas rasgadas e a cabeça abaixada entre suas pernas. "Poderia ser a Cristina?". Não falei nada, permaneci observando a figura e pensando no que estaria acontecendo, seus cabelos eram bagunçados, tinham cachos, só que estavam sem definição e muito desidratados e a cor deles eram um amarelo claro e ao mesmo tempo intenso. Sua pele se parecia com a minha, porosa, ressecada e alérgica ao extremo, por algo que não sabemos ainda........
-Marisol!!.-. Balanço da cadeira, falando sem pensar também. A pessoa não se mexe e nem nada, eu pensava em como Gabriel, podia ser tão cruel a ponto de bater na esposa e fazer mais maldades contra mim. O "grupo", não sabia o que aconteceu comigo neste domingo passado, especialmente quando esse alguém é o novato. Essa mulher largada no chão frio poucos metros de distância comigo, estava claramente desacordada, sua postura dizia tudo, e o que mais temia nesse jogo todo era que fosse a Marisol estando morta na minha frente.
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''Que Comece O Show'' [2 Temporada]
RandomCaio Guilherme Santos, tem 23 anos é sua ficha "escolar" e extensa, assim como seu histórico criminal de assaltos a mão armada, tentativas de homicídios com participações com a gangue mais bem procurada pelo Brasil. Será que diante deste novo cenári...