Capítulo Único

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Para Taehyung, dormir sem ter Jimin do seu lado era quase impossível. Depois que se acostumou a tê-lo entre os braços todas as noites durante quase seis anos, não sabia mais como era ficar longe. Não sabia nem que podia sentir tanta saudade da pessoa que chamava não só de marido, mas também de amor da vida, pessoa favorita do mundo inteiro.

Tinha um pouco mais de duas semanas que Jimin havia viajado para o Japão – exatamente quinze dias e contando – por causa do trabalho, mas, para Taehyung, a sensação era que estava sem vê-lo há quase um ano.

Sabia que podia soar dramático para caramba, entretanto, que culpa tinha se sentia falta dele ao ponto de não conseguir dormir e, atualmente, estar secando uma garrafa de vinho tinto deixada na geladeira pela metade enquanto preparava alguma coisa para comer às quatro horas da madrugada?

A irritação por virar de um lado para o outro na cama grande de casal, que nem tinha mais o cheiro de Jimin pelos lençóis, sentindo saudade dos pés dele junto dos seus, das mãos nas suas costas, acariciando-a de baixo para cima, a respiração contra o seu pescoço e o tronco magro nos seus braços, fora demais naquela noite, por isso, estava desperto, tentando encher a mente com qualquer coisa que não fosse o marido, os beijos, abraços e sorrisos dele.

Taehyung sentia saudade feito um louco.

Sentia saudade da voz melodiosa de Jimin preenchendo o ambiente, dos sorrisos sapecas e sorrateiros para pedir um beijo, e daqueles mais carinhosos ao dizer o quanto lhe amava também. Sentia saudade do cheiro dele, das mãos pequenas escondidas entre as suas, do jeitinho de o abraçar, ficando nas pontas dos pés e escondendo o rosto entre o seu ombro e pescoço.

Taehyung sentia saudade de apenas deitar a cabeça no colo dele ao tempo que assistiam algum programa na televisão, ou nos momentos em que Jimin se entretia lendo um livro de romance enquanto fazia carinho no seu cabelo. Sentia saudade de observá-lo, enchê-lo de beijos pelo rosto e corpo, sair de mãos dadas pela noite para admirar o céu estrelado ou assistir as ruas enchendo-se de neve, porque estavam no fim do ano e os pisca-piscas davam um charme a mais para os flocos brancos.

Sentia mais saudade de compartilhar a vida com ele do que seria aceitável pelo fato de estar sem vê-lo há apenas quinze dias – quer dizer, mais ou menos, porque as vídeo-chamadas eram constantes.

No entanto, o que podia fazer? Estava imensamente e verdadeiramente apaixonado durante todos aqueles anos por Jimin, desde o dia em que ele declarou-se para si num rompante só – totalmente sincero, por sinal –, as bochechas coradas, um riso frouxo e nervoso deixando os lábios trêmulos e as mãos se movimentando de maneira apressada. Completamente adorável.

– Por que você saiu correndo do bar? – Taehyung lembrava-se de perguntar, sentado ao lado de Jimin, que estava nervoso, lágrimas acumulando-se nos cantos dos seus olhos bonitos e pequenos por ter percebido aquela imensidão que morava no seu peito.

Estavam acomodados num banco de concreto de um parque pequeno perto da faculdade em que estudavam na época. O lugar era bastante arborizado, contendo um lago pequeno e várias flores que os moradores ao redor plantavam.

Como atualmente, eram quatro horas da madrugada, e os dois estavam acompanhados de outros amigos para comemorar o fim do semestre antes que alguns viajassem e outros fossem para a casa das suas famílias, deixando os dormitórios em que moravam.

Sem aviso prévio, enquanto bebiam e conversavam, risos aleatórios acompanhados de uma música da atualidade preenchendo o ambiente e casais sendo oficializados, como Namjoon e Jeongguk, os melhores amigos de Jimin, que se gostavam um bocado, ele levantou apressado, correndo para fora do bar como se estivesse fugindo de um fantasma.

Quinze Dias de SaudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora