Capítulo 22: Queime tudo, Pai.

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Eram seis e cinquenta e cinco quando Verônica chegou para o discipulado. Eu achei estranho o fato de que quando a criada abriu a porta para ela, ela contou até cinco nos dedos antes de entrar, e de ter se mantido de pé até eu perguntar se ela queria sentar. Provavelmente foram essas manias que Billy citou do comportamento da irmã. Ela assentiu inexpressivamente e se sentou no sofá.

Ficamos de frente uma para a outra, nos levantamos novamente para orar, depois nos sentamos para estudar a palavra. A lição de hoje foi sobre salvação, o que é, ter certeza da salvação, o que nos dá a salvação... foi um estudo realmente produtivo, eu procurava anotar tudo que Verônica dizia e todas as bases bíblicas para reler depois. Arthur, Billy e Tayala tinham razão: Verônica era genial discipulando, apesar de ainda ser inexpressiva no rosto, ela falava de forma clara e eu percebia seu esforço para expressar as emoções do texto.

Ao final, nós oramos agradecendo pelo estudo. Levara apenas meia hora. Foi então que Verônica falou:

- Quer conversar sobre algo? - Perguntou, ainda inexpressiva. Porém seu olhar demonstrava empatia e eu senti que podia confiar nela.

Suspirei. Eu precisava conversar sobre aquilo com alguém que pudesse me dar uma luz.

- Na verdade... eu quero mesmo. E peço por favor que isso fique apenas entre nós.

Eu contei para ela sobre meus sentimentos por Arthur, como sendo eu recém-convertida eu acho impossível que Arthur se interesse por mim, e sobre a conversa com Julya que além de me dar a notícia de que eu me separaria dele por quatro anos, ainda me deixou confusa: o que Arthur sentia em relação à mim? Eu havia orado sobre isso quando cheguei, e talvez Deus use Verônica para me responder.

- Hm... Essa é mesmo uma situação complicada. Como recém-convertida, você deve entrar no processo de espera em Deus para ser lapidada antes de se casar. O processo de espera pode durar dois anos, como pode durar dez, e varia de pessoa para pessoa, e ele termina quando se tem certeza de que se achou uma boa pessoa para casar. E essa certeza vem por meio da oração e da palavra. - Verônica me explicou. - Você deve viver para Deus antes de viver um casamento. Por isso eu diria para não se casar estando recém-convertida, mas esperar Deus lhe mostrar a pessoa certa, na hora certa. Quando for, você terá paz e concordância das escrituras.

Eu suspirei.

- Entendi, Tábita havia me falado um pouco sobre isso, eu preciso crescer espiritualmente. - Eu engoli seco. - Mas o que Arthur disse pra Julya me deixou muito confusa. Quando ele falou de mim parecia que ele me amava, e Julya tentou convencer ele de que eu não era boa o suficiente. Será que ele me ama Verônica? - perguntei, com a esperança de uma resposta. - Mas mesmo se ele me amar... vamos ficar quatro anos separados, ele vai encontrar outra nesse tempo e nem vai lembrar de mim.

Verônica inclinou levemente a cabeça de lado.

- Em 1coríntios 13 o apóstolo Paulo diz que o amor tudo sofre, tudo espera, tudo suporta. Se Arthur realmente a amar como Cristo amou a igreja, que é como um marido deve amar a esposa, ele vai passar esses quatro anos esperando para voltar e casar com você. E nesses quatro anos você vai crescer espiritualmente, não para casar com ele, mas para viver genuinamente para Cristo. - Verônica explicou. - Essa é a solução, mas vocês dois precisam orar sobre isso, para chegarem a alguma compreensão.

Eu assenti com a cabeça. Havia uma esperança. De toda forma eu desejei o amadurecimeto espiritual para que pudesse viver uma vida sólida com Cristo e algum dia fazer a sua obra como fazem as moças da rede de mulheres, falar do amor de Cristo com unção e sabedoria, e creio que quatro anos são bastante tempo. Meu único remorso era ser imatura demais para me casar com Arthur, e agora eu vejo a esperança de que ele me espere até eu amadurecer.

Resplandecer [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora