Supernova - O começo de uma jornada

Prólogo - parte 3

Jade POV

"Devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer..."

Eram exatamente 05:00 quando o despertador tocou. Estendi a mão em direção à mesinha para desligar o alarme e enterrei a cabeça no travesseiro.

Cinco minutos. Foi o tempo exato para o alarme que tinha ativada a função "soneca" tocar mais uma vez. Droga!

Acho que nunca desejei tanto poder invocar coisas como nesse exato momento, porque juro que se fosse possível, eu faria crescer um buraco negro no teto desse quarto agora só pra ver se ele me engolia de uma vez e me levava direto para outra dimensão. Será provável que os dias de glória não cheguem nunca?

Estendi a mão mais uma vez para desligar o maldito do som irritante e suspirei.

Estava quase cochilando de novo quando patinhas pequenas e macias passearam por cima da minha barriga descoberta. Segundos depois, bigodes finos pinicaram meu nariz fazendo uma leve cosquinha lá e quando finalmente abri os olhos, me deparei com o enorme olhar azul que me encarava curiosamente de perto, como se a qualquer momento pudesse ser capaz de dizer: "ei, levanta".

— Bom dia, Anne Black. – Sussurrei com a voz ainda rouca pelo sono. A gata preta miou baixo em resposta e esfregou a cabeça em meu queixo. — Ah Anne, não estou afim de levantar. – Resmunguei, bocejando em seguida e cedendo a vontade de fechar os olhos.

A felina miou mais uma vez, um pouco mais alto, e caminhou se acomodando justamente em cima do meu rosto. Tirei ela de lá rindo e a encarei.

— Você não vai me deixar dormir mesmo, não é? – A gata tombou a cabeça para o lado enroscando o rabo em meu braço. — Tudo bem, eu me rendo.

Sentei na cama me espreguiçando preguiçosamente antes de levantar e seguir para o banheiro. Fiz minhas higienes matinais, vesti o uniforme que estava separadamente pendurado desde a noite anterior, penteei o cabelo da mesma forma costumeira de sempre e passei um gloss de cor clara para não ficar com tanta cara de peixe morto. Olhei o resultado no espelho e suspirei.

Queria ter ficado na cama por mais tempo, óbvio, mas tomar falta no primeiro dia de aula não era uma opção, principalmente quando se tem Estela Monroe como mãe.

Peguei a mochila que também já estava antecipadamente pronta e desci para tomar café da manhã com Anne Black ao meu encalço.

Anne sempre foi assim. Me seguiu até em casa há um ano e meio atrás e mesmo depois de a adotarmos, – de ela me adotar na verdade – a gatinha continuava me seguindo por todos os cantos da casa como se fosse uma mini sombra.

Uma vez a safada até entrou escondida de penetra na minha mochila e quase foi assistir aula junto comigo. Sorte que quando fui checar os materiais antes de sair de casa, a encontrei. Caso contrário teríamos nos metido em grandes problemas.

Apesar de tudo, não posso negar que amo a ter por perto. Anne é minha melhor amiga e sem dúvidas a melhor companhia que alguém poderia ter.

Quando chegamos no andar de baixo, encontrei mamãe tomando o próprio café sozinha enquanto folheava uma revista qualquer de moda. Como sempre ela já estava perfeitamente arrumada e pronta para levantar dali e ir direto trabalhar, só que em compensação tinha a mesma cara de poucos amigos de sempre.

— Bom dia. – Falei me sentando de frente para ela na mesa.

— Você demorou para descer. – Levou o olhar rapidamente em minha direção. — Bom dia.

Revirei os olhos pondo uma torrada no prato. Resolvi nem responder. Era cedo, mas se desse trela ela já começaria com a palestra interminável sobre horários e responsabilidades, o que não é o assunto mais agradável para uma manhã de segunda-feira em pleno a hora do café.