Capítulo 23: Crise

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Conversamos um pouco sobre o que acabara de ocorrer. Tábita me abraçou e me disse palavras de incentivo, e resolvemos voltar para minha casa. Durante o caminho, eu me atentei para uma coisa:

- Arthur, eu ganhei muito dinheiro nas apostas de xadrez. E eu quero gastar ele de uma forma útil para o reino. O que acha que eu deveria fazer? - perguntei.

Arthur arqueou as sobrancelhas, surpreso pela pergunta repentina.

- Isso é muito nobre, Sophia.  Conhecendo suas habilidades, com certeza você ganhou muito dinheiro. - Ele sorriu. - Bem, o que eu recomendo é que você pense em como usar suas finanças de uma maneira que fortaleça a obra de Deus e ajude as pessoas. Deus também te deu talento para isso, Sophia, para servir o seu próximo da melhor forma que puder.

Eu assenti.

- É o que quero fazer. Quero servir a Cristo com tudo que tenho. - Declarei, convicta. Se eu vou viver pra Jesus, eu quero que seja por inteiro.

Arthur sorriu, e inesperadamente pôs a mão na minha cabeça, bagunçando meu cabelo. Só agora percebo que saí sem chapéu.

- Você me orgulha, Sophia. Me orgulha demais. - Ele me encarava com olhos repletos de significado. - Se ao menos eu tivesse te conhecido quatro anos mais tarde… - ele sussurrou e desviou o olhar.

Eu engoli seco.

- Você vai passar quatro anos fora para o seminário pastoral, certo? - perguntei, demonstrando que eu já sabia o que viria. 

Arthur assentiu, e acariciou levemente meu rosto.

- Por mais que eu esteja feliz por finalmente ir, me entristece saber que terei de deixar a cidade, minha irmã e você. - Suspirou, mas então forçou um sorriso, fazendo um carinho rápido na cabeça de Tábita, que sorriu minimamente.

Eu assenti.

- Certamente. - Sorri. - Obrigada. Não sei o que eu seria sem você. 

- Eu não tenho mérito de nada, Sophia. Tudo que eu já te disse, foi o Espírito Santo que falou através de mim. - Arthur sorriu. - Sou apenas um instrumento nas mãos de Deus que não pode fazer nada por si mesmo.

Eu assenti.

-- Eu quero crescer na fé. Quero conhecer a palavra como você conhece e quero brilhar como você brilha. Eu quero impactar o mundo, assim como fui impactada. Seria egoísmo demais guardar isso pra mim. - Declarei o que estava em meu coração, e Arthur apenas sorriu e assentiu. 

- Você será poderosamente usada, Sophia. Eu não tenho a menor dúvida disso. Continue a orar e se aprimorar. - Tábita sorriu, ela olhava-me orgulhosamente.

- Eu espero encontrar uma Sophia completamente diferente quando eu voltar. - Arthur declarou, ele me encarava profundamente.

Quando ele falou isso, nós chegamos na minha casa. Eu me virei para ele e sorri.

- Obrigada. Hoje foi… inefável. - Balbuciei, sem saber como agir, sem conseguir olhá-lo nos olhos.

Tábita assentiu com um mínimo sorriso.

– De fato, foi. Até amanhã, Sophia. - Ela brevemente me reverenciou, eu retribuí.

Arthur sorriu. 

- Vou com Tábita para casa, hoje tia Martha decidiu que quer aprender xadrez - Contou, e tirando seu chapéu, fez-me uma reverência. - Tenha uma boa noite, bela dama.

Eu ri levemente e também fiz uma breve reverência. 

- Boa noite, reverendo Freitas. - Despedi-me, ele sorriu com aquele apelido e então ambos viraram as costas para mim.

Resplandecer [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora