Gabrielle Saturno
Corro desesperadamente, pulando todos os obstáculos até o estacionamento. Viro-me para avaliar a distância que me separa dos tais ninjas negros – termo este que não me faz sentido algum, já que ironicamente eles estão vestidos de branco – e estremeço ao constatar quão mínima é.
Eles são impressionantemente rápidos. Não tanto quanto Juka, mas comparando à mim; posso definir-me como uma lesma com reumatismo.
Tenho vontade de socar Juka até ver seu sorriso de deboche repleto de sangue e dentes quebrados. Não sei se sinto mais raiva dele; por tudo que sai da sua boca virar uma praga, ou de mim mesma por não tê-lo escutado. A melhor opção, sem dúvidas é: bater com minha cabeça na parede – isso se eu conseguir escapar ilesa.
Mas, valeu a pena ver mais uma vez os olhos tão magnetizantes de Mika, e senti-la em meus braços de novo. Só queria ter tido mais tempo para uma conversa esclarecedora. Pela forma que fomos flagradas, creio que deixei-lhe com mais dúvidas. Porém, a certeza de que estou viva, sobreviveu, e é isso que importa. A confirmação de algo, com certeza, é mil vezes melhor que a angústia. Acredito nisso pela forma que ela se entregou à nossa dança, e o beijo foi a consumação que faltava para que me reconhecesse, mesmo sem que eu tenha proferido nenhuma palavra ( devo confessar que me passar por muda, foi uma experiência engrandecedora, agora compreendo quão importante é o sentir, que nem sempre as palavras são suficientes para suprir na mesma intensidade que um toque, ou um olhar). E pela fúria com que seus lábios me corresponderam, ela ainda não me esqueceu, e se ambas continuam alimentando essa paixão desvairada que nos tira e nos devolve o ar num compasso insano, podemos e devemos recomeçar.
É bem óbvio que algo deu errado. Esse amuleto não funcionou como deveria. Será que Tomoyo me traiu? Não será possível. Até porque não faz nenhum sentido ter me ajudado para depois me ferrar. Ah, mas se tratando de pessoas... tudo se torna duvidoso!
Finalmente avisto um muro que me tirará da propriedade de Mitsuo e me levará para a Rua onde está o carro de Tomoyo. Ainda consigo olhar de relance para o relógio em meu pulso e constato que está na hora de darmos o pé daqui – nem parece que estou a mais de uma hora nesse lugar – Se Tomoyo não estiver lá, confirmarei minhas suspeitas. Minha preocupação agora é escalar esse muro e vazar quanto antes.
Dou um salto na parede de concreto, o mais alto que posso, e consigo alcançar o topo. Sustento-me o bastante para ficar em cima dele e com mais um pulo atravesso para o outro lado, caindo agachada na calçada.
Quando olho para trás, lá estão os ninjas descendo do muro em manobras cinematográficas. Merda! Estou literalmente fodida! Tento evitar ao máximo um pálio entre nós – o que é claro que perderei – colocando minhas pernas para trabalhar na velocidade máxima. Para minha surpresa, satisfação, alívio e arrependimento pelos julgamentos precipitados ( uma série de emoções conflitantes ) Tomoyo me esperava recostada na porta de seu carro popular, com o semblante ardendo de preocupação e ansiedade. Assim que notou os ninjas me seguindo bem atrás, ela entrou no carro e já o preparou para dar partida. Abriu a porta do passageiro para mim... e, eu logo trato de agilizar os pés para chegar logo. Nunca desejei tanto entrar dentro de um carro e sumir.
Isto estava prestes a acontecer, quando um dos ninjas praticamente voou – tão espetacular que seu salto se mostrou – e com os pés fechou a porta do automóvel, enquanto se segurava pelo capô do teto de ferro.
Minhas pernas travam de automático. Numa fração de segundos, os outros quatro surgem e partem para cima de mim.
Cuido de me defender de golpes ágeis e precisos, com noções carregadas de várias artes marciais existentes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio
Fiksi UmumA lutadora amador Gabrielle Saturno recebe uma tentadora proposta para participar de um torneio de Muay Thai no Japão, após ser classificada em uma eliminação rigorosa no Brasil. Chegando lá, ela conhece a sedutora japonesa Mikaela Sato e um romance...