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Alexia Greco Mayo

04:45 pm - 02 de fevereiro de 2022

Sinto as rodas dianteiras do avião tocarem a pista do aeroporto Santos Drummond.

Depois de 14 horas, aqui estou eu. Rio de Janeiro.

Observando o local ainda pela janela do avião lembro da primeira vez que pisei nessa cidade. Deixei para trás um emprego estável, apartamento, toda minha família paterna, amigos e meu namorado, que na verdade agora é ex. Se, a uns dois anos atrás, alguém me falasse que largaria Nova Iorque para morar aqui eu certamente chamaria a pessoa de louca.

Perdida nos meus pensamentos eu atravesso o portão de desembarque avistando meu padrasto Danilo e meu irmão Caleb. O real motivo para eu estar aqui é ele: um garotinho de cinco anos.

— Que saudadi, mana! - Caleb me abraça forte no momento que eu deixo o carrinho de lado.

— Te amo, guri! - Ter ele nos braços é a realização de um sonho. Como sonhamos com ele. Como desejei ter um irmão e agora ele é real.

— Estávamos todos com saudades - Dani afirma, assim que largo Caleb para abraça-lo — Muito trabalho para te buscar no aeroporto, pô. Sua mãe vai ficar louca quando te ver.

— Por isso que eu preferi fazer uma surpresa – Falei, acomodando as malas em uma posição confortável para carrega-las — Não vejo a hora de ver todos.

—Você vai amar o Rio, te garanto - Danilo tomou as rédeas das bagagens e eu logo me apressei em guiar o Caleb segurando em suas mãos.

O caminho do aeroporto até em casa foi tranquilo. Casa. Essa palavra ainda me pega como uma boa novidade. Já estive no Rio diversas vezes: festas, carnaval, eventos esportivos, mas para morar nunca.

A ideia surgiu quando minha mãe, Cris, se mudou para cá em março do ano passado. Até então ela, Dani e Carlos Eduardo, filho do meu padrasto, moravam em Madri. Quando eles estraram no processo de adoção para o Caleb fazer parte da nossa família eles decidiriam mudar para o Brasil, já que toda a tramitação da papelada estava acontecendo em terras cariocas. Dois meses depois, oficialmente o Caleb se tornou filho deles e meu irmão e do Cadu.

Em Nova Iorque, eu me formei em moda, morei com meu pai até sair da faculdade. Conheci o Brian que se tornou meu melhor amigo e namorei Karim por longos  quatro anos.

Minha vida sempre não teve muita estabilidade. Meus pais se conheceram no pós carnaval aqui no Rio. Minha mãe era menor de idade e estava de férias na capital. Meu pai, Abel, norte-americano, estava aproveitando o clima tropical depois de se formar em medicina. Para ele, na época, era muita responsabilidade assumir o hospital da família. Precisava de um mês longe. Eles ficaram juntos por apenas uma semana, minha mãe mentiu a idade e meu pai mentiu o telefone.

Ao voltar para Porto Alegre escondeu a gravidez. Quando eu nasci, gaúcha e muito saudável, ela se viu obrigada a contar para meu avô que se tornou mãe aos dezesseis anos. Nem preciso falar a confusão que se formou, né? Até o patriarca da família aceitar toda a situação demorou longos meses, mas, depois de um longo processo hoje eu sou a neta favorita.

Fui criada só pela minha mãe. Aos quinze anos de idade, por uma ironia do destino, encontrei com meu pai e tomada por muita magoa, já que minha mãe dizia que ele tinha nos abandonado, eu decidi ir morar com ele nos Estados Unidos. Durantes todo esse tempo ele nem se quer sabia que tinha uma filha.

Já por outro lado, nesse período minha mãe conheceu o Dani, empresário de vários jogadores de futebol e dono do maior coração do mundo. Ele foi uma peça fundamental para que eu aceitasse a reconciliação maternal.

Apesar do perdão, minha escola foi continuar com meu pai. Terminei o ensino médio e cursei a faculdade. Conheci Karim, ele era colega de alojamento do Brian, meu melhor amigo. Namoramos por 8 anos, mas ele não queria ter filhos e nem mesmo casar. Essa escolha pesou muito e levou ao nosso termino. Eu o amava, ainda o amo, mas o amor não é tudo.

E agora estou aqui, pronta para reviver. Começar de novo, a partir da experiência.

6:20 pm

Desço do carro e Dani me informa que minha mãe provavelmente deve estar na cozinha.

Caleb depois de contar várias histórias sobre sua primeira semana na escola, dormiu na cadeirinha.

Organizo as malas em direção a entrada da casa, pego com todo cuidado as flores que comprei para a dona Cris. Assim como ela eu sou apaixonada por qualquer tipo de planta e já percebi que aqui na Berra existem ótimas floriculturas.

— Vou levar suas malas e deixar o Caleb no carro mesmo. Vou até o mercado com ele e até chegar lá ele provavelmente já acordou – Meu padrasto diz com toda paciência do mundo —Um tempo livre para você e a Cris conversarem sobre tudo isso aí. Porque mais tarde os meninos do flamengo estão vindo jantar com a gente.

Hora da surpresa, mamãe. 


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@alexiagmayo 🏡

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curtido por cadualvess, karimleroy, l7nnon, mariclara e outros.

cadualvess: respeita a mais nova gugu carioca

↳ alexiagmayo: tô on 

mariclara: saudades já 

↳ alexiagmayo: te esperando aqui!! 

brianoli: VOLTA AGORA

↳ sim mestre.

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