Neji gostava da forma como as coisas estavam fluindo.
Deitado no colo de Sakura enquanto ela lhe fazia carinho e observava cada centímetro de seu lugar, ele sentia como se sua ferida estivesse finalmente se cauterizando. Lhe aquecia o coração ver aquelas orbes verdes e brilhantes captarem tudo, a forma como a rosada parecia cautelosa e curiosa, o jeito que seu rosto se iluminou quando o Hyuuga contou que gostaria de compartilhar aquela parte tão importante de sua vida.
Cada segundo de sua atenção, cada respirar de Sakura parecia ser destinado a ele e o Hyuuga não sabia se isso o alegrava ou assustava. Sempre fora singular em sua forma, e de repente ter alguém para ver além de seus truques de desvio era de certa forma aterrorizante. Porque ele amava Sakura e ela parecia lhe amar da mesma forma. Ela via através de sua máscara, de seu forte cuidadosamente construído e fazia isso de uma forma tão natural que Neji se sentia óbvio e patético.
Mas apesar de seus temores, a rosada nunca usou suas fragilidades contra ele, nunca sequer tocou no assunto, sempre agiu como se o entendesse e estivesse ali apenas para apoiá-lo sem questionamentos e roteiros, sem cerimônias.
Talvez o entendesse mesmo, de alguma forma. Porque nunca alguém o fizera se sentir tão centrado e conectado, ninguém sequer chegara perto, nem fizera tudo orbitar em seu devido lugar pela primeira vez.
E fazê-lo falar sobre sua mãe? Sem sequer um pedido, fazê-lo querer dizer, abrir seu coração — e era óbvio que o Hyuuga tremeu levemente apenas por pensar no quanto aquilo soou piegas. Sakura fazia tudo estar tão leve e limpo dentro dele que pela primeira ele pôde falar sobre aquilo sem ser asfixiado nem fragmentado, sem estar coberto de suor antes mesmo de pensar em começar; sem apenas virar as costas e se isolar, como tantas vezes fizera com aqueles que eram próximos de si.
Claro que a dor estava ali, mas ela não o sufocava. Quase como se ele estivesse livre, sem a sensação de estar se afogando, falando sobre o que mais do que assombrar, o dilacerava a cada vez que Neji se lembrava.
O Hyuuga sentia-se como se tivesse acabado de soltar um cacto adulto, o qual apertava com toda a força desde que tinha dois anos de idade.
Ele olhou direto nos olhos cor esmeralda e conteve um suspiro de alívio quando viu que estavam limpos, leves, sem nenhum resquício de algo sombrio.
— Eu gosto quando você está assim. — A rosada começou a dizer, beijando-lhe a testa em um gesto casto. Ela tapou-lhe os olhos com uma mão, fazendo o moreno soltar uma risadinha; depois permitiu que a visse, enquanto perguntava:
— Assim como?
— Relaxado, meio aéreo. — Brincou com os fios castanhos distraidamente enquanto as íris prateadas lhe radiografaram. — Você fica parecendo um anjo, sabia?
O Hyuuga riu, sem saber como reagir ao elogio, sentindo-se levemente sem graça com sua sinceridade. Aproximou o rosto de Sakura do seu, inclinando-se para cima, e disse enquanto a beijava timidamente:
— Eu disse desde o início que era um anjo, você não acreditou em mim. Viu? — Riu, selando seus lábios várias vezes, pensando em como amava aquela garota, como parecia que ele nascera para amá-la, como se a história deles estivesse predestinada a acontecer.
Por Deus, estava se tornando um clichê de livros adolescente. Friends to lovers, hein?
Patético. Ele deu outra risadinha, antes de ouví-la dizer:
— Claro que acreditei, disse que você era um anjinho caído, lembra? — Apertou suas bochechas levemente, Neji resmungou um pouco antes que ela terminasse. — Um anjinho caído e esperto; a gente se deixa levar por esse rostinho lindo e quando vê já caiu em todas as maldades.
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Qᴜᴀɴᴅᴏ (Nãᴏ) Cᴏɴᴛʀᴀᴛᴀʀ Uᴍ Nᴀᴍᴏʀᴀᴅᴏ ᴅᴇ Aʟᴜɢᴜᴇʟ, NᴇᴊɪSᴀᴋᴜ
FanfictionSem querer "ficar por baixo" naquele feriado, Sakura acaba rendendo-se ao plano mirabolante da melhor amiga, Hinata Hyuuga, no qual deveria contratar um namorado de aluguel irresistível que pudesse roubar todas as atenções, inclusive a de Sasuke Uch...