Capítulo 45

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Esse é dedicado para a Kamilly, que jura que eu odeio ela e não é verdade! 😂💙

Continue em movimento, ande pra frente e não pare nunca!
(Amanda Rezende)

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2024. Cidade do México/MX
Alfonso.
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Ouço as palavras que Anahi diz e não consigo acreditar. Inferno, eu vou matar esse desgraçado!

Meu corpo está todo tenso e meu maxilar, tensionado com tanta força que não me surpreenderia se descobrisse, mais tarde, que rachei um dente pela pressão. Estou paralisado e aparentemente não sei mais nem como respirar. De grande ajuda Alfonso.

- Como é? - Minha voz soa estrangulada até para mim. Seguro o queixo dela entre meus dedos pra olhar em seus olhos. Any tenta desviar o rosto, mas eu não deixo.

Consigo sentir o dano que as lembranças estão fazendo com ela. A dor está literalmente transbordando pelos olhos e Any solta uma risada abafada, que não aparenta nenhum humor no ato, antes de começar a contar tudo.

- Foi o momento que o inferno que eu mesma me meti, começou - ela dá de ombros, tentando, como sempre, amenizar os acontecimentos e não acredito nem por um segundo que alguma coisa dessa história tenha sido banal nesse nível. - Nada mais era como antes e ele, definitivamente, tirou a máscara de bom moço que usava comigo. Tentei lutar contra, no início, mas depois de Manu, minha prioridade tinha mudado. Tudo que eu precisava, era manter meu filho a salvo - Any desvia rosto e agora eu permito, porque meus braços parecem que viraram geleia de tanto que estão tremendo. Ela olha pra parede, mas parece que não esta realmente vendo nada. - Ele utilizou de todas as armas que tinha. Sempre que eu o confrontava ou ameaçava contar tudo para mídia e pedir divórcio, ele me batia. Depois, me trancava em um quarto por dias, pra eu não ver o Manu. Ele sabia que era a forma de me manter calada e passiva.

"As vezes eu mesma me afastava, porque ele se perdia ou se animava demais e deixava hematomas no meu rosto. Depois de algum tempo eu comecei a acreditar que merecia aquilo, que eu provocava e que ele tinha razão em me punir. Se não queria que nada acontecesse, então eu deveria colaborar. Cada dia que passava, eu me tornava mais e mais o reflexo da mulher que um dia fui, nada como a Anahí que todos conheciam. Eu só sobrevivia. Tentei ao máximo esconder de qualquer um. Eu dizia que era para que Manu nunca presenciasse nada e hoje eu sei que na verdade eu só mentia pra mim mesma. No fim, não sei nem se consegui que Manu não notasse. Ele ainda é um tanto retraído, mesmo depois que consegui colocar ele na terapia."

- Manu é um garoto fantástico, Anahí. Carinhoso, sensível e com um sorriso fácil - Digo tentando fazer ela entender. - Você cuidou dele. Você cuidou de todos nós...

- Eu tentei - ela me olha com um sorrisinho leve nos lábios.

- E conseguiu - digo com sinceridade.

- A gota d'água pra mim, foi quando Velasco me abordou querendo mais um filho - Any estremece pela lembrança do que quer que seja que aquele projeto de gente fez. - Fui enfática ao dizer que não. Me recusei a fazer uma nova inseminação e então ele se sentiu no direito de "tomar providências ele mesmo". Certa vez ele me disse que "eu precisava servir pra alguma coisa". Acho que ele me culpa, até hoje, pelos fracassos dele na política. Ele amava dizer que eu não servia pra nada, mas pelo menos tinha um rostinho bonito pra fotos.

- Any, você quer dizer que aquele filho da puta... - Começo a falar e as palavras ficam presas na garganta, porque é simplesmente inacreditável tudo que Anahi passou. Tudo isso só me faz ter mais respeito pela mulher que eu tenho na minha frente. Por sua força em conseguir dizer basta. E me deixa mais indignado com a minha própria ignorância. Any só concorda levemente com a cabeça e eu acho que vou vomitar. Ódio ferve nas minhas veias e luto pra tirar uma frase coerente. - Eu... isso... Isso é... Eu não tenho palavras!

Apesar De Tudo AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora