37 - Selando Acordos e Raposas

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Do alto daquela montanha, ou do que sobrou dela, ele observa o completo caos que aquela aldeia se tornou. De alguma forma a Kyuubi estava ali, mais furiosa do que nunca, e a kunoichi de cabelos róseos também. Decidiu que interviria se ela precisasse, afinal aquela dimensão ou tempo não era o seu negócio, Madara tinha sua família para proteger e meter-se no problema dos outros, arriscando sua vida, não a ajudaria.

"Sabe porque trouxemos você aqui, Madara?". Ouviu a voz masculina. De onde havia surgido um homem em suas costas sem que nenhum de seus sentidos fossem alertados?

O Uchiha, vestido em sua armadura escarlate, virou-se, rapidamente, ficando de costas para a aldeia em chamas onde rosnava a raposa demônio, tentando explodir os pilares de madeira cujo objetivo eram prendê-la. O homem, vestido em uma armadura negra de samurai, tinha cabelos cinzentos, curtos e encaracolados.

"Nunca ouvi de um jutsu capaz disso. Quem é você?". Madara cruzou os braços, ativando seu sharingan, ameaçadoramente.

"Isso não importa, vim explicar o que acontece por agora. Venha, vamos ver sua alma gêmea lutando. Ela é uma amazona. A preparamos para algo muito maior do que apenas ser sua alma gêmea, mas isso também faz parte do itinerário, então queremos que a observe, aceite-a."

O homem falava em almas gêmeas, coisas maiores do que isso e sobre a vida de um shinobi como se se tratasse apenas de uma preparação para algo que ninguém poderia prever, entretanto eles sabiam. Só poderiam ser Kami.

"Eu desconfiava de que eram coisas suas a Senju ser jogada de tempo em tempo sem controle. O que vocês querem?"

"Já dissemos, apenas queremos ver os dois juntos."

Madara semicerrou os olhos para o outro, seu sharingan desvanecendo para o negro. "Se isto significar o mal dela ou da minha família, não acontecerá". O Uchiha conviveria com saber que nunca teria a mulher desejada, se isso significasse a segurança dela e da família dele.

A raposa estava cada vez mais irada, chegou a soltar-se completamente e voltar a tentar atingir Sakura e os outros ninjas com suas patas e caudas. Madara a viu abrir a boca cheia de dentes afiados e, então o que parecia chakra yin e yang começar a acumular-se, mas ela logo foi atingida por um potente soco de sua garota. "Hmph". Madara expressou um pequeno sorriso, discreto a ponto de apenas curvar o canto de seus lábios. Seu coração se encheu de orgulho dela.

"Ela e o seu clã são os mais beneficiados com a união de vocês dois. Satisfeito, homem egoísta?"

"O amor é sempre egoísta por aqueles que ama". Madara fez uma longa pausa. "Suspeito que eu a amar também seja um pouco sua culpa, não é?"

"É claro que é, você morreria no ódio se não o fizéssemos...". Jashin fez uma pausa, vendo a raposa presa novamente. Sentiu Madara enrijecer ao seu lado. "Não que eu me importe com isso."

Antes que pudesse perceber, o Uchiha o prensava contra uma árvore, segurando-o pelo pescoço. "Não me interessa que divindade você seja, faça qualquer coisa contra ela ou minha família e eu vou atingi-lo!"

Os olhos sangrentos estavam de volta.

"Eu sentiria medo disso... se eu fosse um mortal... Por agora, é melhor você aproveitar. Terá até o anoitecer do outro dia e então volta a ser quem é, e isso vem com toda a dor e ódio profundo que seu futuro eu sente."

Madara arregalou os olhos, mas sem tempo para reagir contra a divindade, pois sentiu no ar o quanto o ambiente esfriou e as coisas ficaram silenciosas. Em conjunto com isso, o acúmulo de chakra denso e raivoso, aumentou cem vezes. Nada bom.

"Você já ouviu falar das bombas biju?". Jashin perguntou, sorrindo em seguida. "Nada bom... Eu acho melhor você ir conferir". O homem apontou, com o indicador, a direção onde a raposa e a garota lutavam junto dos outros ninjas habilidosos.

O shinobi o largou, correndo em direção à borda do penhasco para então poder ver a raposa com uma enorme bomba biju reunida em frente a sua boca e tendo os outros shinobi impedidos de agir para salvar sua Senju de cabelo rosa de se tornar o alvo a ser estilhaçado.

Foi no último momento, quando estava prestes a ser selada Kyuubi atirou a bijudama contra a mulher, que quase flutuava, empoleirada suavemente como uma deusa sobre um pedestal feito de galhos. Quando a bomba viajou em sua direção, ela fez o que pode, criando uma cúpula de madeira, semelhante à que Hashirama utilizava para defender-se de seus jutsus.

Ele não sabia muito sobre bijudamas, mas teve certeza de que aquilo não era tão forte quanto o jutsu de Hashirama, certamente não a protegeria. Por isso, rapidamente ele interveio, saltando na direção para dentro da cúpula junto com ela, antes que a madeira se fechasse, e fazendo surgir ao redor deles o tronco de seu susano'o.

A moça estava com tanta adrenalina agitando sua mente e seu corpo, que ficou totalmente inerte e pasma quando foi segurada nos braços dele. Os olhares de ambos se cruzaram por um momento e então ela se encolheu em seus braços quando o impacto com a bijudama empurrou-os contra a montanha, como se fossem uma bola de sinuca contra a borda mesa.

A mesa, no caso, era a montanha Hokage, que virou poeira com o impacto. Madara não podia imaginar o que pode ter ocorrido com os poucos ninjas que restavam na aldeia, apenas podia apertar mais forte o corpo feminino quente em seus braços. Até ele havia fechado os olhos com o absurdo do impacto arrasador que seu susano'o levou diretamente no peito. Por sorte ele suportou.

O estrondo e a força com que foram impactados, fez com que ela ficasse atordoada, quase sem consciência pelo que pareceram alguns segundos, mas foram horas na verdade. Não conseguia ouvir absolutamente nada, então tomou consciência dos braços firmes que a apertavam protetoramente. Percebeu que estava prensada contra um peitoral firme que subia e descia calmamente. Seu ouvido tocava a pele coberta apenas por uma blusa shinobi leve e podia ouvir o coração bater suavemente também.

"Finalmente você acordou, Flor".

Inflexão (MadaSaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora