Ghost Town

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Oi gente! Tudo bem ?
SURPRESA DE SURTO DE CRIATIVIDADE 🥳
Perdoem o horário, aliás.
Façam uma boa leitura!
Cuidem-se, fiquem bem e contem comigo!
Beijo no coração 💚

 Façam uma boa leitura! Cuidem-se, fiquem bem e contem comigo! Beijo no coração 💚

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Frank Jones pov.

Um sonho.
Foi apenas um sonho ruim.
Sorrio ao encarar as costas largas cobertas por um moletom ao meu lado.
Tento abrir meus olhos, mas desisto sorrindo preguiçosamente e levando minhas mãos diretamente para as costas de Jason.
Estávamos em segurança.
- Você ainda sabe que sou um homem, né ? — pergunta a voz rouca e sonolenta.
Aquilo não era Jason.
Abro meus olhos abruptamente seguindo o choque de informações em meu corpo.
O remédio para dormir que Tim havia me dado cumpriu seu efeito e consegui dormir depois de horas chorando com o desastre cometido.
Tim vira seu corpo e sorri amarelo bocejando logo depois me encara com os olhos sonolentos.
- Bom dia. — diz ele me encarando preocupado.
Tim dormia comigo todos os dias.
Eu tinha tendências a pesadelos terríveis e na maioria das vezes, acordava chorando miseravelmente ou gritando o nome de Jason.
Morto.
As palavras de Damian rondavam minha cabeça todos os dias e consequentemente, a raiva apossava-se de meu corpo.
Jason teve um surto psicótico após ingerir uma droga de origem desconhecida.
Li o relato forense mais de trinta vezes.
E na maioria das vezes, eu acabava chorando até meus olhos incharem e doerem.
Três meses.
Já haviam passado meses desde a última vez em que eu havia tido Jason em meus braços, nos amamos e foi lindo, ainda que a maior dor, era lembrar que nosso último diálogo eu tinha uma arma apontada tentando pará-lo.
Eu não entendia, nada parecia muito certo naquilo tudo.
Jason me amava, ele me tinha e poucas horas depois de acordar, ingeriu a droga e se perdeu.
Perdeu-se de nós.
A maioria de suas roupas agora estufavam meu armário, eu precisava de seu cheiro, pelo menos em minhas poucas horas consciente.
Meus irmãos me ligavam todos os dias, James e Daniel me ligavam várias vezes por dia. Na maioria delas, Tim os atendia e dava notícias a ele.
Meu pai pediu que eu voltasse ao Texas, mas escolhi permanecer, em troca, eu tinha terapia uma vez por semana.
Tim me levava e buscava todos os dias, ele era minha única e preferível companhia.
Me ajudou nos estudos e juntos estávamos quase terminando nosso primeiro ano de ciências aplicadas na faculdade de Gotham, devo isso a Tim.
Eu não havia obtido mais notícias de Dick, mas sabia que ele havia voltado para Califórnia.
Eu estava levando, com o coração morto, mas levando.
Haviam dias em que eu até ria um pouco, e outros que eram apenas deprimentes demais.
- Vamos lá garota, mais um dia. — disse Tim me abraçando.
Era nosso ritual de todas as manhãs, de alguma forma, eu me sentia protegida. Ainda que os monstros me assombrassem dentro de minha cabeça.
Por mais miserável que isso soasse, eu não tinha progresso e dependia de Tim para quase tudo.
- Estamos no zero ? — pergunta ele cauteloso e eu assunto.
Estar no zero significava que eu estava em um dia onde o sol não existia, era uma recaída.
Tim levantou-se e rodeou até meu lado, erguendo-me em seus braços.
Eu odiava a sensação de dependência, mas eu não tinha mais nada a oferecer a meus dias, eu só via morte.
Tim me deixou sentada no pequeno banco que havíamos colocado dentro do boxe de meu chuveiro.
- Estou no quarto, certo ?. — conferiu ele e eu assenti.
Vejo-o fechar a porta deixando-me sozinha com minha própria dor.
Até quando seria só escuridão ?
Será que um dia a dor cessaria ?
Tiro o agasalho de Jason, jogando-o no cesto de roupas e encaro minha nudez através do espelho.
Eu havia perdido peso consideravelmente, ainda que Tim me obrigasse a comer todos os dias. O enjoo sempre vencia e nada perdurava muito tempo em meu organismo.
Eu sentia um vazio, um vazio doloroso que me sufocava e contraia meu peito dolorosamente.
Um banho parecia como farpas atravessando minha pele, nesse chuveiro.
Onde Jason foi o primeiro e único, onde pela primeira vez, eu me senti viva, elétrica e completa. Agora, era só dor e solidão, eu odiava isso.
- Tim ?. — digo baixo e logo vejo a porta se abrir, ele encara meu corpo e suspira baixo.
Eu sei o quão difícil estava sendo pra ele, ele basicamente era o suporte para uma garota quebrada.
Tim vasculha meu corpo meticulosamente e resmunga antes de começar a desabotoar sua calça e tirar seu casaco.
Nós já havíamos nos acostumado com situações assim, eu não suportava ficar sozinha muito tempo.
Encaro a parede quando vejo-o segurar na barra de sua cueca.
Ele adentra o boxe fazendo com a que o vapor sutilmente saia pelo vidro, aquecendo o banheiro por inteiro.
Era inconveniente, eu sabia disso, mas eu estava no chão demais para ter um pouco de bom senso.
Encarávamos o rosto um do outro, evitando percorrer os olhos para qualquer outra parte.
- Obrigada por isso. — digo a ele que sorri.
- Não é um grande esforço me prender em um banheiro com uma mulher nua e molhada. — sorriu brincalhão.
Eu amava Tim.
Ele era a âncora que me puxava longe da depressão muitas vezes. Com os comentários irônicos e as cantadas idiotas, aos poucos, eu me levantava.
Tim colocou seu corpo sobre a ducha quente do chuveiro, molhando os cabelos escuros que levemente caíram sobre seu rosto e deixando suas bochechas coradas.
- Seu banho é sempre irritantemente quente. — resmungou ele e eu sorri.
- Quer tentar encher a banheira ? — perguntei e ele abriu os olhos.
- Não dê ideias, Frank Jones. — respondeu voltando a fechar os olhos e aproveitar da água.
Eu odiava pensar demais.
Fechar os olhos também era uma tortura, como um pesadelo na infância, as imagens sempre voltavam.
- Não faça isso com você mesma. — pede Tim. – Não se faça sofrer mais do que seu próprio corpo pode aguentar.
- Eu não consigo deixar minha mente livre nem por um segundo. — confesso já sentindo as lágrimas em meus olhos.
- Frank. — diz ele e se aproxima sério, colocando as mãos sobre meu rosto. – Você precisa sentir seu sopro de vida retornar e precisamos exorcizar seus demônios.
- Eles parecem nunca querer sair. — encaro-o. – É dor que não para nunca.
Tim fecha os olhos e respira fundo apertando o maxilar.
- Vamos tentar viver um dia de cada vez. — sorriu ele e começou a descer a esponja azul que já fazia parte do arsenal de coisas que Tim tinha em meu quarto, por seu corpo.
- Vamos lá, porquinha...estou quase ficando excitado e quero fugir de você peladona o mais rápido possível. — sorriu tampando os olhos.
- As vezes esqueço que você é um homem, Tim. — sorrio passando minha esponja rosa por meu corpo.
- Estou ofendido. — resmungou ele. – Sabe Frank Jones, vou te dizer algo. — suspirou e sorriu. – Se não fosse tão correto, você estaria deitada nessa banheira gritando enquanto minha língua estaria abrindo caminho dentro dessa sua buceta rosada. — virou se de costas e sinto meus olhos arregalados. – Não é porque eu não te falo, que meu pau não fica duro e eu não reparo todas as vezes que você vira essa bunda pelada pra mim. – Sorri piscando. – Agora volte a lavar esse cabelo imundo, porquinha.
Sinto o nó em minha garganta e vejo a espuma percorrer o corpo molhado e musculoso de Tim. Eu podia cair na tentação, tentar esquecer toda a escuridão em minha mente apenas por um momento, um simples momento, eu poderia ser um pouco egoísta e deixá-lo apagar as coisas ruins.
Não.
Eu não podia.
Desperto de meu transe quando vejo Tim enrolando-se em uma toalha e me encarando para que terminasse meu banho.
Loucura, ele é meu melhor amigo, e eu estou ficando louca.
Balanço minha cabeça e rapidamente me coloco sobre a água, me livrando da espuma em meu corpo e cabelo e das más ideias que poderiam me levar a escolhas cruéis.
Enrolo-me no roupão de corujas dado por Tim e sigo-o de volta para meu quarto.
Um dia, talvez um dia, tudo isso seja apenas uma memória ruim de um conto de fadas sem um final feliz.

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