Capítulo 28

437 25 2
                                    

Molly

    Querido diário, hoje o dia foi perfeito! Na verdade quase todo. Eu acordei cedo, como sempre, e os meus pais não estavam em casa. Ando pela casa os chamando, e vejo que a minha mãe deixou um bilhete na geladeira. "Querida, vamos viajar de última hora. Te amo, mamãe." Ótimo! Eles nunca ficam em casa. Me arrumei e fui para a escola. Minha animação estava zero, mas ninguém precisa saber disso. Cheguei na escola, e lá estava ela, Ariane e um menino ao seu lado completamente estranho. Meu deus! Que roupa era aquela? E quem combina azul e roxo? Eu o avaliei de cima à baixo.
- Oi, Ari! - eu a abracei.
- Oi amiga!! Quanto tempo. Estava com saudades. - aquilo soou falso.
Ela não era assim.
- Molly, esse é o Adam.
- Prazer Adam. - digo, apertando a sua mão.
- Meu namorado...
- E aí, gata. Beleza? - disse ele apertando a minha mão.
Quando ela disse aquilo, eu o encarei com nojo. Quem namora um garoto assim? Todo estranho, e não sabe combinar roupas!
- Ah... - não sabia o que responder. - Bem- vindos!!! Eu preciso colocar esses livros no armário, já volto.
Ela estava completamente diferente. Pelo menos ela tinha estilo, podia ajudar o namorado.
Ela tinha mais bom gosto, antigamente.
Coloquei os livros no meu armário, passei pela secretaria e a diretora me chamou.
- Molly?
- Sim?
- Tem um segundo?
- Claro.
- Bom dia, Molly. Queria te pedir um favor.
- Bom dia, diretora. Pode falar. - sorri.
- Se você pode ajudar as líderes de torcida do turno da tarde.
- Ah, claro! Aquelas crianças fofas! Eu adoraria.
- Obrigado, Molly. Pode começar semana que vem?
- Pode ser.
Sai da sala da diretora e fui me encontrar com a Ariane e novo boy. Passando pela porta, vi que a Claire e o Peter tinham acabado de chegar. Sai correndo para falar com eles, antes que a Ariane perceba. Fui em sua direção saltitando.
- Adivinha quem chegou agora? - digo.
Eles se encaram.
- A Ariane! - digo voltando para a escola.
Parei de saltitar. Não queria ser falsa.
Fui para a aula de química, junto com o Peter.
- E aí, o que acha da nossa antiga amiga e o seu boy? - pergunto à ele.
Peter começa a rir.
- O que eu acho? Sei lá. Ela está diferente. - disse ele.
- Garotos. - revirei os olhos. - Conversar com meninas é melhor.
- Por que? - pergunta ele.
- Porque as meninas iriam falar, "à o cabelo dela está curto demais, suas roupas curtas demais, e o seu namorado estranho demais." - fiz uma voz fina.
Peter começou a rir.
- É, garotos não são assim.
- Claro! Garotos são assim," fala ae cara, você viu o jogo de ontem? E aquele cara foda, ele ganhou a luta!". Algo assim. - digo com uma voz grossa.
Sorrimos.
O sinal bateu e saímos da sala. Fomos ao refeitório. Peguei a minha comida e sentamos em uma mesa vazia.
- Oi amigos! - disse a Ariane atrás de mim.
Tentei sorri para ela.
- Podemos nos sentar? - pergunta ela.
- Claro.- digo olhando para o Peter e fazendo uma careta.
Ele começou a rir baixinho.
- Como foi a aula? Sentiu saudades daqui? - pergunto.
- Ah, achamos chata. Realmente, não sentia muitas saudades daqui. Só de vocês mesmo. - disse ela.
Eu parei de comer no momento em que ela disse "achamos chata". Meu deus! Não acredito que ela está falando em terceira pessoa. Isso é muito chato. Nem eu, que sou considerada a patricinha, falo assim.
Deixei esse pensamento de lado quando vi a Claire e o Matt entrando no refeitório. Sentei na mesa, nervosa. Ele voltou. Encarei o Peter e ele me encarou.
- Molly... - Peter segurou a minha mão.
- Eu não sabia.. Que ele voltaria hoje. - engoli em seco.
Eles chegaram. Claire sentou ao lado do Peter, e o Matt, ao meu lado. Fiquei mexendo com um garfo na minha comida, fingindo concordar com o que a Ariane estava falando.
- Molly? - Matt começou a falar.
Isso era o que eu temia.
- Alguém escutou alguma coisa? - pergunto em direção da Ariane, evitando o olhar do Matt.
- Molly? - disse ele mais uma vez.
- Eu não estou escutando nada, e vocês?
Ele bateu com força na mesa, ao meu lado e saiu. Fiquei paralisada. Não conseguia nem piscar. Não sabia o que falar. Todos olhavam para mim. Depois ele voltou com um buquê enorme de flores. Eu não iria aguentar isso. Empurrei a minha bandeja e levantei, saindo do refeitório.
- Molly, espera. - disse ele parando na minha frente.
Meus olhos já estavam cheios de lágrimas.
Ele me convidou para ir ao baile. Comecei a chorar e disse sim. Foi tão fofo. Essa foi a parte perfeita do meu dia, apenas isso.
Todos aplaudiram e gritaram. Seguro a sua mão e saímos de lá.
- Posso colocar as flores no carro?
- Claro.
Eu estava tao nervosa que queria vomitar.
- Obrigado, Matt. - agradeço.
- Não precisa agradecer. Fiz isso porque eu te amo.
Aquilo me paralisou de vez. Comecei a chorar igual a uma criança.
- Ei. Não chore. - ele me abraçou.
- Desculpe. Momento de fraqueza. - sorri.
Coloquei as flores no carro e o abracei.
- Desculpe, Matt.
Seu perfume era tão bom.
- Não quero que se desculpe.
- Eu devia ter ido lhe visitar no hospital...
- Molly, você está aqui, agora. Isso é o que importa.
Sorri. Nunca me senti tão feliz. O abracei forte. Matt tentou me beijar, mas me afastei.
- Pode passar lá em casa mais tarde? - pergunto.
- Claro. - disse ele.
- Ok, então até mais tarde.
Nossa, eu me lembro do nosso primeiro encontro perfeitamente. Foi por acaso, na verdade. Eu estava indo para o parque que ficava ao leste da nossa cidade. Não tinha nada para fazer em casa, e meus pais tinham viajado. A Ariane estava em Los Angeles, e a Claire estava triste pela avó. Peguei o meu carro e fui sozinha. Gostava de ficar olhando o mar, precisava pensar um pouco. Coloquei uma roupa simples, uma calça jeans, uma blusa branca, um cachecol, um sobretudo preto e botas com saltos. Peguei uma bolsa qualquer no meu armário e passei o meu perfume favorito. Deixei o meu cabelo solto. O mais confortável possível. Sai de casa e entrei no carro. Ninguém sentiria a minha falta se eu chegasse tarde.
Peguei a estrada. Abri a janela para sentir o cheiro da maresia. Em um pequeno trecho da estrada tem um lugar para estacionar os carros, para poder apreciar o pôr do sol. Estacionei em uma vaga e sai do carro. Sentei na frente do carro, e fiquei ali, por vários minutos. Estava bastante frio. Fechei o sobretudo. Quando eu percebi estava chorando. Sorri. Porque eu estava chorando, não sei, podia ser por tudo ou por nada. Eu conseguia ver o parque. Ele era tão lindo, aquelas luzes brilhando ao fundo. Entrei no carro. Tentei ligar o carro, mas ele não pegou. "Ótimo", pensei. Sai do carro e bati a porta com força. Fui andando mesmo.
Estava ficando frio, minhas mãos estavam geladas. Percebo que um carro está andando devagar ao meu lado. Ele buzina.
- Molly, certo?
Continuei andando.
- Molly? Acho que está frio, não? Quer uma carona?
- Eu estou indo para o parque. - aponto para o parque.
- Eu também. - disse o menino gato, que estava no carro. - Entra aí.
Ele parou na minha frente. Hesitei por um segundo, mas acabei entrando.
- Boa noite. - ele sorriu para mim.
Meu deus, como ele era gato! Sorri.
- Boa noite. - digo. - O meu carro...
- Eu sei. Enguiçou, né?
- Sim. - sorri.
- E o que traz uma menina linda sair sozinha? - me pergunta ele.
Sorri.
- Às vezes é bom sair sozinha. Esfriar a cabeça.
- Concordo plenamente. - disse ele.
- Nós nos conhecemos? - pergunto sem ser rude.
- Bom, eu te conheço. - ele sorriu. - Conheço a sua amiga. Claire. Ela fala muito de você.
- Sério? - sorri.
- Sim. - ele sorriu.

A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora