Juliana entrou em casa num sábado de tarde para encontrar Valentina sentada no sofá, com Aurora em seu colo. A garotinha de quase oito meses estava sentadinha, e com as mãos ansiosas no rosto de Valentina. Ela tateava com a curiosidade de quem precisava explorar o mundo inteiro. Apesar da pele cor de jambo e dos cabelos cacheados, os olhos azuis dela eram iguais aos de Valentina.
— Olha quem chegou, filha. — Valentina anunciou ao ver Juliana jogar a mochila em qualquer canto. Aurora, parecendo entender do que se tratava, se empoleirou de felicidade no colo dela. — A mamãe chegou, olha.
Quando Juliana sentou ao lado de Valentina no sofá confortável, Aurora pareceu perceber sua presença e se iluminou em um sorriso. Balbuciando coisas sem sentido, mas com uma evidente animação que se expunha no sorriso que era pura gengiva.
— Oi porrinha. — Juliana disse, puxando a menina para o seu colo. — Você parece feliz em me ver. Ou só fez cocô e sua mãe não quer te limpar?
A menininha balbuciou. Sorridente e se balançando.
Juliana poderia jurar que conhecia poucas felicidades tão boas quanto Aurora lhe olhando daquele jeito, com a felicidade explicita, como se soubesse exatamente quem ela era. Ao lado da morena, Valentina riu e depositou um beijinho no rosto dela. A felicidade era tão evidente que parecia ondular de uma para a outra, como se estivesse correndo pelo ar.
— Oi pra você também.
Juliana ergueu Aurora para cheirar a fralda. Não havia sinal de cocô. Elas pareciam estar seguras por enquanto.
— Oi meu amor. Sentiu minha falta?
— Talvez.
Aurora se agarrou nos cabelos negros de Juliana.
Balbuciando incoerências, mas parecia ter certeza do que estava falando, era quase como se estivesse argumentando com Juliana. A morena, por sua vez, se rendeu à pequena, e encheu—a de beijinhos, arrancando a deliciosa gargalhada que ela tinha.
— Quer que eu leve ela pro banho comigo enquanto você faz o almoço? — A morena perguntou para Valentina enquanto Aurora se ocupava em tentar morder seu queixo, sem efetivamente ter como morder. Ou seja, estava apenas lhe deixando toda babada. — Ou você pode ir tomar banho com a gente... Eu gosto dessa ideia.
Valentina piscou demoradamente e sorriu para Juliana.
— Você só quer me ver pelada.
A morena pareceu presunçosa ao responder:
— Eu casei com você especificamente por esse motivo. Achei que estivesse óbvio já.
Valentina gargalhou de jogar a cabeça para trás.
E então ficou de pé, estendendo a mão para Juliana.
Depois de um banho demorado, Juliana estava brincando com Aurora no sofá enquanto Valentina cozinhava o macarrão. Elas precisaram ajustar quem cuidava do quê, pois a pequenina começou a reclamar de fome. Juliana tomou conta do macarrão enquanto Valentina amamentava a criaturinha.
Horas depois do almoço a morena mantinha a filha no colo, cantarolando para ela, enquanto Valentina demorava a decidir o que elas poderiam assistir. Era só mais um sábado comum. Daqueles que não dá vontade de terminar nunca. Daqueles com gosto de casa.
Em dado momento, Valentina encarou Juliana, sentindo o peito preenchido de felicidade. A nítida animação nos olhos azulados de sua filha, enquanto ela observava Juliana falar, fez Valentina sentir o corpo aquecer de emoção. Era sempre assim.
Juliana tinha um dom natural com crianças.
Mas com Aurora era sensacional; era quase como se ela houvesse sido feita para viver aquele momento. As duas foram. Elas tinham, realmente, uma conexão. Tinham momentos em que Valentina tinha certeza de que Aurora realmente entendia o que Juliana estava falando — mesmo que a morena estivesse falando os maiores absurdos.
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Pra Nos Refazer | Juliantina | SHORTFIC
RomanceA última coisa que Juliana esperava ao chegar em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho, era encontrar Valentina encolhida ao lado da sua porta. Sorte a delas, que não houve hesitação na troca de abraços, carinho e conforto. E então, a partir...