CAPÍTULO 07
A paisagem era linda: o dia raiava no horizonte, belas e frondosas árvores verdes refletiam a luz avermelhada do sol que nascia naquela manhã morna de domingo, no mês de agosto. Flores salpicadas entre um ponto e outro, infinitas montanhas e um belo lago que as cortava logo abaixo. Um cenário digno de Hollywood, não fosse pela recente carnificina da qual fora palco.
Ethan acordou e deu de cara com essa bela paisagem. Levou alguns segundos para recobrar a consciência. Por um momento, ficou sem entender onde estava e o motivo de ter dormido ao relento. Lembrou-se de Joe e do bar na noite passada:
— Merda. Será que bebi demais? Maldito Joe, nem para me deixar em casa. — Sua vista ainda um pouco embaçada pelo clarão que vinha surgindo e a cabeça girando absurdamente. Sentia-se em uma montanha-russa invertida. Apoiou o braço esquerdo no chão e impulsionou o corpo para se sentar. Viu o celular e o pegou com pressa, com medo de ter perdido a hora do trabalho, mas era apenas 6h25 da manhã ainda.
— Ah, isso! Graças a Deus! Vai dar tempo, só preciso tomar um banho e... — sua cabeça girou demais e uma ânsia absurda tomou seu estômago, fazendo-o vomitar. Após limpar a boca com o braço direito, Ethan finalmente olhou para o lado e se deparou com o seu pior pesadelo:
— SANTO CRISTO! — Ao ver a cena, Ethan começou a tentar entender o que estava acontecendo. Percebeu que não conseguia se lembrar de absolutamente nada além de alguns flashes da conversa com Joe no bar. — Deus, não! O que foi que aconteceu? Não, não não...
Ele começou a ficar desesperado por não fazer ideia do que estava fazendo ali. Havia uma mulher morta, com uma mochila branca ao lado dela, enquanto Ethan tinha um machado ao seu lado. Quando viu o machado, se deu conta da situação em que se encontrava.
— Não! Não fui eu, eu sei que não fui eu! Não pode ter sido! Como eu faria... Como seria capaz... — A agonia começou a tomar conta e, em uma reação instintiva, Ethan pegou o machado e o arremessou desfiladeiro abaixo, mas logo em seguida se arrependeu, retomando o controle e recobrando o juízo:
— Meu Deus! O que estou fazendo? Não fui eu! Não preciso ter medo! Não preciso entrar em pânico! Preciso ligar para Gnatsum, isso sim! Ele vai saber como resolver isso!
Já passava das 6h30 quando Ethan ligou para o Sargento que, para sua surpresa, atendeu no primeiro toque:
— Sargento Gnatsum falando. Pois não, Ethan?
— Sargento, o senhor não vai acreditar! Eu tô num lugar esquisito e... — de repente, uma estranha intuição tomou conta de Ethan.
— E... ? — Indagou Gnatsum, após um breve silêncio do subordinado.
— Sargento, como o senhor sabia que era eu quem estava ligando? E por que atendeu tão rápido?
— Oras bolas, Ethan! Eu tenho seu número, rapaz! E atendi rápido porque o celular estava aqui na minha mesa, na minha frente, e ouvi no instante em que ele tocou. Já estou na delegacia. Não consegui dormir, então decidi vir mais cedo hoje. E qual é o problema de atender rápido ao celular? Se preferir esperar, posso deixar chamando até cair. Prefere ficar aguardando na linha?
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Rastro Abissal
Mystery / ThrillerEm New Empty, uma pacata cidade no interior dos Estados Unidos, a paz e a calmaria que sempre foram características marcantes na região são colocadas em cheque quando uma série de assassinatos semelhantemente brutais começa a acontecer. A sequência...