𝓪𝓫𝓻𝓲𝓷𝓭𝓸 𝓸𝓼 𝓸𝓵𝓱𝓸𝓼

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Sentia seus olhos pesados. O cansaço batendo a porta perdurando por extensos minutos, assim como sua dor nas costas que não parecia querer dar trégua.

No entanto, o que mais pesava não era seu estado físico, e sim a mente.

Tudo o que sempre sonhou se tornou realidade: se tornou Hokage, conquistou amigos, virou um ninja extremamente habilidoso e poderosos, teve auxílio de pessoas incríveis, e o mais importante, tem sua própria família.

Infelizmente, este último tópico vem sendo seu motivo principal para que sua cabeça latejar. Jamais no sentindo ruim, contudo, seu interior se remexia com o questionamento de Shikamaru, horas atrás.

"Seja sincero, Naruto, quando foi a última vez que passou um tempo com sua família?"

Aquilo doeu mais que qualquer golpe que pudesse receber de um inimigo. Tanto que cambaleou ao ouvir tal pergunta do antigo amigo.

Nem Nagato, ou Madara, ou Zabuza, ou algum outro combatente que lutou contra si causou tanto rebuliço do que escutar tais palavras.

Um bolo surgiu e ficou preso em sua garganta. A sensação de estar fazendo algo errado se apossou completamente em seu íntimo. Quis chorar, como há muito não fazia, porque o simples pensar de estar deixando sua preciosa família de lado aos poucos, feria todo o seu ser.

Fala sério, era considerado um herói do mundo shinobi por conta da Grande Guerra Ninja, foi prodígio de um dos três sennins lendários e é filho do Quarto Hokage.

Ainda assim, uma simples pergunta foi capaz de o desestabilizar por completo.

Como era idiota.

Poderia estar perdendo eles aos poucos, a confiança, o carinho, o amor…

Por Kami, o que seria dele sem o amor de Hinata? A quem sempre esteve ao seu lado mesmo sem perceber? Pois, enquanto todos o odiavam por ser receptáculo da raposa, sua hime sempre esteve à espreita o observando, admirando a distância e dando forças quando menos esperava.

E seus filhos? A pequena e meiga Himawari, que adorava sua companhia – mesmo esta sendo rara – tão parecida com a mãe. Seu girassol que dava o contraste de seu imenso jardim.

E então, havia Boruto. Que mesmo sendo aparentemente rebelde, só naquele momento percebeu o quanto seu garoto era sua cópia. As ações, a necessidade de chamar a atenção para ser…notado pelo pai. O modo de agir que o irritava dos pés a cabeça mas dava uma enorme nostalgia.

Não, isso não poderia escapar pelos seus dedos, nunca. Sua família era a verdadeira razão do seu viver, seu estilo de vida. Eram eles que o davam força para ser o melhor líder que essa aldeia poderia ter.

Só que…não adiantava nada ser um exímio líder quando sua prole e esposa…mal o viam em casa.

Isso iria mudar, naquele instante.

Olhou para o relógio que pousava sob a mesa. Ainda eram sete e meia da noite, todos naquele horário ainda estavam acordados. Rapidamente se levantou da cadeira, ignorando completamente a tontura que atingiu sua cabeça, indo em direção ao único lugar no mundo que lhe trazia paz.

Vestiu-se rapidamente com sua capa, saindo rapidamente do escritório, deixando claro a todos que estava indo para casa, despedindo-se.

Ansiava, a cada passo, chegar logo.

Deixou qualquer parada para depois, seguiu a passos ligeiros pelo caminho que sabia de cor.

Quando finalmente chegou, suas mãos soavam frio. Seus pés pararam bem na porta, como se nunca houvesse passado pela porta.

Entrelinhas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora