Paper Hearts - ZhanYi.

Capítulo 1

 O céu está completamente azul naquela manhã, não há muitas nuvens e o dia parece minuciosamente perfeito, seus pés passam pela grama fofa e pelas mesas colocadas sobre a mesma, a um enorme anel de flores de frente para um altar improvisado e uma fileira de bancos, seus olhos caem sobre os detalhes ordenados que há em cada lugar, um campo aberto afastado da cidade e com poucas pessoas, tudo parece perfeito demais, sua atenção se volta para a lateral do altar, ele pode ver Yilong sorrindo alegremente para Zanjin e Yizhou que estão ao seu lado, um suspiro sai do seus lábios enquanto se senta no último banco da fileira, esperando que a cerimônia comece e possa ir embora depois de tomar uma ou duas taças de vinho, o assento ao seu lado é ocupado por um rapaz maior que si vestindo um terno escuro, seus cabelos estão penteados para cima deixando seu rosto a mostra, ele o examina antes de voltar sua atenção para frente ao ouvir a marcha nupcial, não demora muito para que Bai Yu esteja atravessando o anel florido com um enorme sorriso em seu rosto. A festa começa depois de uma longa salva de palmas e a parabenização ao noivos, ele escapa por entre as pessoas e se esconde perto da mesa de bebidas, bebendo incansavelmente várias taças de vinho enquanto vê Yilong e Bai Yu dançando ao longe, uma leve tristeza ocupando sua face mas sumindo rapidamente assim que eles se aproximam, a um leve praguejar em seus pensamentos por ter sido visto mas ele não expressa isso em voz alta.

— Yibo — Yilong fala animadamente — Eu não o vi durante a cerimônia.

— Eu estive sentado no fundo, parabéns amigo — sorri — O casamento está lindo.

— Obrigada por vir, estou feliz que esteja aqui — o abraça.

Yibo corresponde ao abraço se limitando a dar leve batidinhas nas costa de Yilong, Bai Yu é o próximo a abraçá-lo agradecendo-lhe por ter conseguido vir, a uma conversa amena entre eles até que finalmente o mais novo esteja sozinho, bebendo novamente parando apenas quando se sente tonto e meramente bêbado, cansado de estar ali caminha para saída, tropeçando durante o caminho e rindo consigo mesmo (ele definitivamente está bêbado), estava se sentindo tão patético estando ali vendo o cara que amou deste de ensino médio se casando, resmungando várias e várias vezes que era um tolo completamente idiota por estar apaixonada daquela forma tão vergonhosa por seu melhor amigo, suas queixas seguem até seu caminho para garagem, que é quando finalmente desaba e deixa que suas lágrimas desçam por sua face, ninguém pode vê-lo ali e ele pode ser lamentável sem alguém para incomoda-lo.

— Você é um grande idiota Yilong — resmunga — E eu sou mais idiota ainda por estar apaixonado por você, durante doze anos quando nunca sequer olhou pra mim — um soluço escapa do seus lábios.

Seus passos parecem cada vez mais pesados e não demora muito para que manter o equilíbrio se torne difícil, está prestar a chegar ao seu carro quando tropeça e sente seu corpo se inclinar de um modo que não possa manter-se em pé, ele sente que irá cair e se tornar ainda mais lamentável do que já está, quando braços fortes o seguram pela cintura o puxando para cima, Yibo franze seu cenho ao ver o rapaz que sentou ao seu lado durante a cerimônia, mesmo sua visão estando borrada pelas lágrimas e pelo álcool ele ainda consegue ver que aquele rapaz é realmente bonito, e talvez mais velho.

— Você está bem? — a voz aveludada pergunta — Não está pensando em dirigir nesse estado, está?

O moreno tenta recuperar um pouco de sua sanidade firmando-se da melhor maneira que pode sobre seus pés, para poder encarar e responder o homem à sua frente, sem parecer um completo idiota.

— Oh, não — diz — Eu apenas quero pegar minha carteira e pedir um táxi.

— Certo, mas você está bem? — o homem ainda tem suas mãos estendidas para frente, apenas para garantir que ele não vá cair.

— Sim, sim — ri deixando que algumas lágrimas escaparem novamente — Estou bem, apenas com um coração partido, porque exatamente eu não estarei bem senhor? — obviamente ele diz aquilo sem pensar, em posse de seu juízo não diria algo como aquilo.

Não há uma resposta vindo e ele decide apenas parar de se humilhar daquela forma e ir embora, antes que mais alguém da festa apareça e o veja naquele estado, bem lá no fundo seu maior medo era que Yilong aparecesse ali.

— Espere, me deixe ajudá-lo.

O homem se coloca ao seu lado e o segura pelo braço, rapidamente chegam ao seu carro e pega sua carteira para que ele possa ir embora, Yibo quer se inclinar para agradecer mas sente seu estômago rodar, tudo que ele menos precisa é colocar seu estômago para fora, mas ele evita tentando esquecer aquela sensação crescendo em sua barriga.

— Eu chamarei um táxi para você e cuidarei do seu carro — o homem diz enquanto mexe em seu celular.

— Desculpe-me, sei que deve estar fazendo isso por ser gentil — fala cobrindo sua boca — Mas eu estou bêbado e vou falar o que eu quiser, é meio suspeito que um homem tão bonito e elegante esteja me ajudando, tipo qualquer um pensaria que você quer me sequestrar ou me seduzir. Sabe, tudo bem, você é um tremendo de um gostoso e eu sou claramente gay, mas simplesmente não rola, estou com meu coração partido e bêbado porém se quiser me ligar quando eu estiver dentro de meu juízo.

Yibo se aproxima e empurra seu cartão de visitas para o bolso do homem, que apenas o olha erguendo suas sobrancelhas, uma risada presa em seus lábios antes de empurrá-lo para o táxi que havia acabado de chegar.

— Ele está bêbado, e eu não sei o endereço — fala ao motorista — Então deixe ele nesse hotel — entrega um pedaço de papel com o endereço — O quarto já está pago, haverá um rapaz o esperando na frente e aqui está o dinheiro pela corrida — se vira para Yibo — Quando estiver sóbrio eu o procurarei, até senhor Wang.

O mais novo riu puxando o rosto do homem para perto, roubando um beijo, um sorriso brilhante quando se afasta e um " você é mesmo um bonitão " antes do carro partir. Mesmo depois do carro sumir, o homem permanece ali parado com a mão sobre seus lábios.

— Xiao — Zuocheng o chama — O que está fazendo? Venha, os noivos vão fazer um brinde.

— Sim, estou indo — fala, seus olhos ainda perdidos na direção que o táxi havia sumido.

Um sorriso subindo aos seus lábios antes de seguir Zhuocheng em direção a festa.