PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gay

CAPÍTULO 33

Com a mente ainda em choque,  depois das revelações feitas pelo irmão, Jeremias já não sabia em quê ou em quem acreditar!

Sua mãe então mentira pra ele? O padre Antônio, seu padrinho, também mentira pra ele?

Inicialmente pensou em ir procurar Lincon primeiramente, mas não tinha condições de tomar qualquer atitude naquele momento, pois não tinha certeza de nada!

Reconheceu que a probabilidade de Felipe estar mentindo existia, claro! O irmão já deixara claro que não gostava dele e talvez só quisesse enlouquecê-lo de vez! Seria uma vingança à altura do mal que o irmão mais velho acreditava que o irmão caçula fizera com ele!

Mais do que nunca, Jeremias sabia que precisava olhar nos olhos de Lincon a fim de encontrar respostas...precisava sentir a masculinidade dele...respirar o ar que ele respirava...sentir a presença daquele  homem que lhe deixara marcado para sempre!

O seminarista assustou-se quando chegou em casa e viu que várias pessoas estavam em frente da casa.

_Por que todas estas pessoas estão paradas aqui em frente de casa?_Jeremias quis saber.

Felipe olhou para ele impaciente:

_Tenho certeza de que você pode adivinhar, santo!

Não...ele não queria adivinhar...ou melhor, ele tinha medo de adivinhar o que logo lhe pareceu óbvio demais!

_O nosso santo chegou para fazer mais um milagre, minha gente!_gritou alguém do meio da multidão assim que viu Jeremias descendo do carro.

Foi difícil passar por todas aquelas pessoas que gritavam frases  absurdas em tom aflitivo...desesperado:

_Cure o meu filho que está com câncer, meu santo!

_Estou há três anos desempregado...me ajude! Basta me dar uma bênção!

_Salve o meu marido da bebida!

_Minha avó caiu e não consegue andar! Moramos aqui perto...pode ir lá vê-la? 

_Meu cachorro está desaparecido há duas semanas, Jeremias...me ajude a encontrá-lo!

Felipe deliberadamente assistia de camarote o irmão caçula ser tragado pelas pessoas fanáticas que o cercavam.

O seminarista baixou a cabeça e tentou abrir passagem pela multidão que se espremia gritando o nome dele, tocavam  em suas roupas,  tentavam entregar-lhe mensagens, tentavam beijar-lhe a mão...

Mais uma vez, Jeremias percebeu que deixara aquilo chegar longe demais!

_Afastem-se dele, seus abusados! Já falei para voltarem pra suas casas e irem fazer penitência e ler a Bíblia!_padre Antônio ordenou com autoridade abrindo caminho pela multidão.

Jeremias sabia que se fosse em outros tempos, ele teria agradecido o religioso por salvá-lo da multidão, mas a dúvida de qual papel o padre desempenhava em toda aquela farsa o fez apenas encarar o padre com desconfiança.

Padre Antônio percebeu logo que algo havia mudado em seu afilhado...O olhar submisso e respeitoso não estava mais ali!

_Não chamei ninguém aqui, filho...pode ter certeza..._disse interpretando erroneamente a expressão do afilhado._Esta gente carente de Deus quer transferir para você o peso da falta de fé delas!

_Não tenho mais certeza de nada nesta vida, padre._respondeu Jeremias esquivando-se do braço protetor que o padre havia lhe colocado sobre os ombros.

A avó o esperava na porta do quarto de Maria das Dores.