Passavam das dez da manhã quando Êura, a boleira, retornou para sua casa refletindo sobre as informações que a jovem Esgar lhe trouxera sobre o Bruxo. Preparou duas das suas melhores especiarias: sua torta de tâmaras e seu bolo de nozes. Colocou-os no fogo, e preparou-se pro banho.
Olhou o seu corpo no espelho, um pouco preocupada. Era uma mulher de quarenta e cinco anos. Não podia competir com a beleza de Selga, a quem o bruxo declarara amor em praça pública, tampouco com a juventude da bela Esgar, loirinha feito uma flor que desabrochava... mas tinha alguns dotes que elas não tinham.
Selga, a esposa do sacerdote, estava sendo bastante vigiada pelo marido, principalmente após a pública declaração de amor do bruxo, que a fizeram ser flagrada, suspirando pelos cantos da casa.
Enciumado e preocupado, seu marido lhe comprara vestidos novos e a cobrira de presentes, como pedido de desculpa, por ter-lhe batido na praça. Mesmo quando se ausentava, o sacerdote deixava determinações aos empregados da casa para vigiarem os passos da esposa e não a deixarem sair de casa só.
A boleira sabia que Selga jamais amara o sacerdote. Seu casamento se deu por um pagamento de dívidas... Mas o sacerdote, além de amar, morria de ciúmes de Selga por saber que ela jamais o amara.
Por ser mais vivida e experiente, entre as três, Êura percebia que a jovem Esgar, embora não admitisse, também começava a se trair, demonstrando através da negação constante, que também estava balançada pelo Bruxo, que já era assunto dos temores e precauções de toda a aldeia, desde que chegara no seu vilarejo, mas mostrou um lado desconhecido e cativante quanto declarou-se publicamente para a esposa do sacerdote.
Por sua vez, a boleira Êura estava viúva há oito meses. Pensara nas suas opções para um novo casamento com os viúvos daquela aldeia, mas os poucos candidatos dali não a apeteciam. Porém quando viu o Bruxo se declarando para sua amiga Selga, desejou que fosse para ela aquela declaração de amor.
Nos vinte anos em que convivera com seu esposo, incluindo os dois últimos que cuidara dele, do início da doença até a sua morte, ela se contentara com uma vida monótona e sem romantismo, afinal, seu esposo era um bom homem. Comum! Mas bom companheiro.
A jovem Esgar repetira várias vezes que o Bruxo Romântico, não queria "mulher verde". Isso lhe dava uma vantagem! Esgar era uma mulher jovem e muito linda. Não teria chance alguma de competir com alguém assim... e Selga, a mulher do sacerdote, não estava disponível. Tava na hora do Bruxo, assustador e romântico, conhecer os seus dotes culinários... e quem sabe, também, os seus dotes femininos!
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OS FILHOS DO AMOR - A História dos Anjos Rebeldes
Ficción históricaEssa história se passa na Babilônia nos tempos do Antigo Egito, quando os homens viviam mais, relembrando-nos a HISTÓRIA DE MELQUISEDEQUE - O rei de Salém. O texto sagrado nos conta que Enoque era Amigo de Deus e caminhava com Ele. Abraão se tornou...