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Uma frieza percorreu seu corpo. Foi mais do que isso. Vazio. Ela não sentiu nada. Nem mesmo pavor.

A nuvem negra de Dementadores parecia sufocante. O cabelo branco de Bellatrix brilhava contra ele. Seus olhos estavam arregalados. Hermione deveria estar com medo. Ela deveria se mover e lutar. Fazer alguma coisa. Mas ela não conseguiu.

Tudo parecia entorpecido. Nem mesmo a cicatriz dela estava mais queimando. Quieto. Estava tudo tão quieto. Certamente houve ruídos. Gritos. Explosões de feitiços. Ela não ouviu nada, exceto os batimentos cardíacos, tamborilando alto em seus ouvidos. O mundo ao seu redor parecia ter desacelerado. Ela viu Bellatrix levantar sua varinha enquanto Draco corria em sua direção, olhos prateados arregalados de terror.

Ele gritou alguma coisa, mas ela não conseguiu ouvir enquanto os Dementadores se aproximavam cada vez mais. Como uma frente de tempestade. Longos dedos de sombras se estenderam em sua direção, incitando-a a se aproximar.

Então, o céu explodiu com uma luz azul pálida. Um dragão atravessou a nuvem de escuridão, abrindo bem as asas. O Patrono de Draco. Ele destruiu vários Dementadores antes de pousar bem na frente de Hermione, cravando suas garras na terra e abrindo as asas.

Ela sentiu o poder de seu Patrono – como fogo e gelo. Queimava de frio; resplandeceu com a escuridão. Sua magia parecia tão afiada que era como se pudesse cortar o ar.

As escamas no peito do dragão brilhavam em diferentes tons de azul e cinza que a lembravam dos olhos de Draco.

Draco estava lançando feitiços nos Dementadores no meio da corrida, ainda caminhando em direção a ela. O dragão afastou alguns dos Dementadores o suficiente para que o entorpecimento nela começasse a desaparecer. Ainda parecia que ela estava debaixo d'água, como se o mundo ao seu redor não fosse real. Mas ela começou a sentir alguma sensação de normalidade retornar.

Naquele momento, seu braço pareceu explodir de dor. Ela gritou e quase caiu de joelhos. Dementadores choveram novamente, tentando atacá-la de diferentes ângulos.

O dragão à sua frente rugiu e cuspiu chamas de luz branca. Hermione teve que proteger os olhos disso. Quando ela piscou novamente, o dragão e os Dementadores haviam desaparecido. Draco estava agora na frente dela, a varinha apontada para sua tia.

— É hora de voltar para casa agora, Draco — Bellatrix persuadiu. — Você não precisa mais ser o cachorrinho do Ministério.

Pela primeira vez, Hermione olhou em volta. Os convidados da festa estavam lutando contra Dementadores. Seus próprios patronos lutando contra as criaturas em forma de coroa. Gritos misturados com o som de feitiços voando pelo ar.

— Estou exatamente onde preciso estar — Draco respondeu com uma voz tão calma que era assustadora.

Seu corpo bloqueou o dela completamente. Saindo de seu transe, a dor aguda em seu braço ainda implacável, Hermione pegou sua varinha.

— Seu pai ficaria desapontado com você — Bellatrix disse com um suspiro. Seus lábios eram vermelhos como fogo contra a pele pálida.

— Ainda bem que há muito tempo parei de me importar com o que meu pai pensa de mim.

A maneira como Draco estava - pés afastados, costas rígidas, ombros para trás e o braço apontando a varinha tão decididamente para ela - estava claro que ele não subestimou Bellatrix.

— Você disse que ela tinha algo seu. — Sua voz era uniforme. Frio. — O que é?

Ela riu. — O Ministério está fazendo você bancar o guarda-costas de uma sangue-ruim agora?

Ele estava quieto.

— Você é um Malfoy — ela disse. — Não é um garoto de recados do Ministério.

Damaged Goods | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora