Por Sophie Potter
Tenho 22 anos, sou uma mulher jovem e agradável, já sou formada e tenho uma carreira promissora como medibruxa, e, no entanto, sinto-me incrivelmente só, como se estivesse caindo na mais profunda melancolia.
Tenho amigos, amigos verdadeiros, pessoas que me admiram e respeitam, tenho muito se comparado a outros, mas nada me livra da solidão, da depressão. A quantos anos não olho para mim mesma, para meu interior?
Estou deitada em minha cama, meus braços abraçam meus joelhos, pareço uma criança, perdida em uma cama enorme. No começo, não identifiquei o porque de minha vista estar embaçada, mas quando as lágrimas começaram a cair, soltei um arquejo impressionado e desesperado. A quanto tempo não chorava? Desde a derrota de Voldemort? Desde que descobrira que comensais haviam assassinado meus pais? Desde que Rony e Luna começaram a namorar?
"Por Merlin, não consigo lembrar a ultima vez que me permiti chorar, que me permiti sentir"
As lágrimas caiam em abundância, meus soluços eram agoniados, desesperados. Não me permitia sentir nada desde meus 18 anos. Sofrera tantos golpes nesse ano que criara uma barreira em meu coração, uma barreira que deveria me ajudar a afastar a tristeza. Uma barreira que me deveria impedir de sentir o que estava sentindo agora.
Abracei ainda mais apertado meus joelhos. Seria uma figura lastimável se alguém aparecesse. Mas quem viria? Somente três pessoas podiam aparatar na sala: Rony, que estava em lua de mel, Gina, que estava estudando nos EUA e Harry, que devia estar com alguma mulher. Eles sempre tinham companhia. E eu? Que nunca namorara sério? Que, por Merlin, nunca fizera sexo? Era a eterna solitária, a eterna autossuficiente.
Meu choro era agoniado, parecia o de um bebê abandonado a própria sorte. E era exatamente assim como me sentia, como se tivesse dormido por anos e finalmente acordasse.
A dor estava engolindo-me, como um buraco negro. O que tinha feito que acordasse? Que visse que estava na hora de curar minhas feridas?
A resposta apareceu naturalmente: o casamento de Rony e Luna. Ele fora minha última cartada, minha ultima desculpa valida. Escondera-me num amor inexistente para impedir que outros se aproximem. Meu "amor" por Rony servira como uma barreira que impedia que interagisse com o mundo, que me impedia de interagir comigo mesma. Agora, sem essa barreira, via como verdadeiramente era: fraca e sensível, além de terrivelmente solitária. Chorei com ainda mais sentimento, pela primeira vez aceitando minhas debilidades e enfrentando minhas feridas, tentando curá-las.
Perdida em meu caos interno apenas tomei consciência que tinha companhia quando braços fortes me giraram e me prenderam a um corpo quente e acolhedor. O cheiro era inegavelmente familiar.
- Haa...rryy.. – minha voz saiu quebrada e fraca, meu rosto estava escondido em seu peito, minhas mãos apertavam sua camisa.
- Esta tudo bem Caramelo, pode chorar. Chore o quanto quiser, eu continuarei aqui. – sua voz rouca e firme aqueceu minha alma. O choro nunca tinha parado, mas o conforto de Harry fez com que piorasse. Juntei meu corpo ainda mais ao dele, de maneira desesperada.
Cada lágrima doía mas curava, cicatrizava. Cada soluço era um grito de dor e revolta. As mãos de Harry eram carinhosas, ora acariciando meus cabelos, ora minhas costas. Seu queixo estava apoiado no topo de minha cabeça. Não pude evitar lembrar de uma cena parecida. Fora Harry que me contara sobre meus pais, da mesma maneira que fora ele que, mesmo ainda fraco e ferido pela guerra, me sentara em seu colo e consolara.
Meu choro aumentou terrivelmente, chegando a seu ápice, ao lembrar a morte de meus pais. A dor era quase física. Como pudera guardar meus sentimentos por tantos anos? Como pudera tentar esquecer todas minhas lembranças felizes com meus pais, apenas por medo de sofrer?
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O que você quer de Natal? [REPUBLICAÇÃO]
Fanfiction"Todos nós, em algum momento de nossas vidas, tentamos fugir da dor, mas esta é uma infrutífera. Com o tempo, a dor sempre nos encontramos e nos faz ver que não importa o quanto tentamos, não podemos fugir para sempre. O sentimento é uma condição pa...