Capítulo Doze - Eu prometo

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25 DIAS PARA O SUICÍDIO DE KIM TAEHYUNG

No dia em que Taehyung voltou à delegacia para prestar depoimento contra Namjoon, ele sonhou com Evelyn. Foi um sonho do qual ele jamais queria acordar e assim, passou a desejar, a cada segundo livre, fechar os olhos e continuar a vivenciar a ilusão de passar mais um dia ao seu lado. 

A sensação o dominou por completo ao acordar. Ele não caiu em lágrimas, muito pelo contrário. Ele se sentiu vazio, como há muito tempo se sentia. A questão em si o perturbou, mesmo sabendo no fundo o que ela significava. 

Por um bloqueio emocional ele foi tomado, capaz de dar-lhe forças para levantar da cama. Taehyung se encontrava completamente inerte a qualquer sentimento, estava anestesiado da vida. Talvez fosse isso que o mantivesse vivo até o momento: a capacidade de não sentir nada, a oportunidade de não se sentir inválido a felicidade.

A água quente do choveiro não o relaxou, os olhos castanhos de Bruce não o encorajaram, as perspectivas para o dia não o animaram. Ele estava de pé, mas não estava ali. E assim Taehyung foi guiado e acompanhado até a delegacia por seu advogado, sem sequer escutar nada que saia de sua boca durante todo o caminho e o respondendo com mensagens automáticas que nem ele mesmo lembrava. 

Pela primeira vez, Taehyung não se incomodou em entrar na delegacia, não sentiu medo e nem nervosismo. Connor apareceu com o mesmo uniforme de sempre e ele o seguiu sem hesitação até sua sala. A sua mente não refletia e nem ficava ansiosa como acostumado, em nenhum momento se aproximou de Jeon por hesitação do que deveria falar ou fazer, ele apenas respondia. Respondia a diálogos, cumprimentos, gestos e questionamentos, seja quaisquer que fossem. 

- Kim Taehyung. - Ouviu um tanto abafado alguém o chamar quando estava seguindo para fora da delegacia. Precisava fumar, fazia muito tempo que tragava nada. - Kim Taehyung! - Escutou a fundo, mas não deu muita bola por estar concentrado na busca por seu maço de cigarro em sua jaqueta. Bateu nos bolsos externos após fazer uma varredura pelos bolsos camuflados de dentro da blusa, mas não obteve sucesso. Desapontado praguejou. - Taehyung! - Senhor Jeon gritou logo ao seu lado puxando seu braço para chamar sua atenção. Ele estava completamente fora de si com Taehyung, mas no momento o garoto não se importava muito com terceiros.

- Tem cigarro aí? - Perguntou deixando Jeon incrédulo.

- Você está maluco?! Está querendo fumar agora?! Depois de tudo o que fez lá dentro?! - Exclamou gesticulando entre ele e a delegacia. - Você jogou minha defesa na lama, Kim Taehyung. Eles podem te acusar do crime que bem entenderem agora. 

De forma resumida, Kim Taehyung abriu o jogo para o delegado Connor. Contou desde o dia em que saiu da cidade por conta da morte de sua mãe e entrelinhas deixou claro quem fazia o trabalho sujo para o patrão, vulgo seu pai. 

- Foi a minha forma de avisá-lo que está liberado disso tudo. - Falou abrindo os braços. 

- Do que está falando? - Senhor Jeon franziu a testa o olhando com atenção. - O que pretende fazer, Kim Taehyung?

- Faça um favor para si mesmo, para sua família e para a sua carreira...- Colocou a mão no ombro de quem considerava seu ex-advogado. - Fique longe de mim a partir de hoje. É um aviso de um amigo que não vai ter como te proteger se não escutá-lo. - Alertou deixando senhor Jeon mais preocupado do que com medo. - Defendemos coisas diferentes a partir de hoje, espero que entenda. 

- Do que está falando, Taehyung? Alguém entrou em contato com você? Te ameaçaram? O seu pai? - Senhor Jeon o enchia de perguntas enquanto o mais novo reparava na figura de farda em frente a delegacia. O olhar do seu tio cruzara com o seu enquanto o mesmo disfarçava ao acender e, em seguida, tragar um cigarro. Taehyung percebeu que, pela primeira vez, tinha coragem para saber o que tio queria com ele.

Blood Color | Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora