Isso é o fim

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O dia amanhecerá claro e belo, sem muitas nuvens. Os sons dos pássaros rodeavam o hospital, deixando um clima mais natural naquela manhã.

A luz do sol atravessará a janela, que reflete em Sukoro no qual estava deitado dormindo. Incomodado com a luz, se acorda com o braço na frente de seu rosto, sem abrir os olhos direito. Ao tentar se levantar, percebe que Kyai estava sentada na poltrona do lado da cama dormindo em cima de suas pernas, com seus cabelos longos cobrindo seu rosto. As mãos de Sukoro se movem com delicadeza, mas também com sofrimento, a fim de retirar o cabelo de seu rosto, no que fazem ele olha-la com amor e admiração, fazendo-o sorrir sem perceber. Mesmo com tal delicadeza evitando acorda-la, Kyai desperta de seu sono.

Sukoro, nervoso, rapidamente leva suas mãos para longe do rosto de Kyai. Ela, por outro lado, apenas se espreguiça na confortável poltrona, sem perceber o que ele tinha feito. Os dois apenas se cumprimentam com um simples bom dia e sorrisos sinceros. Como Kyai já havia acordado, Sukoro pede para que feche as cortinas já que estava sentindo muita dor para se levantar. Ela apenas atende a seu pedido.

Após terem tomado café que a enfermeira havia levado tempo depois, os dois conversam sobre assuntos diversos apenas para matar o tédio daquela manhã. Alguns minutos se passam, Kyai sempre rindo das besteiras que Sukoro falava, até que ele começa a tossir. O grau da tosse vai se elevando cada vez mais, até chegar ao ponto de sair sangue de sua boca, sujando todo o lençol branco que cobria suas pernas. Kyai, no desespero, chama as enfermeiras a base de gritos enquanto coloca sua mão direita atrás da cabeça de Sukoro e sua mão esquerda na parte do lençol que não havia sido banhada em sangue.

Rapidamente os enfermeiros, junto com os médicos, chegam a sua sala e pedem a retirada de Kyai para que pudessem realizar os devidos procedimentos. Ela desatou a chorar assim que saiu da sala, pois não acreditava que poderia perder seu amado. Enfermeiras pediram para que ela se sentasse e mantivesse a calma enquanto alguém fazia um chá para ela.

Enquanto isso, lá dentro, os equipamentos detectaram uma queda abrupta em seus batimentos cardíacos, no que deixaram os médicos preocupados com sua situação e tentaram agir logo em seguida.

Sukoro, com uma dor e cansaço abomináveis, lamentava sobre sua vida. Eu não quero morrer... Não agora que eu e Kyai estávamos nos dando tão bem... Eu... N-não... Posso... Mor-rer...

Mesmo com todo esforço dos médicos, os equipamentos conectados aos seus batimentos cardíacos diziam que ele estava morto.

Porém, no que era um lugar completamente escuro, Sukoro e a Morte conversavam. Ela carregava uma foice grande e afiada, porém desgastada pelo seu constante uso. Sua estatura era alta, com seu corpo se assemelhando ao um esqueleto humano, no qual usava uma capa com capuz preto para cobri-lo. Era difícil descrever as suas expressões e o que estava pensando, mas, de alguma forma, é fácil dizer que ela estava feliz pela chegada de mais uma alma.

- Por que eu não posso voltar para o mundo real em? Eu já disse várias vezes que não quero morrer e não vou aceitar que a minha vida termine assim. – Dizia irritado e angustiado, com um balançar de braços correspondentes a suas emoções.

- Mesmo tanto tempo lidando com almas teimosas, continua sendo um saco... – Resmungava. – Apenas aceite a sua morte de uma vez. Não vê que sua birra apenas atrapalha? – Aponta sua arma a Sukoro.

- Isso não é justo. Por que eu você não pode simplesmente me deixar voltar ao corpo? – A morte dá um suspiro e bate com o cabo da sua foice no chão, deixando seu capuz cobrir o que deveria ser seu rosto.

- Pois não é assim que as coisas funcionam meu jovem. Isso é o que vocês chamam de lei. É proibido deixar uma alma retornar ao seu corpo original – Levanta seu rosto novamente. – Agora que sabe disso, poderia me acompanhar?

Sukoro, ao ouvir a confirmação de que não havia retorno, cai de joelhos e bate no chão preto, com lágrimas escorrendo pelos seus olhos. Parecia uma criança birrenta enquanto lembrava de suas memórias construídas com Kyai.

Com passos lentos e o ranger de seus ossos, a Morte caminha até sua próxima vítima. Sukoro, ao perceber que o seu esforço havia sido desperdiçado, tenta correr, mas logo é apunhalado pelas costas. Sem sentir dor nenhuma, apenas a perda de seus movimentos, Sukoro finalmente percebe que não há mais esperanças, porém, a Morte adiciona algo ao jovem rapaz.

- Garoto, por muito tempo recebo almas aqui em meu recinto dizendo a mesma coisa que me dissestes sobre o seu amor a outra pessoa, e em todos os casos sinto inveja de vocês. Por esse e por outros motivos, nunca deixarei almas apaixonadas voltarem aos seus amados. Nunca...

Com o término de sua fala, Sukoro apenas desaparece.

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⏰ Última atualização: Apr 10, 2022 ⏰

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