𝟶𝟻𝟾

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— Oh, sério, Luna? Você nunca jogou sinuca? — Amanda perguntou risonha, sem parar de limpar as sujeiras do balcão. — Tipo, nunca? Nunca?

Ela ficou de ajudar o pai nesse final de semana, já que o mesmo viajou para o interior ontem, cuidando da padaria que era o sustento da família.

— Nunquinha... — Confirmei.

— Mano do céu, vocês são estranhas! — Ela falou enrugando o nariz e eu balancei a cabeça, rindo baixinho e olhei para Lara, que conversava toda empolgada com a irmã mais nova da Amanda.

As duas tinham quase a mesma idade, a diferença era que Letícia era alguns meses mais velha, e se deram bem desde o primeiro momento.

Fiquei feliz em ver minha irmã fazendo amizades, ainda mais com uma menina de boa família e que não a influenciaria para o caminho errado.

— Ficou tudo mais difícil depois que nossos pais morreram, não tive muitos momentos para descontrair assim. — Murmurei, soltando um longo suspiro. — Agora, com essa criança, as coisas vão apertar ainda mais. Mal consigo sustentar nós duas e um filho dá muito gasto. — Verbalizei minha preocupação. O dinheiro estava contado para cada gasto da casa, se sobrava cem reais no final do mês, era motivo para comemorar.

Como eu faria para não deixar faltar nada para esse bebê? Ele precisaria de fraldas, roupas, berço... Meu Deus!

— Sem querer ser indelicada com você, Luna, mas e o pai do seu bebê? Está vivo? A responsabilidade é dele também. — Amanda falou um pouco sem graça e eu encolhi os ombros.

— Sinceramente? Eu não sei. — Comecei a roer as unhas de nervoso. — Mas ele está fora de cogitação, jamais ficará sabendo da existência dessa criança.

— Você... — Calou-se. O rosto dela ficou vermelho. — Você já pensou em tirar?

— O quê? Não! — Arregalei os olhos, assustada. — Estou grávida porque não me cuidei como deveria, Amanda, agora preciso assumir as consequências. Essa criança é apenas uma delas. — Coloquei a mão no meu ventre, como se aquele pequeno gesto fosse defendê-lo de tudo.

Estava longe de ser uma gravidez planejada, mas mesmo assim eu iria até o final com a gestação e quando ele nascesse, iria amá-lo incondicionalmente para todo o sempre.

— Eu vou ser a mãe dele e vou fazer de tudo para que nunca lhe falte nada. — Falei, endireitando minha postura e levantando a cabeça. — Se eu precisar um dia roubar para dar comida a ele, eu roubo. Se eu precisar matar para mantê-lo a salvo, vou fazer sem hesitar um só segundo. Mas ninguém nunca vai machucar o meu bebê, Amanda.

 Mas ninguém nunca vai machucar o meu bebê, Amanda

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O meu coração estava cheio de esperança. Eu queria superar tudo, deixar toda a dor para trás e perdoar as pessoas que tanto me fizeram mal. Só a possibilidade de que Lara estivesse viva era um alento muito grande na minha vida, um fôlego a mais para que eu continuasse respirando.

Sombras do Amor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora