R+E

two

- Stan?!

- Eddie? - Disse Stan estreitando os olhos, com o tom de alguém que reconhoce um velho amigo que não vê há anos.

- E-eu não... nossa, eu não fazia ideia de que estavam, juntos...

- N-n-niguém sabe. - Disse Bill.

- A-a gente tava pensando em contar, pro resto do clube... a gente só, não sabia como. - Assenti com a cabeça. Não sabia como reagir, fiquei chocado, mas sinceramente, eles eram fofos pra caramba.

- Legal. - Disse calmo. - é muito legal que estejam juntos... - Era legal. Era fofo.

- Valeu, Eddie... - Stan sorriu fraco para mim.

- ... Há q-quanto tempo vocês... - perguntei.

- Hã... uns nove meses, eu acho... - Disse Stan, que deu uma olhada para Bill antes de responder.
- Nove meses?! Como esconderam isso por nove meses?! p-porque esconderam por nove meses?

- A-a gente i-ia c-contar, mas... - Dizia Bill quando Stan o interrompeu.

- Basicamente a gente ficou com medo no primeiro mês e depois ficou procrastinando isso pelos próximos oito meses, então, é. Você ter nos encontrado nem foi tão ruim assim, acho que agora a gente meio que vai ter que falar pro resto do grupo...

- Eu não vou interferir nem nada... quer dizer, podem contar quando se sentirem confortáveis.

- A-acho que já e-estamos c-confortáveis... n-nós só... - Dizia Bill.

- Acho que a gente só estava esperando pelo momento certo, mas considerando que somos um casal gay de adolescentes isso provavelmente não vai acontecer.

- é, é uma droga. Mas, sabe, apesar do choque, to feliz por vocês! - Ambos sorriram e olharam um para o outro, cara, eles eram tão fofos, e o pior, eles combimavam, como não havia notado nada? Quer dizer, nove meses?! Isso é tempo pra caramba escondendo algo.

- Valeu, Eddie! - Disse Stan por fim.

- Bom, então eu... - coçei a nuca como quem não sabe o que dizer, ou que só não estava encontrando as palavras certas. - E-eu sei que essa não é uma informação importante, ou, útil, mas eu só queria dizer que, entendo vocês... que eu... eu meio que gosto de garotos também, e que, eu sei lá... só queria que soubessem que não estão sozinhos, e-eu não sei.

- A-a gente m-meio que já sabia, m-mas é l-legal de verdade q-que tenha nos d-dito isso. - Disse Bill em meio a gaguejos.

- Como? Como já sabiam? - Perguntei intrigado.

- Você não é muito discreto com as pessoas que beija... - Confessou Stan. Arqueei as sobrancelhas. O que ele queria dizer? - Nós meio que vimos você beijando outro garoto atrás de uma cafeteria na Avenida principal, mais ou menos um mês atrás, então... - Ah, ok, era isso que queria dizer.

- Porque não falaram comigo sobre isso, sabe, no dia que aconteceu? - Disse levemente irritado.

- Nós só achamos que contaria por si mesmo, quando estivesse pronto. - Fiquei em silêncio. Era um bom argumento. Mesmo assim, fiquei um pouco irritado por não terem vindo conversar comigo sobre acidentalmente terem descoberto parte crucial de quem eu sou, que no caso, era minha sexualidade. Mas quem sabe? Talvez estivesse sendo dramático de novo.

- Tá. Tudo bem. Vocês viram a Bev? - Perguntei ignorando qualquer sentimento conflitante dentro de mim. Nunca fora muito bom nisso considerando que constantemente tinha acessos de raiva, mas talvez estivesse, melhorando?

- N-não. Não u-ultimamente. - Respondeu Bill.

- Tá bom...Tchau. - Disse simples, saindo entre as árvores.

- ... Desculpa! Espero que não tenha ficado bravo comigo, q-quer dizer, com a gente! - Ouvi Stan gritar quando já estava alguns metros de distância do local.

Estava irritado, estava mesmo, mas não sabia se tinha alguma razão em me sentir traído ou se estava só remoendo a informação porque me senti invadido. Não sei. Sentimentos. Não sei se são a minha coisa favorita.

Desviando de algumas ávores vejo Bev.
"Finalmente" penso comigo.

- Oi, Eddie!

- Finalmente te encontrei! Eu preciso falar com você. - E para minha alegria, no momento que acabo de falar isso o sinal toca, demonstrando que a primeira aula estava prestes a começar.

- Ih, merda. Acho que agora não vai dar. - Diz com um sorriso fraco apagando o cigarro no tronco da árvore que estava sentada.

- é, parece que não... - Digo já ficando estressado com todas as coisas que podem acontecer logo nas primeiras horas do dia.

- Mas olha, eu posso ir com você pra casa, assim conversamos e eu já almoço na sua casa, hm? - Disse com um sorrisinho de quem gostaria muito que eu concordasse com a parte do almoço.

- Claro! Você estaria salvando a minha vida.

- Você estaria salvando a minha. Quanto mais tempo eu puder passar longe do meu pai, melhor. - Disse enquanto caminhávamos em direção às salas.

- Certo, então te espero na saída, Marsh! - Ela assentiu com a cabeça, sorriu e seguiu para a sala. Bev era uma das melhores pessoas que eu conhecia. Podia conversar com ela sobre qualquer coisa, ela sempre me fazia sentir comfortável e seguro.

Intervalo - 12PM

Pov Richie

O sinal bateu, e amém, o fim da porra da aula de literatura, porque aprender precisava ser tão tedioso?
Essa era uma das únicas aulas que eu fazia com Eddie, e lá estava ele, prestando atenção fiaxado por todo aquele esquema que a Srta. Miller havia escrito no quadro. Não entendia como ele conseguia gostar daquilo, a matéria sequer fazia sentido, se pudesse eu dormiria a aula toda, mas não queria correr o risco de sonhar com Eddie novamente, não que aquilo fosse normal, mas agora, aparentemente, era alguma coisa. Merda. Não, aquilo não era nada. Não foi nada.

O sinal havia batido mas ninguém havia saido porque para prolongar aquele inferno tedioso, Srta. Miller fez o favor de anunciar um trabalho em grupo que teríamos a partir da próxima aula no último minuto.
Era alguma coisa estúpida sobre poemas e entender a essência de alguns dos temas mais abordados pelos poetas. Alguma bobagem assim.
Algumas pessoas começaram a sair da sala, até porque, já era o horário do almoço. Eu, como um adorador da literatura, fui um dos primeiros a tomar a iniciativa de sair.

Coloquei a bandeja sobre a mesa onde Bev, Mike e Ben conversavam algo sobre filmes de terror e Bill e Stan debatiam alguma coisa nerd sobre alien ou sei lá. Todos estavam ali, mas não Eddie, não. é claro que ele não. Ele gostava de puxar o saco dos professores, até mesmo daquela megera da Srta. Miller.
Mas não demorou muito para o mesmo se juntar a nós colocando sua bandeja delicadamente no lugar à minha frente na mesa.

- E aí, Eds, como foi seu horário como baba ovo da professora de literatura? beijou os pés dela dessa vez? - Impliquei.

- Cala a boca, Richie. Aquele é um trabalho importante, você deveria ter feito algumas anotações, senão receio que vá ficar com nota vemelha nesse semestre. - Disse dando uma mordida em seu sanduíche.

- Ei, espera, esse é a porra do trabalho semestral?!

- Se tivesse ouvido a Srta. Miller quando ela estava explicando saberia que sim, esse é o trabalho Semestral. - Disse com um sorriso presunçoso no rosto.

- Merda. - Disse baixo. - Espera, é um trabalho em grupo. é, é em grupo, sei porque essa foi a parte que eu prestei atenção. - Digo com o mesmo sorriso presunçoso.

- Tá, e daí? - Peguntou de boca cheia.

- Eu posso te dar a honra de ser minha dupla, que tal, Eds?

obrigada por ler! ఌ︎