Limites

Limite

Uma garota de cabelos brancos, que usava roupas com cores bem frias, sempre sentava na beirada do mar preto estrelado para observar um garoto de cabelos vermelhos flamejantes, o qual usava roupas de cores bem quentes e andava sob uma ponte coberta de pigmentos roxos e asteroides indo e vindo do início ao fim por dentro dela. Essa ponte ligava o que parecia ser duas cidades compostas por prédios e casas com estrelas navegando, também, por dentro deles, com uma coloração semelhante a mistura de preto e roxo. O garoto amava passar por ali, pois podia observar com mais clareza aquele vasto universo, apreciando cada galáxia e planeta próximos. E, por mais que fizesse isso várias vezes, não enjoava nunca, tendo como prova seu belo sorriso estampado no rosto todas as vezes.

Em um certo dia, repetindo o mesmo cotidiano, o garoto olhava para cada mero detalhe do horizonte e do céu, até que seu olhar bateu com o da garota, que o observava de longe. Pega desprevenida, desviou o seu rosto envergonhado no mesmo instante.

Sentindo como se tivesse recebido um tiro em seu coração, a garota levantava sua cabeça vagarosamente em direção ao garoto, recitando a seguinte frase: "Queria que estivesse aqui comigo". Quando finalmente consegue se erguer, percebe que o garoto havia sumido de seu campo de visão. Olhava em volta e não o encontrava, até que sente uma mão tocar em um de seus ombros, seguida por uma voz masculina infantil perguntando: "Quem você quer que esteja do seu lado?".

No mesmo instante, a garota olha para trás e vê o garoto que a cinco segundos estava do outro lado, na ponte. Assustada, ela recua para o lado contrário dele ainda sentada.

- Desculpa, não quis te assustar – Dizia o garoto com um sorriso envergonhado e a mão atrás da cabeça.

Enquanto ele falava, a garota se levantava rapidamente e tremia um pouco por conta do nervosismo.

- N-não, tu-tu-tudo bem. Digo... – Por mais que tentasse falar suavemente, seus sentimentos a atrapalhavam.

Vendo a garota nervosa e faltando palavras em sua boca, o garoto apenas vai em sua direção, segura a sua mão e se joga no infinito mar estrelado. A mão do garoto ardia como fogo, mas não machucava, pelo contrário, era confortável segura-la.

Sem tempo de reação, ela apenas caia junto a ele, mantendo uma expressão de quem não está entendendo nada e, também, envergonhada. Ao finalmente pararem de cair e começarem a flutuar no meio do espaço, eles começam a "nadar" pelo mesmo.

- Uma vez alguém me disse que quando eu quisesse relaxar, era só começar a navegar com as estrelas – Dizia o garoto com voz suave.

A garota apenas se mantém em silêncio.

Depois de alguns segundos, pequenas estrelas começam a girar em volta dos dois, como se estivessem querendo alguém para dançar. Após observarem um pouco, eles se juntam a elas com um sorriso de um canto a outro, mostrando que estavam realmente se divertindo.

No meio de toda a brincadeira, a mão do garoto começa a realmente arder muito forte, chegando ao ponto de machucar sua companheira.

- Ai! – Disse a menina soltando a mão do garoto e se afastando.

As estrelas ali perto haviam ido embora.

- Droga, desculpa. Se machucou muito? – Dizia se aproximando dela com um olhar preocupado.

Enquanto se aproximava, ela sentia um forte calor emanando de seu corpo.

- Está tudo bem, não doeu muito. A gente pode voltar lá pra cima?

O garoto apenas assentiu com a cabeça.

De volta a beirada do mar estrelado, o garoto transparecia estar um pouco triste. Ela, percebendo isso, apenas disse que tá tudo bem e que não precisava fazer essa cara.