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Meus pais não podem nem imaginar o que aconteceu hoje, eles iriam me proibir de trabalhar, principalmente aqui, e não quero isso.

Ainda estou meio traumatizada com tudo isso. Quem não estaria?

São 16:20 e estamos fechando o restaurante cedo, como Matthew prometeu. Ele já havia ligado para a polícia, devem chegar daqui a poucos minutos. Matthew trancou o velho pervertido em uma sala pequena, onde Matthew normalmente deixava seu cachorro - quando tinha -, pelo menos foi o que me disse.

As garotas ainda não sabem de nada que aconteceu, e por isso estão muito confusas com a situação, principalmente pelo motivo de eu não desgrudar do lado de Matthew, ao pedido dele.

--- Vou esperar eles lá fora, tudo bem? --- perguntou.

Assenti com a cabeça. --- Vou explicar para as meninas.

Ele assentiu e saiu do restaurante.

Quando cheguei próximo às garotas elas já vieram com perguntas. Muitas perguntas.

Expliquei tudo a elas e ficaram sem palavras. Mas também me perguntaram porque toda aquela minha intimidade com Matthew, e tive que explicar a elas também sobre a praia.

--- Ele ia te beijar --- afirmou Amy.

Neguei com a cabeça. --- Não, claro que não ia.

--- Se ele fosse mesmo te beijar já imagino a cena, seria lindo. Vocês dois, na praia com um lindo pôr do sol --- falou Becca, olhando para o nada como se estivesse realmente imaginando a cena.

--- Até me arrepiei --- falou Amy, nos mostrando os poucos pelos que ela tem no braço.

Becca e eu estávamos rindo sem parar da situação, até que Matthew entra no restaurante me chamando.

Os policiais querem falar comigo sobre o acontecido de mais cedo, mas não quero falar sobre tal. É constrangedor e triste ao mesmo tempo. Imagino que, se Matthew não tivesse chegado na hora, eu poderia ser estuprada ou sei lá.

Depois de contar tudo aos policiais, eles entram e levam o velho, Samuel, pelo o que ele disse.

Matthew insiste em me levar para casa, e então depois de muito tempo de insistência aceito.

Entramos no carro, ainda em silêncio.

Matthew já está dirigindo e estamos na metade do caminho, já que o restaurante e minha casa são muito perto um do outro.

Estamos em um silêncio desconrtante. Se eu soubesse apenas um assunto para começar, eu começaria. Eu poderia dizer "Obrigado" por ter me salvado, mas isso seria pouco. Após alguns minutos Matthew vira-se para mim e logo depois para a estrada.

--- Desculpa --- falou.

--- Pelo o que? --- perguntei confusa. Não havia motivo algum para ele se desculpar.

--- Por ter acontecido isso com você. Se eu tivesse pagado um segurança, não teria acontecido.

Mas que besteira, como ele imaginária que iria acontecer isso comigo ou com outras pessoas?

--- Você não tem de se desculpar, Matt. Não tem motivos para se sentir culpado.

--- Eu sinto que tenho, por favor, apenas me desculpe.

--- Tudo bem --- suspirei.

Continuamos em silêncio. Ele realmente não tinha motivos para se sentir culpado do acontecimento, ele nem imaginava o que iria ou poderia acontecer.

Felizmente chegamos à minha casa.

--- Obrigado --- olho para Matthew. --- Por tudo --- acrescento.

Talvez ele esteja chateado comigo por não concordar que ele é culpado pelo o que aconteceu, pois ele apenas me encara sem expressão alguma. Me sinto sensível e por um momento sinto vontade de chorar, então olho para o teto do carro, na esperança de não deixar minhas lágrimas teimosas vagarem sobre a pele do meu rosto.

--- Não foi nada.

Sinto sua voz ecoar por minha cabeça de tão delicada que saiu. Olho para o lado e lá está ele, como sempre, com seu sorriso de lado.

Tenho vontade de passar minha mãe delicadamente sobre seus lábios, explorar sua boca.
Droga! Lá vem eu com esses pensamentos, de novo.

Sorrio de volta e abro a porta do carro saindo e a fechando em seguida. Agradeço a carona e por ter me salvado. Viro de costas e vou andando em direção da minha casa, até que ele grita.

--- Te vejo sexta.

Olho para trás e sorrio, e ele faz o mesmo então entro em casa.

--- Mãe? --- chamo.

--- Melanie? --- pergunta minha mãe surpresa aparecendo na sala.

--- Longa história --- falo, antes que ela me pergunte o que faço em casa a essas horas.

--- Depois você me conta tudo --- falou autoritária. --- Mudando de assunto, já preparei tudo para amanhã: manicure; cabelo; maquiagem; roupa --- falou animada.

--- Mãe, é só uma festa onde terá homens bem sucedidos e não um baile de formatura.

Não era preciso tudo aquilo, mesmo porque eu não estava TÃO animada para tal. Por quê estaria?

--- Tudo bem.

Ela estava chateada, eu sabia que estava. Eu não queria vê-la assim, então tive de aceitar, mesmo não querendo.

--- Eu não disse que não iria --- sorri.

Ela correu e me abraçou. Era estranho ver que ela estava tão feliz quanto eu, por mais que seja uma festa e não um baile. Era bom vê-la sorrir, mas, só espero que valha a pena essa festa, assim como valeu vê-la sorrir.

Capturada por amor || Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora