Capítulo 61

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Amy-Michael Jackson
Alicerce High School, Los Angeles
27 de maio de 2020, 15:42

 Sentada na arquibancada do ginásio espero por Léo, sempre nos encontramos aqui quando um sai primeiro que o outro e vamos para casa logo após

— Amy! — não, não é o João não né? — AMY! — ele se senta ao meu lado, é o João. Reviro meus olhos e reúno forças para não ser alguém desnecessária

— João, não estou no clima pra papo hoje, minha irmã mais nova vomitou no meu cabelo antes de eu sair de casa, meu irmão ainda está em aula e eu só quero ir pra casa tomar banho! — choramingo. João é o meu melhor amigo, mas, ele fica me contando sobre os contatinhos dele e quem ele pegou há uns cinco minutos, e isso me deixa triste porque gosto desse infeliz

— Como assim? A turma do Léo já foi liberada! — como é? Levanto-me e desço da arquibancada. Preocupada ando em direção a porta que dá no corredor. O meu irmão não iria para casa sem mim, Warren também não o levaria sem mim!

— Vai para à enfermaria e eu vou até à sala da diretora! — falo para João que assente e corre para o corredor da direita

— Amy! — Joice chama por mim, me viro para a encarar — Meu irmão mandou avisar que o Léo está no banheiro dos meninos e ele está chorando!

— Obrigada! — o banheiro masculino que fica no segundo andar. Corro em direção às escadarias e subo o mais rápido que consigo

 Eu e os meus irmãos somos criados de forma amorosa e muito gentil, pelo meu pai porque a minha mãe não nos poupa de nada. Se ela souber que aconteceu algo com Léo e eu não estava lá para ajudar ela me mata!

 Até eu explicar para dona Anely James que eu estava no ginásio esperando ele, eu já virei a falecida filha de Michael Jackson, nesses momentos eu sempre sou apenas filha do meu pai!

— Ei! Garotinha não pode entrar aí! — gritam assim que entro no banheiro masculino. Passo por todos os meninos e vou até a única cabine com a porta fechada

— Léo! — chamo e em seguida bato na porta. Consigo escutar seu choro, ele não está bem. Entro na cabine ao lado e sem pensar duas vezes largo minha mochila no chão e subo no vaso

 Léo está sentado no chão perto da porta em posição fetal. Usando mais força do que necessário eu me penduro na divisa e subo. Sento-me na divisa e coloco minhas pernas para dentro da cabine de Léo. Desço devagar até meus pés alcançarem a tampa do vaso

— Psiu — desço para o chão e toco em sua cabeça. Ele levanta seu olhar e apenas suspira quando me vê — O que aconteceu? — pergunto baixinho

— Hoje — respira profundamente — A diretora deu um aviso na minha classe — ele passa as costas das mãos por sua bochecha — Ela disse que não vai mais aceitar que os alunos venham de qualquer jeito para a escola. E ela apontou para mim e disse que os meninos deviam cuidar de seus cabelos para não ficarem como o meu, e que o meu cabelo era duro, feio e mal cuidado — faz um bico — E foi na frente de todos — ele volta a chorar

— Quem ela pensa que é? — falo entre dentes. Enfio a mão no meu bolso da calça e tiro meu celular. Começo a escrever uma mensagem para a minha mãe

 Meu pai não vai poder resolver nada, ele resolveria com amor. Minha mãe resolverá amorosamente com a mão dela, na cara daquela velha!

Amy
Mãe, você não acredita no
que a diretora disse para o Léo!
Abelha Rainha
O que aconteceu?
Amy
Ela passou na sala do Léo
falando que a escola não
vai aceitar que os alunos
venham de qualquer jeito,
e ela apontou para o meu
irmão e usou o cabelo dele
como exemplo insinuando
que o cabelo de Léo é duro
e feio! Na frente da sala inteira!
Abelha Rainha
Chego em meia hora!

— Mamãe está vindo — Léo coloca às duas mãos na boca — É irmãozinho, mexeram com o aluno errado e sabe disso!

16:27

— Que irresponsabilidade entrar no banheiro masculino daquela forma! — a diretora quase grita comigo. Léo que está sentado na cadeira ao meu lado direito ainda está chorando em silêncio — E você Leonel, já é um homem! Pare de chorar como uma criança!

— A mãe deles está aqui! — a monitora comunica à diretora que se coloca de pé. Há alguns anos mamãe gritou com ela aqui nesta sala e hoje, vai gritar de novo!

— Boa tarde! — a voz gentil e suave da minha mãe me faz ficar mais calma — Posso saber o que houve? — pergunta mais firmemente se colocando ao lado de Léo

— A diretora disse na frente da sala inteira que o meu cabelo era duro, feio e mal cuidado. Sei que eu não deveria chorar por algo assim, mas, não é a primeira vez que ela fala maldades para mim — fala entre lágrimas

— E por que você está aqui? — Minha mãe olha diretamente para mim com aquele olhar que faz até meu pai gelar de medo

— Entrei no banheiro masculino e fiquei lá com Léo que estava chorando muito! — falo sem enrolação para ela que olha para a diretora

— Como alguém sem cérebro acaba a frente de uma escola tão importante quanto esta? — estreita seus olhos para ela — Eu não consigo acreditar que estou aqui graças a mais uma atitude racista da senhora! — fala elegantemente calma

— Senhora Jackson, está sendo desrespeitosa e eu não admitirei! — ela levanta a voz para a minha mãe que simplesmente avança na mesa e pega uma tesoura dá a volta e dá um tabefe daqueles na diretora que grita aterrorizada

 Sentados sem saber bem o que fazer apenas ficamos aqui assistindo minha mãe cortar os cabelos da diretora e gritar vários insultos para ela. Mamãe consegue ser assustadora quando o assunto somos nós!

Altivez O ReinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora