Parte V

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Lena chegou em seu hotel ainda irritada pela besteira que fez ao se deixar levar por aquele momento. Tudo na França era romântico, lindo e o cenário dos vinhedos, combinado com o aroma do lugar e a proximidade de Kara, fez com que a mulher pensasse por alguns segundos que a loira estava interessada de fato em si, "Francamente, Lena Luthor, você acha mesmo que vai viver um clichê a essa altura da sua vida?", a morena repreendia-se em pensamento, enquanto caminhava apressada para o banheiro de seu quarto. Não havia chego até a cidade para se envolver com ninguém, muito menos comprar um maldito vinho, sua intenção era se divertir, conhecer o lugar e por alguns dias, esquecer o tanto de responsabilidade que seu nome carregava, realmente havia se distraído com Kara Lavigne, todavia, a morena precisa lembrar sozinha do porquê estava ali.

Tomou um banho demorado, queria ter certeza que todos os resíduos do seu passeio matinal havia sido lavados de seu corpo, principalmente o perfume da loira que insistia em manter-se em sua pele. Adentrou em seu quarto com os cabelos molhados e enrolada na toalha, não tinha nenhum plano formado ou ideia para onde ir, apenas queria lembrar-se que não era uma adolescente apaixonada e sim, uma Luthor— a dona das empresas da família —, tentando formular um itinerário em sua mente, Lena secava seus cabelos cuidadosamente, sentada na cama e encarando a sacada de seu quarto. O estômago da mulher começava a protestar, já havia passado inúmeras horas desde seu desjejum, "Ao menos já tenho um ponto de partida...", suspirou procurando alguma roupa agradável para sair.

Terminou por escolher algo simples, uma calça de linho em tom salmão, uma blusa cinza de mangas longas, sua maquiagem foi um pouco mais carregada, os olhos com delineador negro ressaltava a beleza das esmeraldas cintilantes que possuía, optou por um batom nude, por fim, agregando diversos acessórios em elegantes tons terrosos, um sorriso satisfeito surgiu nos lábios da mulher, estava pronta enfim. Já no estacionamento do hotel, buscou de forma despretensiosa em seu celular um restaurante próximo, o local indicado localizava-se apenas alguns quarteirões de distância, imediatamente o estômago inquieto da Luthor pareceu concordar com a sugestão, fazendo com que a mulher adentrasse em seu carro, colocando o destino no GPS do carro.

Como o esperando, a morena, não demorou para estacionar em frente a polida entrada do restaurante, Le Chapon Fin, podia ser lido em uma pequena placa ao lado da entrada. Diferente dos restaurantes que a Luthor esteve em sua curta estádia, este era o excessivo luxo. Desde sua fachada, um prédio em pedra polida, clara, bem cuidado. A entrada em tons escuros, do lado esquerdo, havia uma vidraça revelando um pequeno recinto, com adornos, flores e estátuas em porcelana, repousados em elegantes pedestais negros; a entrada ao lado direito, permanecia em tons escuros, entre vidros e artes em coloração acobreada, uma porta simples fazia-se presente.

A mulher adentrou no luxuoso estabelecimento e se permitiu observar a decoração elegante do local. Branco, preto e cobre conversavam em harmonia na decoração do lugar; paredes claras, esculpidas com diversos ornamentos que subiam até o teto, levemente pontiagudo, o solo em um carpete preto fosco, dava uma solenidade especial ao recinto, mesas redondas com toalhas brancas, espalhavam-se pelo salão, cadeiras simples e acobreadas, até mesmo a louça disposta a mesa combinava com a decoração, pratos brancos com bordas em cobre fosco podiam ser observados. Porém, o que tirava o fôlego naquele luxuoso lugar, era sua estrutura central, Lena não sabia ao certo dizer se o restaurante fora construído em volta do elemento ou havia sido posto de propósito ali, uma enorme rocha escavada se estendia do fim até o início do local, do solo até o teto, de forma rústica e dominante, exigia seu espaço majestoso em meio toda aquela civilidade e luxo, podia ser observado raízes entrelaçadas à rocha, uma perfeita sincronia entre humano e natureza, arrancando um sorriso impressionado da Luthor.

Decidiu escolher uma mesa perto do sedimento, por algum motivo parecia agradável manter a proximidade com aquele incomum item de decoração. Enquanto caminhava, logo chegou aos seus ouvidos uma melodia suave e levemente melancólica, a Luthor havia sido tão capturada pela imponência da rocha que não notou um elegante piano de calda aos pés do seixo. Uma mulher, sentada de costas para a entrada, tocava a melodia que logo a morena reconheceu como sendo "I'm not that girl" do musical da Broadway, Wicked, parecendo até uma brincadeira com o que havia acabado de viver, a mulher sentou-se na mesa quase ao lado do piano e encarou a pianista, recitando alguns versos da música em forma de sussurro.

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