GUARDIÃO DOS SONHOS - Capítulo 22

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O dia nem havia clareado quando Esgar chegou na casa de Êura para ajudá-la na panificação. Tudo estava apagado, ainda. Será que sua amiga perdera a hora pra ligar os fornos?

Chamou, chamou... e nada. Apanhou a chave no alpendre e entrou na casa. O que havia acontecido? Êura não costumava se atrasar!

Mesmo nos dois anos em que cuidou do marido adoecido ela sempre levantava as cinco da madrugada para acender o fornos de barro. Quando Esgar chegava para ajudá-la, os pães, tortas e bolos já estavam exalando seu delicioso cheiro de pão assado. Olhou nos demais cômodos da casa.

Ninguém!

Voltou para a ampla cozinha, acendeu os archotes e os fornos e colocou a massas preparadas para assar. Não demorou, Êura chegou apressada.

- Deus do céu, Esgar, estou muito atrasada! Que bom que você já acendeu os fornos, querida

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- Deus do céu, Esgar, estou muito atrasada! Que bom que você já acendeu os fornos, querida.

Esbaforida pela caminhada, Êura retirou o vestido de festa, pendurou-o no armário, e colocou sua roupa de trabalho dizendo-lhe:

- Por favor, prepare os ingredientes pra duas tortas de nozes, para entregarmos na casa dos Maias!

A jovem Esgar percebeu que o vestido que sua amiga acabava de tirar era o mesmo que ela vestia na tarde anterior, quando foi pra casa do Bruxo oferecer-lhe seus pães. Esgar trabalhava como ajudante de Êura todo dia, na parte da manhã, e percebeu a amiga agitada, como nunca, cheia de euforia.

Apanhou os ingredientes para a torta de nozes e indagou à amiga:

- Você passou a noite na casa do Bruxo?

Êura, terminou de amarrar o avental e suspirou, com olhar distante, ao lhe responder.

- Passei. Foi a noite mais encantadora da minha vida! - Suspirou novamente e amarrou a toca na cabeça - Geriel é um perfeito cavalheiro! Estou tão feliz, Esgar... acho que estou apaixonada!

Esgar fechou o semblante sem esconder seu incômodo.

Misturou os ingredientes da massa com força desproporcional.

Êura notou o seu descontentamento e indagou-lhe:

- Algum problema, Esgar?

Esgar procurou as melhores palavras, pois estava chateada, mas não queria ser agressiva com sua velha amiga. Falou, procurando conter sua irritação:

- Poxa Êura, você ainda pergunta? - Bateu a massa com velocidade nas mãos - Ele se declarou à nossa amiga Selga... ontem eu fui lá pra advogar a causa dela... o que acha que ela vai pensar desse teu romance com o Bruxo Asqueroso?

- Ele não é asqueroso. É o homem mais gentil que já conheci... Quanto a Selga, acha mesmo que ela precisa de alguém que advogue a causa dela? - Enxugou as mãos que havia lavado e começou a sovar uma massa sobre a mesa, prosseguindo com seu raciocínio. - De qualquer modo, Selga é esposa do sacerdote e não pode corresponder-lhe o amor, mesmo que queira, pois não há divórcio em nosso país. O marido tem plenos poderes sobre a sua mulher! - Colocou outra massa no forno e concluiu: - Quanto a mim, estou viúva... e... como eu precisava de uma noite como essa, Esgar!

OS FILHOS DO AMOR - A História dos Anjos RebeldesOnde histórias criam vida. Descubra agora