I- Introdução

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Eu aguardava ansiosamente pela a minha morte.
Finalmente chegara a minha hora.

 Risadas ecoavam pelo o coven em conjunto com as palmas e as vozes que cantavam em uníssono.
O cheiro das flores e dos frutos que cresciam nas árvores invadia o grande pátio, tomando o ar a nossa volta e tornando a noite ainda mais deliciosa.
O fogo crapitava na fogueira, emanando luz e calor, afastando o frio e a escuridão da noite.

Minhas irmãs e eu dançávamos ao redor da fogueira, formando um conjunto de silhuetas de branco que saltitavam, rodopiavam e abraçavam-se.
Todas irradiávamos felicidade, em especial, eu.
Minha risada serpenteava entre as cantigas e palmas em meu louvor.
Ver minhas irmãs de magia reunidas, dançando, rindo e cantando em minha homenagem era extremamente gratificante para mim.

Hoje seria o dia mais importante da minha vida. O dia do meu renascimento.
Seria hoje o dia em que eu morreria como mortal e renasceria como imortal.

Apesar de parecer aterrorizante, esse era dia de felicidade para uma bruxa. Seria hoje o dia que eu me tornaria eterna, e isso é um motivo que merecia comemoração, pois agora, eu seria uma Bruxa Superior consagrada.

 Nós bruxas nascemos como humanos, mas desde nosso nascimento, somos seres mágicos. Possuímos magia dentro de nós desde que somos geradas. Por isso, as crianças bruxas não saem do coven.
Aqui elas nascem, crescem e só saem quando já têm discernimento do mal que existe fora da proteção do coven.

 Esse cuidado era por conta da inocência das crianças. Já que aqui dentro, elas usam magia para as coisas mais simples do dia-a-dia e falam o que podem fazer com ela o quanto quisessem. Mas lá fora, se ao menos comentassem sobre ser uma bruxa, elas seriam torturadas, ridicularizadas e mortas.
Não permitir que tivessem contato com o mundo externo, era a nossa maneira de nós proteger e as proteger dos monstros que existem fora do mundo que foram criadas.

Os humanos nos caçavam e nos matavam sem remorso e sem pena alguma.
 
Seu ódio por nós era algo descabido e sem razão.
Nos odiavam por sermos semelhantes à eles mas não iguais.
 Roubaram os nossos direitos, nos fazendo viver refugiadas no meio de matas impossíveis de serem acessadas. Vivíamos escondidas em seu meio, mas tínhamos que esconder a nossa real identidade.

 E tudo isso, porque humanos não conseguem aceitar a existência de seres semelhantes à eles e dividirem o mesmo espaço igualmente.
Eles precisavam se sentir detentores da verdade absoluta. Precisavam se sentir especiais, no controle no mundo. Controlando quem merecia viver e quem merece morrer.

 O engraçado é que para justificar seus atos de atrocidades, utilizam trechos desconexos de um livro que fora escrito por homens ordenados por uma divindade.
 Mas nas próprias escrituras, a mesma divindade os ordenava amar ao próximo e dizia que apenas ele tinha autoridade de decidir quem vive e quem morre. E mesmo assim, os humanos seguem tentando roubar o poder do próprio Deus que servem.
Eu chamo isso de hipocrisia.
Eles chamam de amor à Deus.

 O medo da morte na vida de uma bruxa, só se dissipava depois do nosso renascimento.
Era quando passávamos por uma cerimônia, onde éramos mortas e horas depois, renacíamos. Mas renacíamos com um espírito imortal, nós dando, a vida eterna.

Acontece que o renascimento não tinha um momento exato.
 Acontecia no momento em que éramos maduras o suficiente para compreender o bem e o mal, e quando preferíamos o caminho da bondade.

Sabemos que estamos prontas para renascer, no momento em que nossa magia sofria uma modificação gritante. Tornado-se mais capacitada e vigorosa. Junto a isso, nós nos tornávamos prudentes.
E esse era o sinal de que estávamos prontas para sermos Seres Superiores.

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⏰ Última atualização: Apr 19, 2022 ⏰

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