NAS ASAS DE UM ANJO - Capítulo 23

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Pendurado no sexto degrau de uma escada de madeira, Geriel pintava sua cabana pelo lado de fora, quando notou o lobo se eriçando, demonstrando que alguém se aproximava.

Cautelosamente Desceu os cinco degraus da escada, acomodou seu pincel e o pote de tinta num canto, e caminhou pra varanda, pra pegar suas armas. Porém, notou, no comportamento do lobo, que quem se aproximava não representava ameaça.

Trocou alguns monossílabos com o lobo, em linguagem angelical e soube que quem se aproximava aborrecida era a jovem e bela Esgar que viera a sua cabana na semana anterior, tentar intermediar seu romance com a Esposa do Sacerdote. Selga era a esposa do sacerdote,  que se mostrava apaixonada pelo esquizofrênico Bruxo da Floresta que se julgava um Anjo Caído, preso na Terra num invólucro humano... mas Esgar não acreditava nessa baboseira!

Geriel aguardou  pela mulher que se aproximava. Observou a aproximação da bela jovem loira, que vinha à sua cabana a passos decisivos de mulher exaltada e aviltada. A bela loira estava possessa, com uma mistura de ciúmes e despeito que acentuavam seu aspecto de Moleca Rebelde, criada  e educada por dois homens: seu pai e seu irmão.

A jovem loira aproximou-se dele dizendo-lhe:

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A jovem loira aproximou-se dele dizendo-lhe:

- Uma coisa não bate nessa história toda, Bruxo! Posso ser inexperiente, sim... sou jovem... você está certo! Não tenho a vivência de Selga, nem a de Êura... eu concordo! Mas, uma coisa não se encaixa, nessa tua atitude grotesca comigo quando me expulsou de sua casa, e eu tenho que te perguntar: porque que você tem medo de mim?!

Geriel a encarou com perplexidade. Nas Dimensões Celestiais dos Cosmos ele era respeitado e até temido por Anjos graduados, como Gabriel e Miguel. Agora que se prendera naquele limitado invólucro humano, e reformava a sua cabana pra viver longe da mediocridade humana, que o fizera trocar golpes de espada com a Guarda Palaciana, vinha uma moleca daquela aldeia, repleta de seres inferiores, indagando- lhe se ele tinha medo dela! Limitou-se a indagar-lhe:

- Tá maluca!?

- Não. Não tô maluca! Posso lhe parecer desmiolada, mas sou esperta e sei observar detalhes. Responda-me essa questão! Tem muita coisa que eu não gosto em você, mas devo admitir que você é sincero! Foi sincero comigo, até pra me dizer o que eu não queria ouvir, quando estive aqui, e te aviltei sem querer, te dizendo que não acredito em anjos. Desculpe-me, por esta opinião, mas não acredito, mesmo! E essa história de que quem não acredita em anjos não é capaz de compreender o Amor é coisa da tua cabeça, não da minha... Então responda-me Bruxo: Por que você tem medo de mim?

Geriel deu-lhe as costas apanhou um graveto e voltou a misturar a tinta de sua lata, após acrescentar mais um pouco de água, dizendo-lhe:

- Ora, deixa de ser presunçosa, menina! – Geriel tornou a apanhar seu pote de tinta e pincel pra retomar o seu trabalho na pintura da cabana resmungando como um velho aviltado. – Tenho tanta coisa pra fazer e você sempre chega em hora inoportuna, falando-me das tuas maluquices! Como teu pai e teu irmão te aguentam?

OS FILHOS DO AMOR - A História dos Anjos RebeldesOnde histórias criam vida. Descubra agora