Que faz as pessoas serem pessoas? Talvez seja essa uma das grandes questões que atormentaram e ainda atormentam diversas mentes brilhantes que atravessaram ou ainda estão por atravessar esse mistério pouco explicável chamado mundo.
Mas, se me permitirem a palavra, eu diria que as pessoas só se fazem como tal a partir de si mesmas. Como assim? Parece óbvio: quem além de nós mesmos pode nos explicar? Os pesquisadores de muito prestígio certamente apenas se diferenciam das demais pessoas pelo modo sofisticado, sem dizer um tanto quanto propositalmente difícil, com que tratam as coisas do dia a dia que geralmente não se dá a devida atenção. É claro que eles se utilizam de métodos bastante elaborados, mas, por trás disso, há sempre a essência pessoal daqueles que os utiliza. Tudo que nós fazemos tem, em sua raiz, um pouco de nós, nem que seja bem pouquinho.
O mundo é feito e refeito pelas pessoas, só elas que podem realmente decidir os caminhos a serem criados e trilhados por todos/as/es. Mas, olhando dessa forma, é complicado nos percebermos como pertencentes dessa realidade. Que nós também fazemos parte dessa construção diária para nós, para os outros que conhecemos e para os desconhecidos. Por que nós não conseguimos tomar para nós mesmos as responsabilidades dos nossos destinos ao invés de simplesmente jogar nas costas de outras pessoas? Por que nós não mudamos os rumos da nossa vida e daqueles que nós amamos mesmo que isso seja algo extremamente necessário? O que nos impede? Ou melhor: o que mais pesa na nossa não atitude? Os tormentos que nos aflora essas questões são inevitáveis.
A ação é algo natural ao seres humanos. Nós sempre estamos agindo. Até mesmo quando não queremos já estamos o fazendo. Porém, quando as nossas ações de fato podem nos levar aos caminhos que queremos trilhar? Quando aquela pessoa vai atrás daquela outra, a abraça e diz que a ama? Ou quando ele diz para ele/elu que tudo que existia entre eles não passava de pura ilusão, de pura mentira, de pura coisa de momento. As nossas ações sempre geram reações, respostas, às vezes imediatas ou não. Ele, por conta de suas ações imaturas, vai fazer com que ele/u se sinta péssimo consigo mesmo, como se tudo aquilo que foi vivido na verdade fosse apenas um jogo de cartas onde apenas um jogador ganha e o outro perde no final. A sensação de culpa talvez seja a única coisa a ser compartilhada entre ambos, a única coisa que os aproxima novamente no sentido emocional.
Enfim, as pessoas são difíceis, são boas e ruins ao mesmo tempo, são dramáticas e alegres num mix inimaginável. Queria eu poder decidir o meu futuro, mas, como sei, isso não depende de mim. Depende, por fim, daqueles que nunca conheci ou que achava que conhecia.
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Uma história sem título
Teen FictionNenhuma descrição seria capaz de descrever o que realmente quero expressar. Como nos lembra Clarice Lispector, as palavras foram os piores instrumentos de expressão das sensações.