O grito.

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-     Eram 2hrs da manhã. Minha mãe e minha irmã dormiam no quarto ao lado. Acordei com meu cachorro latindo de uma forma imparável!. Ele latia todas as vezes que ouvia alguém do lado de fora do apartamento. (Ou na varanda) mesmo se fosse alguém saindo pela porta, ou chegando em casa depois de seu expediente. Ele latia muito alto.

-      Já era comum acontecer isso durante o dia, já durante a noite era com menos frequência. Levantei da cama, ainda "Tonta" de sono, e bem irritada porque eu odeio acordar no susto. O que é inevitável, o latido alto de um cachorro no meio de uma madrugada. Achei bem estranho pelo fato de como eu tinha dito, era muito difícil ele latir por parte da noite/madrugada. Mas naquela data, havia muitas pessoas no bar embaixo do prédio.

-       Imaginei que alguém teria furado o Lockdown, e voltando para casa bêbado, pois faziam muitos barulhos no corredor. Finalmente quando alcancei meu cachorro, e o fiz parar de latir pegando no colo, Percebi que eram gritos de uma única pessoa. Eram abafados, e um tanto desesperados, que acompanhavam passos apressados. Eu não conseguia parar de pensar naquilo. Parecia apenas um barulho.

-        Tentei me concentrar, e  realmente acordar definitivamente para ver o quê estava acontecendo.

SOCORRO!!!.

-      Ela gritava. Era uma mulher gritando desesperadamente por ajuda. Mas fiquei ainda mais confusa quando lembrei que quando nós mulheres estivéssemos em perigo, teríamos que gritar; "FOGO". Por quê o socorro, nunca comove ninguém.
E lá estava eu. Uma mulher, ouvindo outra mulher pedindo socorro. Muitas coisas passaram pela minha cabeça; ~ Será que ela estaria ferida?!!
Estaria em um relacionamento abusivo!???!
Alguém querido estaria passando mal?!?
O que realmente estava acontecendo com ela???

-       Colocando a mão sobre a maçaneta, prestes a abrir, senti um pavor enorme dentro de mim. Se eu abrisse a porta, estaria colocando minha vida em perigo. Ou até as vidas de minha Mãe e minha Irmã. Eu não podia fazer aquilo, precisava pensar...
Ela estava no meu andar, eu até podia ver pela olho mágico a luz do corredor acesa. Mas não tinha ninguém.

-       Comecei a ficar com muito medo.
De repente, percebi que a voz se afastava, como se ela estivesse descendo pelas escadas gritando.
Percebi então, que teria perdido a oportunidade de ajudar. Ainda tremendo com meu cachorro no colo, volta pra minha cama, mas o sono não veio. Comecei a chorar, pensando se eu realmente teria deixado de salvar a vida de alguém. Ou se realmente teria poupado a minha.

-         Tentei esquecer, mas logo o dia clareou e eu não consegui dormir. Levantei como qualquer outra manhã. Minha Mãe e minha Irmã já estavam de pé. E assim que as vi, perguntei se tinham ouvido algo estranho na noite passada.

— Não, não ouvimos nada. O quê aconteceu?

Elas responderam bem curiosas.

— O quê aconteceu!??

Respondi contando a história.
E fiquei tão chocada com o fato delas não terem ouvido os gritos, como os latidos do nossa cachorro.
Como eu já disse, meu cachorro late bem alto... As paredes da nossa casa, são bem finas... E o apartamento faz eco. Era impossível não ouvir! Então... Aquilo era bem estranho. Tentei deixar de lado.

-      Apesar de ninguém ter ouvido, nem as faxineiras fofoqueiras comentaram nada, nem mesmo o vigia do apartamento viu, ou ouviu algo naquela noite. Tudo parecia um fruto da minha imaginação, mas eu estava acordada. Não era um sonho. Eu ouvia os gritos, eu ouvi os passos, eu senti medo. Tenho certeza de que aquilo era REAL.

Pânico.Onde histórias criam vida. Descubra agora