único.

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Era mais um almoço de domingo no Engenho das Camargo. Nada de novo, mas todos adoravam esse dia pois se reuniam e passavam o dia todo sem fazer nada, todos ficavam um mel que só! Olivia, mais uma vez, contrariava as ordens da própria mãe e segurava uma pequena mãozinha a guiando até a cozinha, olhando sempre para os lados, verificando se o padrasto não a olhava (odiava chamar assim). Quando chegaram na cozinha, ela se agachou, ainda segurando a pequena mãozinha.

— Tá ali, Cecília. – ela apontou, sussurrando para que não fossem ouvidas. — Você vai pegar três. – ela fez o número nos dedos, a garotinha assentiu. — Um pra mim, um pra você e outro pro Miguel. Tá bom?

A pequenininha assentiu, andando em passos lentos para o pote de biscoitos, pegou o pote e com dificuldade pegou três biscoitos. Olivia sorriu, não era do tipo que gostava de tramóias, mas ela simplesmente adorava assaltar a cozinha com a irmãzinha mais nova. Assim como adorava passar o tempo com ela.

Olívia viu quando a irmãzinha correu até ela e entregou os dois biscoitos, Olívia mordeu um pedaço e depois esperou a irmã comer seu biscoito na cozinha, para que a mãe não visse nem brigasse, afinal estava quase na hora do almoço e Heloísa não deixava as crianças beliscarem nada até a hora da ceia. Mas Olívia tinha suas tramóias, ela sabia como fazer isso sem ser pega por ninguém.

Afinal foram vinte e cinco anos sendo filha única, vinte e cinco anos sem poder vivenciar essas aventuras e, agora que pode, aproveita o máximo.

Assim que a irmã mais nova terminou de comer o biscoito, Olívia a pegou no colo e foi com ela para a sala, escondendo o biscoito quando passou por Heloísa. Colocou a irmã no chão, limpando as mãos suadas no vestido e escondendo o biscoito, deu um sorriso meigo e seguiu para os quartos, indo até o quarto do irmão mais novo. Seguiu pelos corredores mas parou quando deu de cara com Eugênio, os dois adquiriram uma mania de implicar um com o outro sempre que podiam.

— Olívia. – ele começou irônico.

— Eugênio. – ela respondeu no mesmo tom.

— Não sabia que em almoços de família você zanzava pelos corredores feito uma múmia. – ele implicou, Olívia revirou os olhos divertidos.

— E eu não sabia que minha tia Violeta ia namorar um patife igual você, me diga, vocês se chamam de xuxu também? – ela implicou, dando as costas e entrando no quarto do irmãozinho.

Ele dormia serenamente, Olívia se aproximou do berço lentamente, abaixando-se e segurando a madeira do berço, fazendo um leve carinho nos cabelos do pequenino.

— Trouxe seu biscoito. – ela começou, mostrando. — Mas como você está dormindo, eu como ele por você. – ela deu uma piscadela, levando o biscoito até a boca. — Bons sonhos meu anjinho.

Olívia saiu do quarto, andando devagar para não acordar o pequeno, mas quando abriu a porta soltou um grito de susto com Eugênio parado a sua frente, como uma estátua. O grito assustou o irmão e arrancou um resmungo de Leônidas que passava pelo corredor.

— Viu o que fez? – Olívia disse. — Acordou o coitadinho!

— E você? Roubando biscoitos antes do almoço, francamente Olívia… – ele provocou, e a menina apertou os olhos sem acreditar naquilo.

Olívia seguiu para a sala, sendo acompanhada por Eugênio atrás de si, provocando.

— Tia Violeta, como consegue ficar casada com essa coisa? – ela apontou para Eugênio.

— É simples, eu o amo. – Violeta sorriu, arrancando um estalo de língua de Eugênio para Olívia.

— Por Deus, eu sinto tanto por você titia. – ela dramatizou, se jogando no sofá ao lado de Eugênio que bateu com a almofada em seu rosto. — Ai! Mãe!

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