O segundo contacto

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Após a primeira impressão, que culminou em um curto contacto verbal entre Ricardo e a Alma, nada apontava pra um próximo potencial contacto porque as realidades de Ricardo e Alma divergiam em termos de contextualizações de convivência e meio, apesar de partilharem o mesmo espaço de segunda a sexta , mas isso obviamente não era explicação que se desse ao fenômeno da vida e as suas coincidências meio coincidentes e propositadas .

Nada indicava que Ricardo e Alma fossem ser sujeitos de um segundo contacto, pelo menos pra Ricardo que não havia prestado muita atenção a alma até então, o que era totalmente oposto das intenções de Alma, porque ela já havia feito um estudo de campo tendo Ricardo como objeto de pesquisa, mas isso obviamente não dizia muita coisa a Ricardo porque ele não tinha noção se quer do que o primeiro contacto com Alma significava e o que ela pretendia com aquilo.

Para Ricardo o primeiro contacto foi apenas algo aparente sem muito significado, mas para Alma o primeiro contacto significava a primeira meta cumprida, e bem sucedida, o que pressupunha que a Alma pretendia um segundo contacto mesmo sem a anuência de Ricardo ou indicativo afim.

Alma estava de facto disposta a atrair Ricardo de qualquer jeito, e o segundo contacto era ideal pra começar o processo de atração dela contra Ricardo, e tornar-se mais evidente e vistosa diante de Ricardo era uma ótima opção.

Seguiram-se dias, até semanas depois do primeiro contacto, que os dois não se esbarravam pela escola em que frequentavam, isso em alguns momentos pareceu estranho porque a escola era um espaço partilhado e frequentado pelos dois, mas mesmo assim os pombinhos não tiveram contacto até então.

Ricardo já se tinha esquecido de Alma, ou seja, Ricardo nem se quer sabia o nome dela porque de tão pouco interesse demostrado no momento, nem se quer cogitou a ideia em perguntar ou querer saber o nome, confirmando apenas o seu e dar por concluído aquilo que pra Alma significou um bom presságio .

Existe um adágio muito popular  que diz o seguinte "Quem quer corre atrás" e parece que essa frase mesmo sem Ricardo fazer ideia, fazia parte da filosofia de vida da Alma e representava pra ela, combustível para correr atrás do que ela queria, e obviamente pra ela não importava o espaço, o tempo, apenas o momento certo pra empregar a ação certa para o resultado que ela pretendia, que era atrair Ricardo.

É como se diz, "se uma coisa não serve a outra serve", e se um espaço não serve obviamente o outro servirá", e para os dois pombinhos, o primeiro espaço partilhado por eles, no caso a escola, não foi o melhor campo eletromagnético pra eles, ou seja não foi o melhor espaço de atração para Alma, mas sim algo que nem fazia parte do agregado de informações que Alma colheu sobre seu amado.

Alma era devota católica, e em todos os Domingos, ela não faltava a uma missa se quer, tanto que ela fazia parte de alguns grupos da igreja com o intuito de participar e dar o seu contributo em prol da comunidade e não só, longe dela saber que o Ricardo era igualmente católico, a distinção entre eles é que Ricardo usava a igreja pra ter contacto com "mulheres " e ela era muito mais comprometida com a igreja nesse sentido .

Ricardo era católico, ou vinha de uma família católica de forma extensiva, a sua avó era impulsionadora e maior motivadora religiosa dentro da família, ela certificava-se de que todas as crianças da família fizessem parte da igreja e mais do fazer parte participassem contribuindo para igreja, e em volta desse monitoramento familiar, a avó de Ricardo incentivou-o a fazer parte do grupo de escuteiros, e assim Ricardo tornou-se escuteiro.

Como descrevo no parágrafo precedente, Ricardo era escuteiro, e num belo dia de Domingo de Ramos, Ricardo foi escolhido a fazer ordem na igreja, que é uma das muitas funções dos escuteiros afetos a igreja católica.  Era um dia de Domingo muito bonito, se calhar pelo momento representar um marco importante a "entrada de Jesus a Jerusalém ", isso carrega uma mensagem muito forte para os católicos ,e como era de esperar, a igreja estava lotada, todos acompanhados de seus "ramos" e mais alguns detalhes que marcam um dia como o de Domingo de ramos.

Enquanto a missa seguia o percurso normal, Ricardo fazia o seu trabalho de escuteiro que era organizar as pessoas durante a missa e impor alguma ordem enquanto a celebração ocorria, foi uma missa de mais ou menos duas horas, e após terminar as duas horas, a missa terminou, o "PADRE" abençoou os fiéis e deu por terminada a missa.

Terminada a missa, todos os fiéis seguiram até a porta que dava acesso a saída da igreja, para seguirem os seus rumos normais aquém da igreja, e durante a saída, a porta da igreja estava muito cheia, era de facto muita gente que participara da missa, e as pessoas empurravam-se umas as outras pra conseguirem atingir o horizonte  ou a parte oposta da igreja que dava acesso a saída.  Ao meio daquela confusão, daquele empurra daqui e  puxa daqui, Ricardo sentiu suas mãos ásperas serem tocadas por outras bem mais suaves e quentes, bem mais perspicazes  e sensíveis ,e sim! Sim, eram as mãos dela, eram as mãos da alma a tocar as de Ricardo pela primeira vez de muitas que seguir-se-iam.

Após Ricardo sentir a mão dele preenchida por uma outra, ele olhou para o lado e reconheceu a menina de quem ele vira num pretérito próximo, mas não sabia o nome, e então seguiu perguntando pelo seu nome tão logo atingiram o horizonte :

Ele: Oi tudo bem?

Ela: Tudo e contigo? 

Ele: Estou ótimo, então como é que te chamas?

Ela: Alma.


E a conversa seguiu-se no capítulo seguinte ...

O meu primeiro e verdadeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora