Sabe quando a gente imagina uma grande história de amor acontecendo na nossa vida? Pois bem, era assim que eu me sentia vendo aquela ruiva todos os dias, todos os livros que eu já li e os filmes que eu já tinha assistido me levavam a ter essa idéia utópica de romance e eu queria viver um assim.
Já fazia três meses que eu tinha arranjado um emprego na rua do escritório dela, a doutora Pamela Isley , com sua paixão por plantas e seu sorriso doce sempre que falava com alguém. Ela não sabia quem eu era, parecia que eu era invisível diante dos olhos dela, bom , então eu decidi fazer um plano pra ver se ela pelo menos me notava.
Escrevi com batom vermelho os nossos nomes no vidro do carro dela, acho que ela pelo menos ficaria com raiva.
"HARLEY + PAMELA"
Mas a chuva apagou o meu nome, justo nesse dia choveu e então ela apenas sorriu e seguiu em frente com o vidro do carro ainda sujo.
- Pelo menos ela não ficou brava. - falei assim que vi o carro indo em direção a avenida.
Mais alguns dias se passaram e eu estava me sentindo o próprio Joe, só que sem toda a parte da psicopatia, eu descobri o barzinho onde ela sempre ia com os amigos dela no final de semana.
- Oi Harley. - Selina falou assim que me viu. - Eu pensei que o encontro da semana passada tinha sido uma experiência única.
- Não, eu até que gostei daqui. - falei sorrindo enquanto me dirigia até o balcão.
A Selina era a melhor amiga da Pamela, ela já tinha me falado algumas coisas da ruiva, coisas que envolviam não gostar de pessoas, mas eu não liguei, naquele momento eu só queria ser alguma coisa da ruiva, queria poder fazer parte da vida dela.
- Ei por que você não senta aqui com a gente? - Bruce, que era namorado da Selina, falou assim que eu voltei com uma garrafa de cerveja na mão.
- Não vai dar nenhum problema não? - perguntei dando um sorriso nervoso.
- Nah, acho que a Pam não vai se importar quando chegar. - Selina falou sorrindo.
E assim eu me tornei amiga dos amigos dela, mesmo que naquele dia ela não tenha aparecido no bar, ela ligou dizendo algo sobre o gato ter ficado doente.
Os dias foram se passando e eu continuava invisível, ela continuava indiferente mesmo que seus sorrisos fossem calorosos. Agora eu já estava disposta a qualquer coisa só pra chamar a atenção dela, nem que fosse pra ela me dá um fora, só não queria continuar sendo a despercebida que passava por ela na rua.
Com isso em mente, fui em direção ao prédio onde ficava o consultório dela, esse era o meu ato mais impulsivo, por mais que eu seja conhecida por fazer coisas impulsivas, reuni toda a minha coragem e adentrei o local.
- Oi! - falei com a secretária. - Onde fica o consultório da doutora Isley?
- Terceiro andar, a segunda porta a direita. - a garota falou com um sorriso caloroso.
- Obrigada. - sorri de forma não tão calorosa assim.
Meu coração batia de forma acelerada, com certeza eu ia desmaiar ou ter um ataque cardíaco a qualquer momento.
- Será que é normal o meu coração bater tão rápido assim? - me questionei enquanto via o elevador subindo.
Quando as portas se abriram eu vi o meu mundo girar, acho que não sou tão corajosa assim, será que eu já posso dar meia volta e sair correndo?
Eu estava perdida em pensamentos quando escutei a voz da ruiva.
- Oi? Tudo bem com você? - ela perguntou de forma gentil e eu senti tudo ao meu redor girar. - Ei... vem se senta aqui um pouco.
Senti os braços dela me apoiando "muito Harleen, você é patética passando mal uma hora dessas, sinceramente garota" ela me levou até a sua sala e me sentou num sofá que tinha lá.
- Desculpa... - falei com vergonha, desejando que um buraco se abrisse aos meus pés.
- Não precisa se desculpar. - ela abriu um sorriso me mostrando as covinhas. - Você está bem?
- Humm... o quê? - perguntei perdida naquele sorriso.
- Você está bem? - ela perguntou ainda sorrindo.
- Hã... quer dizer, sim eu tô bem. - falei me sentindo patética.
- O que aconteceu pra você ficar assim? - ela perguntou com certa curiosidade.
Certo, era agora ou nunca, essa era hora dela saber que a culpada de tudo era ela.
- Você... - falei com um sussurro.
- O que tem eu? - ela perguntou confusa.
- Foi você o que me aconteceu... - falei de uma vez por todas. - todas às vezes que eu te via, com esse seu sorriso fofo, o seu carinho pelas plantas e eu... eu só queria ser alguma coisa sua, menos a despercebida que você não nota... - olhei pra ela. - descobri o seu barzinho preferido, fiquei amiga dos seus amigos, tenho te amado todo esse tempo e você não percebeu... eu só queria ter a sua atenção, até coloquei nossos nomes no vidro do seu carro, mas a chuva apagou... - sorri de forma envergonhada. - essa sua indiferença em relação a mim, como se nunca me notasse.
- O quê? - ela perguntou em confusão. - Você fez tudo isso pra chamar minha atenção?
- Sim... eu só queria ter a sua atenção, queria ser alguma coisa na sua vida. - disse sentindo um nó na minha garganta. - Eu não... eu acho que esperava até você me dá um fora, sei lá pelo menos você ia perceber que eu existo.
- Mas eu sempre te notei... - ela falou baixo. - toda vez que você passava por mim com seus sorrisos brilhantes e seu jeito doce de ser... - sorriu enquanto me dirigia um olhar. - eu pensei que você não me notava, eu sempre fui muito séria, a presença de pessoas me deixa desconfortável, mas com você isso nunca aconteceu... eu... você é como uma raio de sol, você me iluminou Harley.
- V-você sabe meu nome? - perguntei com a voz um pouco alta pela surpresa.
- Claro, eu sei tudo sobre você. - ela sorriu enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. - Você nunca foi uma despercebida pra mim, mas eu achava que você não queria nada comigo.
- Mas eu quero... eu quero tudo com você. - sorri sem acreditar.
- Então vamos fazer esse tudo acontecer.
Ela se inclinou e tocou delicadamente os seus lábios nos meus, selando o começo de uma história digna de filme.
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Despercebida
FanfictionHarley só queria que a ruiva que ela tanto admirava prestasse atenção nela, nem que pra isso ela precisasse levar um fora.