Capítulo 22 - Como pôde?

2.2K 256 29
                                    

Caitlyn

- Não podemos começar uma guerra! Milhares de inocentes vão morrer! - Quase grito com o conselheiro em minha sala.

- Eu também não estou feliz com isso, mas é a decisão que o conselho tomou depois da chacina que aconteceu na rua - Responde me fazendo negar com a cabeça.

- Causada por uma pessoa, uma única pessoa! - Argumento parando de andar de um lado para o outro e o encarando.

- Eu sei, mas se o boato de que o lado baixo pretende nos atacar for verdade precisaremos nos defender - Fala evitando contato visual.

- Todos os conselheiros concordaram com isso? - O mesmo nega com a cabeça - Você concordou com isso? - Ele permanece calado - Jayce, você concordou com isso? - Pergunto incrédula.

- Eu tenho que proteger a cidade! - Volto a andar de um lado para o outro.

- E se o boato for falso? Vamos ter dado um motivo pra atacarem de verdade? - Falo tentando o fazer perceber o tanto de problemas que isso trairia.

- Eu sinto muito Cait, mas isso já foi decidido e não há nada que você possa fazer além de esperar pelo dia da batalha - Diz dando um ponto final no assunto.

Suspiro e enfim me sento em minha cadeira - Então acho que terminamos a nossa conversa - Ele concorda com a cabeça antes de se levantar e seguir em direção à porta - O Jayce que eu conheci jamais teria concordado com isso - Falo vendo pelo canto do olho ele parar na porta por um momento antes de se retirar.

Coloco minha mão em meus olhos e os fecho, sentindo como se o peso em minhas costas tivesse duplicado. Não percebo que alguém entrou na sala até me assustar com um par de mãos em meus ombros, mas o susto passa assim que reconheço essas mãos.

- Você já sabe? - Pergunto ainda de olhos fechados.

- O pessoal andou comentando, mas nada estava confirmado - Responde e como se soubesse exatamente o que eu precisava começa uma leve massagem em meus ombros.

- Eu já disse o porquê eu queria tanto ser uma defensora? - Pergunto.

- Não? - Consigo imaginar sua cara confusa com a mudança repentina.

- Eu nunca consegui proteger a Max dos nossos pais, eu não conseguia protegê-la dos gritos nem das agressões e isso fazia eu me sentir tão fraca que só quando eu completei catorze anos prometi para mim mesma que eu sempre protegeria as pessoas independentemente das consequências - Sinto minha voz falhar então paro por um momento.

Vi permanece em silêncio enquanto muda sua massagem para um carinho na tentativa de me acalmar, o que funciona em partes.

- E a melhor maneira de fazer isso era me tornando uma defensora, mas isso era só uma forma egoísta de acabar com a fraqueza que eu sentia e com culpa que sinto até hoje. Eu nunca tive coragem de me desculpar com ela e agora de todo jeito nunca vou poder - Acho que só não estou chorando agora por que já não tenho mais lágrimas para derramar - Só que agora eu sinto como se eu tivesse dez anos novamente, me sinto fraca e impotente por não conseguir ajudar essas pessoas que vão morrer numa guerra que nem é delas - Termino de falar e me viro ficando de frente para ela.

- Você era só uma criança, eu sei que a Max entenderia - Se senta em cima da mesa - Além disso, nós vamos ajudar eles de um jeito ou de outro e eu sei quem pode nos ajudar - Fala cruzando seus braços.

- Quem? - Pergunto curiosa.

- Ekko, eu sei que ele não morreu naquela explosão - Pelo seu tom de voz ela tinha plena certeza disso.

Estou com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora