Capítulo Único. - Onde Começa o Inferno.

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Parecia que faziam dias que ela não via o brilho do sol, de fato durante a maior parte da longa viagem de ônibus tudo o que viu foram nuvens carregadas, e quanto mais aquele maldito ônibus andava mais sombria se tornava a paisagem, bem, ela não esperava menos que isso já que estava se aproximando do centro da Romênia, mais especificamente da cidade de Brasov, mas apesar de ser um dos centros mais famosos do planeta, poucos a conheciam por esse nome, a grande maioria se referia ao lugar simplesmente como "Transilvânia" e não estavam errados, de fato ali era a Transilvânia, aquela em que o Drácula de Bram Stoker fez história, a moça que olhava pela janela riu pelo nariz e voltou os olhos para o livro em seu colo, justamente esse, não custava dar uma lida nele novamente, já que agora estava ali, quanto mais o ônibus andava, mais vazio ficava, em pouco tempo só ela, o motorista e mais um homem se faziam presentes, mais algumas horas de viagem e finalmente ela pode descer daquela enorme caixa de metal e esticar as pernas.

Brasov era realmente excêntrica, uma cidade medieval, um amontoado de casas em estrutura barroca muito coloridas, cercada por muralhas extensas e montanhas altas, a enorme Igreja Negra no centro, com sua estrutura gótica e aura chamativa, se alongando pelo céu até quase o perder dos olhos, era realmente uma construção magnifica, a moça com a mala na mão puxou o celular do bolso, deslizou o polegar pelo aparelho e procurou pelas imagens da cidade no google, parecia ser realmente o mesmo lugar que as fotos, só tinha uma diferença, aquela sol escaldante das fotos não se fazia presente, talvez fosse pela época do ano? Ela duvidava muito, o lugar era soturno e fúnebre demais para a mera presença do sol fazer grande diferença em sua atmosfera, bem, era por isso que ela estava ali afinal.

Hospedou-se em um hotel bom, aproveitou de um longo banho quente e dormiu o resto da tarde, a cidade era remota demais para aviões ou coisas do gênero, e a viagem de ônibus até ali tinha lhe exaurido. Quando o sol começou a cair ela acordou, sentou-se na beira de sua mala aberta e puxou uma necessaire escura, de lá ela começou a tirar caixas e caixas de remédios, tomando um comprimido de cada uma delas, escolheu algumas roupas, vestiu-se e parou diante do espelho por alguns minutos.

Era uma mulher bonita, jovem, não tão alta, não tão baixa, os coturnos escuros a faziam crescer alguns centímetros graças ao solado grosso, o longo vestido bordô que desenhava seu corpo fazia as curvas se acentuarem, ela usava muitos colares, muitas pulseiras, muitos anéis, os braços de fora e o busto revelavam muitas tatuagens espalhadas pela pele branca, deixou os cabelos soltos, batiam pouco abaixo dos ombros, perfeitamente ondulados e em um tom de cor de rosa que causava inveja em qualquer algodão-doce, a maquiagem pesada apenas ajudava a adornar o rosto delicado e sedutor, uma mistura rara, mas que fazia jus aos olhos vedes capazes de enfeitiçar.

A cidade de Brasov poderia parecer uma cidade do interior de um país antigo, composta por velhos camponeses e freiras isoladas, parecer era a palavra-chave aqui, "não julgue um livro pela capa" fazia jus aquela cidade, a noite muitos jovens povoavam as ruas, principalmente naquela época do ano, curiosos, estudantes, andarilhos, haviam muitas pessoas nos bares, e quantos bares tinham, a música alta e as vozes estridentes, a nova visitante perambulou de um bar para o outro, se esquivando quando homens se aproximavam maliciosos, se aproximando quando um deles lhe interessava, mas logo perdendo tal interesse, já era madrugada quando ela finalmente encontrou quem procurava.

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