Era madrugada. Quatro horas em ponto, para ser exato, quando acordei pela terceira vez naquela noite de ventos fortes. Havia parado de chover e o silêncio das ruas invadia qualquer espaço, inclusive minha mente.
Pela primeira vez era sufocante estar sozinho e o pior de tudo era que a ausência de algo se resumia a você. Ausente como nunca fora nas noites de outono.
Tão rápido quanto as estações e sem precedentes como a chuva, a vida se esvaiu do que eu chamava de meu corpo, apesar de seu. Abandonou-o sem o remorso de me deixar também e sem a mera chance de ao menos me permitir notar. Foi sem culpa e sem dor.
Mas pelo menos eu sempre estive certo.
Chamar-te de meu fazia sentido, afinal, quando você morreu a dor foi apenas minha.
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Meu
Poetrysem sinopse porque a vida também não nos da resumos e mesmo assim vivemos com a curiosidade suficiente para nos fazer viver, ou então, o medo necessário para pelo menos chegar até aqui.