Capítulo Único

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Ah, finalmente eu estava em casa! Aquele dia tinha sido, sem sombra de dúvidas, um dos mais corridos e complicados dos últimos tempos. Eu tenho que confessar que realmente não tinha a menor ideia de onde estava me metendo quando assinei o contrato para aquele filme independente. Honestamente, não imaginava que se transformaria no fenômeno em que se transformou e, muito menos, que eu não teria mais vida depois disso.

Ok, tenho que parar de reclamar, afinal ficar milionário e ter sucesso na profissão não era algo ruim, mas a fama excessiva e a praticamente perda total da minha privacidade eram um bônus que eu recusaria com muita facilidade. Não era assim com o Jack Nicholson, então porque diabos tinha que ser assim comigo?

Larguei-me no amplo e confortável sofá do meu apartamento em Los Angeles, acendi meu cigarro, tomei um gole da minha cerveja e liguei a TV. Claro que as imagens do flagra daquela "discussão" com minha suposta namorada estavam em praticamente todos os canais e, realmente, do ponto de vista da câmera daquele paparazzi, parecia que estávamos tendo a maior discussão da face da Terra.

Quanta besteira, meu Deus! Esse alvoroço todo só porque discordamos em relação ao cardápio! Eu já tinha cansado de dizer a ela que carne de verdade é mil vezes mais gostosa do que aqueles hambúrgueres de carne de soja — argh — que ela adora, e daí veio a discussão clássica e chata sobre o sacrifício de animais e etc.

Enfim, sei que logo as notícias de que "nosso namoro estava abalado", "que não éramos mais os mesmos depois do fim das filmagens", "qual seria nosso futuro" pipocaram em todos os lugares ao mesmo tempo.

Em questão de minutos nossos celulares tocaram e infelizmente tivemos que, mais uma vez, desistir de um almoço e corrermos para os escritórios de nossos respectivos agentes.

Era disso, exatamente disso que eu menos gostava: não poder ter uma discussão saudável sobre qualquer coisa, que já virava tempestade de boatos e fofocas. O preço da fama!

Desliguei a TV quando vi que só falavam daquilo e optei por ouvir um dos meus CDs dos Beatles. Ah, isso sim! Que saudade de casa! Era fato que minha vida em Londres era muito mais tranquila do que aqui, mas é aqui que acontece a magia do cinema, então Londres, só de vez em quando.

Por ironia, a primeira música que tocou — já que deixei em modo aleatório — foi "Help" e eu soltei uma alta gargalhada. Voltei para o sofá e me larguei ali, curtindo a sonoridade de uma das melhores bandas de todos os tempos.

Duas horas depois...

Acordei assustado com o barulho do telefone e só aí foi que me toquei que tinha capotado no sofá. Ainda meio perdido olhei pela janela e vi que já começava a anoitecer e só então atendi ao bendito telefone.

- Alô? — minha voz estava mais rouca do que o normal devido ao cochilo.

- Hello, stranger! — disse uma voz feminina divertida do outro lado.

- Quem é? — eu perguntei um pouco irritado, pois não gostava de joguinhos e muito menos de trotes.

- Jura que já se esqueceu da minha voz? — a mulher disse, forçando uma decepção exagerada.

- Olha, não estou para brincadeiras, diga quem é ou vou desligar. — eu disse em tom áspero, já impaciente.

- Credo, Tom, quanto azedume! — a voz sorriu do outro lado.

Tom? Ou ela discou o número errado ou... Não! Não podia ser, só existia uma pessoa que me chamava desse jeito, e era pra me irritar.

- Malu? — eu arrisquei meio inseguro. Não devia ser ela, mas o timbre de voz era muito semelhante.

Contos com o Rob: Finding LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora