Meio - Taehyung

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Diziam que azul era a cor mais quente e nunca isso foi tão certo quanto estava sendo agora.

A bebida ainda estava pela metade, mas o sorriso dele estava sempre ali, cheio. E o ruivo se perguntava se o dono daquele cabelo era tão quente quanto à cor do mesmo. O seu azul não parecia frio assim como diziam os artistas. Seus olhos não saiam de si e ele se sentia sem roupas em meio às pessoas que transitavam por aquele lugar. Aquilo era excitante demais, tanto a ponto de fazê-lo querer tirar a roupa física, já que a sua alma parecia bem despida diante do olhar que aquele rapaz direcionava a si.

A noite era uma criança e estava só começando.    

Taehyung servia as bebidas a todos que viam lhe pedir por elas, era educado, trazia um ar jovial a cada conversa que tinha com os clientes. E era extremamente atencioso com cada um ou uma que pedia algo naquele bar, mas o ruivo sentia que a atenção da noite era toda sua e inteiramente sua. Por mais que ele o visse ocupado, de instantes em instantes podia notar o olhar alheio de soslaio em si. E estava adorando isso, nunca se sentiu tão no centro de algo como estava se sentindo agora, nem quando tinha os seus dois namorados ele vivenciava esse sentimento.

Sorriu pequeno. Seu corpo estava começando a esquentar e ele sabia que boa parte era culpa da bebida e outra do barman de fios azuis. Perguntou-se mais uma vez o que estiam fazendo se o rapaz não tivesse ainda algumas horas de expediente pela frente. Estava ansioso para o relógio badalar à hora almejada e assim ele poder descobrir no que realmente aquela noite daria e o que o convite do rapaz poderia significar.

Não fazia sexo casual, não era desses e essa seria a sua primeira experiência se esse fosse o rumo tomado por aquela conversa que sabia que teria com o Kim. Estava um pouco ansioso, ou melhor, ansioso demais para falar a verdade. Aquele homem era lindo e o sorriso dele estava lhe consumindo aos poucos, bem como sua presença que lhe intrigava e o jeito como ele parecia tão ou mais sedento por si do que qualquer outro que havia passado em sua vida. E era por causa desse ponto que viam algumas paranóias que não eram para estarem ali.

Ele se sentia sujo, por mais que houvesse se limpado bem, tinha também a questão de não saber se teria um bom jogo de cintura para lidar com um passivo, por isso esperava de coração que o rapaz fosse ativo. Ele também podia jogar naquela posição, porém não se sentia tão seguro quanto antes por falta de prática e isso para si era coisa séria, nunca que ele machucaria alguém apenas para satisfazer o seu tesão. Namjoon quem ficava por baixo, isso era fato, mas não acontecia sempre por causa de Seokjin que adorava comandar a transa entre os três como um jogo onde ele – e somente ele – era o mestre.   

Assim o ato de ser passivo reinava em sua vida e dado esse motivo ele não sabia o que fazer. Tinha também a questão do lugar onde iriam. Não era fã de motéis e só ia para um com uma pessoa de confiança, alguém que pudesse cuidar de si caso algo acontecesse e quisesse prezar seu bem estar mental. Tinha um trauma de locais assim desde que – em sua adolescência – um estranho invadiu o quarto onde ele estava, na primeira vez em que foi a um motel, e o rapaz que era seu parceiro não via problema em um sexo a três, tanto que sugeriu que o estranho se juntasse a eles. Se foi algo combinado ou não, Hoseok saiu dali na hora não esperando para descobrir, correndo como um louco para evitar uma possível violência que por sorte não aconteceu. Na época era um menino inconsequente que aceitou fazer o ato com o rapaz por quem tinha uma leve queda. Movido por uma paixão que virou medo, posteriormente um trauma que ele lutou para superar.

Desde então ele nunca mais pisou em locais assim com medo de algo parecido acontecer.

Podia achar o Kim à oitava maravilha do mundo, mas não iria para um motel com ele. Também não tinha coragem de ir à casa de nenhum desconhecido. Não sabia o que esperar lá e se a pessoa seria ou não bem intencionada. Restava apenas a sua casa, mas essa ele não sabia se deveria levar ou não. Sua mente era bem fantasiosa e ele pensava no quanto poderia ser perigoso deixar que uma pessoa descobrisse onde ele morava sem antes mesmo de conhecê-la bem. Via aqueles programas policias e tinha medo de que algo acontecesse como acontecia neles.

Então ai navegava em paranóias não sabendo o que fazer caso o rapaz quisesse mesmo uma transa. Poderiam fazer ali naquele bar? Hoseok pensou bem, mas achou que não, não tinha como! Era um local de procedência limpa e aparentemente segura por fora. Mas ninguém sabia o que tinha por dentro, no meio daqueles pequenos cômodos que compunham o mesmo. Estava bem confuso e isso era um fato que não podia negar. Tomou mais um gole da bebida e tentou relaxar um pouco ao se servir de mais uma. A garrafa estava ali ao lado e ele sabia que o barman estava ocupado.

— Era só me esperar que eu te servia ruivinho. – o tom barítono e melodioso ecoou pelos seus ouvidos. Ele precisou fechar os olhos um pouco e assim apreciar o doce tom daquela voz. Era tão bom a ponto de lhe deixar embriagado e lhe fazer voltar a ideia de querer saber como aquela noite ao lado do azulado terminaria. – Perdido em pensamentos? – ele riu. Claro que estava, melhor, perdido em desconfianças e medos.

— Sim, mais ou menos. Lembrando de pessoas com que já namorei. – mentiu. Evitava mais do que tudo pensar em Namjoon ou em Seokjin. Mas aquele assunto pareceu entreter o barman e lhe deixar com uma curiosidade a mais.

— Eram boas garotas? – o seu copo foi cheio pela bebida tão ou mais azulada do que o cabelo do rapaz que lhe servia. O ruivo teve de rir soprado. Sabia que aquela pergunta era apenas uma forma de descobri, ou melhor, de confirmar o que ele já sabia.

— Não eram tão bons garotos assim, pode apostar. – Taehyung sorriu abertamente, era exatamente isso que ele queria ouvir.

— Também nunca namorei bons meninos, sempre tinha seus problemas e me arrastavam para eles. – Hoseok abriu a boca em sinal de espanto. Então o azulado jogava no seu time? Bom saber. – O ultimo que conheci era casado, descobri por acaso quando a esposa dele veio bater na minha porta pensando que o mesmo estava com alguma vagabunda. Quando ela me viu ficou mais tranquila e parece que achar que o marido não estava lhe traindo deu uma força a mais ao casamento deles. Acredita que o safado ainda teve o descaramento de me pedir que continuasse sendo seu amante? – aquilo era demais, até para ele. – Eu não aceitei, coloquei ele para fora do meu apartamento e fiquei com trauma. – riu.

— Que absurdo, de verdade. – o ruivo se sentou melhor no banco em que estava. – Ninguém merece isso, ainda mais você. – tomou mais um gole da bebida adocicada, mas com grande teor de álcool.

— Ue? Por quê? – riu o azulado enquanto se inclinava por cima do balcão, apoiando o corpo nos antebraços dobrados em frente ao tronco. – Acha que eu não mereço ser infeliz? – Hoseok sabia que aquilo poderia ser um flerte. Só não sabia se era uma boa entrar nele. Tinha lá seus medos, como mencionado, queria muito poder vencê-los, mas uma pessoa prevenida vivia bem mais, não era?

— Não vejo um homem como você passando por baixo de nenhuma situação, se é que me entende? – aquilo soou mais provocativo do que ele pode esperar. O Kim quis rir, mas não o fez, seus olhos estavam bem mais ocupados em analisar a veracidade das palavras do ruivo ainda não bêbado. – Você é um homem jovem, lindo, aparentemente uma pessoa maravilhosa e alguém que não merece ser amante de um cara qualquer. Você me passa a ideia de que não nasceu para ser o outro e sim o único na vida de uma pessoa. – ele virou o shot de bebida de uma vez. – Só acho...

Taehyung mordeu o lábio inferior em claro sinal de excitação e de contentamento com o que tinha ouvido. Aquele ruivo tinha lhe dito as ditas palavras que sempre quis ouvir em todos os anos de sua vida, fosse de homens com quem se relacionava, fossem provindas dos seus familiares ou até mesmo aqueles que se diziam seus amigos. Uma ansiedade e um desejo de conhecer aquele rapaz estavam crescendo dentro de si. E nunca agradecia tanto o seu tio por não ter podido ir naquele dia como naquele momento. Sorriu, ajeitou a postura e deixou uma de suas mãos passear pelo balcão e juntar-se a do ruivo a sua frente.

— Você também me parece ser uma pessoa assim. – o ruivo observou o rapaz lhe servir de mais uma dose com a mão livre. – Por isso eu penso que seria uma boa ideia você me deixar te conhecer melhor. Podemos ir ao meu apartamento, fica na outra quadra. Eu tenho um bom vinho guardado, boas músicas no meu notebook e um resto de noite inteira para dedicar a você. – Hoseok sentiu seu coração falhar algumas batidas. Estava nervoso. – Quer me acompanhar, Jung Hoseok?  

Ele ira ou não?

[...]

Se você quer que ele continue, vá para o capítulo 10
Agora, se quer que ele mude de rota, vá para o capítulo inicial e escolha outra saída.

Quando um ruivo sai para curtir a noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora