A rigor, eu nem queria ir naquele pub, naquela noite. Estava cansado, já tinha bebido o bastante e o lugar tinha todos os sinais de ser uma típica balada de playboy. Pra minha sorte, fui voto vencido – e, bem, nunca fui de negar mais uma ceva em uma cidade diferente. Vamos? Fomos. Me surpreendi com o ambiente mais civilizado do que esperava, uma banda tocando no canto sem demolir as chances de conversa, um balcão grande e muito bem frequentado. Ela estava lá.
Sabrina.
Sabrina foi a primeira pessoa que vi ao entrar no pub, sentada no que parecia o seu lugar de sempre. Conversava com o atendente, com amigas, e iluminava a noite com seu rosto lindo, os olhos imensos por trás dos óculos, o cabelo a la Zooey Deschanel. Linda. Tão linda que parecia inatingível. Mas, né, fiquei de olho... a noite avançou, ela seguia conversando no mesmo lugar, sem dar muita bola para as várias investidas masculinas.
Eles eram eles, eu sou eu: sentei ao seu lado, pedi uma coca e puxei conversa. Ela me olhou desconfiada – quem pede refrigerante em um pub sexta-feira à noite? –, mas respondeu. Disse que eu tinha chamado atenção pela camiseta vermelha, simples, bem diferente dos outfits elaborados da 'concorrência'.
A conversa fluiu bem. Sabrina era boa de papo, curiosa, divertida, com perguntas interessantes e respostas incomuns. Acima de tudo, passava um ar de sofisticação que tinha o seu quê de intimidante. Arrisquei um beijo, ela gostou, e assim ficamos um tempinho, entre beijos e charlas, até o bar fechar. Convidei para uma saideira em outro lugar, ela não podia, não podia sair também no dia seguinte e parecia que o relógio do Cinderello tinha batido meia-noite. Mas me passou seu telefone. Vamos ver.
Na volta pra casa, arrisquei mais uma conversa com ela por mensagem. Foi no mesmo esquema do pub: sempre rendia algo, sempre melhorava o dia, sempre instigava. Mas, diferentemente dos outros contatinhos de viagem que colecionei por aí, com Sabrina a conversa nunca descambava pra putaria. Existia intimidade, existiam provocações e elogios. Mas nunca, nunca, passamos das pedradinhas bem dadas. Apesar da intimidade 3.0 que tínhamos ali, confesso que me intimidava mesmo com toda sua elegância.
Até que a Fortuna nos sorriu. Meio ano depois daqueles beijos no bar, voltei à pequena Londres paranaense, e desta vez com o final de semana livre, sem trabalho. Esperei chegar a data da viagem e fiz o convite. Ela topou. O clima esquentou, mas ainda civilizado, elegante. Diferente, para mim. Pelo menos nos permitimos pular o tempo perdido e marcamos um jantar no meu quarto de hotel. Prometi que inventaria algo bom, ela acreditou, ficou combinado.
Me sentia estranhamente nervoso ao me preparar. Tinha receio de não entendê-la, de não compreender direitinho até onde podíamos ir, e esse nervosismo ganhou corpo de maneira inesperada para mim. Posso não ser a última bolachinha do pacote, mas sempre tive confiança no que faço de bem. Será que ela gosta disso? E se não gostar? E se...???
O fim de tarde era iluminado com um belo pôr-do-sol, vista privilegiada do quarto alto que descolei. Dentro, meia-luz, uma bandeja de petiscos para beliscarmos, cerveja e uísque – a nossa escolha, imaginei –, uma playlist que ornava bem com o ambiente. Não arrisquei e fui no que sempre dava certo: camisa branca, com as mangas dobradas, calça jeans e tênis. Funcionava e, confesso, estava em ótima forma. Valorizava o preparo todo.
Mas não era nada comparado ao monumento que bateu na porta um minuto antes da hora marcada. Sabrina é alta, os cabelos castanhos contrastando com a pele branca. Os olhos, mais uma vez, mesmerizantes, intensos, brilhantes. Mas o que me pegou despreparado foram as pernas. Quando a conheci, Sabrina estava de calça. Desta vez, usava um vestido midi verde, que realçava cada detalhe daquelas pernas sobre saltos. Linda, linda, linda. Elegância pura. Como lidar com elegância?
Ela entrou, trocamos amenidades, fomos ao sofá com a mesinha logo à frente. A conversa começou nervosa, mas logo nos entrosamos e tudo melhorou. Sentados lado a lado, próximos mas não muito, ela tomou a iniciativa de chegar mais perto. O hálito fresco, o perfume do pescoço, uma combinação imbatível que me tomou de jeito. Rostos grudados, os beijos começaram e só cresceram em intensidade em um tempo rápido demais para calcular. Beijos urgentes, de quem parecia não admitir o quanto queria (queríamos) aquilo.
— Tu é maravilhosa, Sabrina.
— Esse seu sotaque me mata.Bendito sotaque gaúcho. Conversamos um pouco mais, desta vez grudados, a temperatura a aumentar. O uísque ajudou e facilitou os caminhos, e logo nos beijamos ainda mais, desta vez com mãos mais curiosas. Ela logo se ajeitou no meu colo e sentou nas minhas pernas, e aí enfim relaxei: a elegância de Sabrina havia dado lugar à fome e ao tesão de uma mulher que queria estar ali. Que queria aproveitar o momento.
Sentindo suas coxas com as mãos, eu desbravava seu corpo com calma, por cima do vestido a conhecer as costas, os braços, experimentar o pescoço e ver o quanto ela se entregava. O quanto ela me dominava, também, com suas mãos ágeis a abrir minha camisa e a grudar as unhas em braços e costas enquanto beijava meu pescoço. Arrisquei pegar os seios, por cima da roupa, e ela se abriu toda para mim:
— Eu. Amo. Que. Peguem. Forte — sussurrou, se encaixando ainda mais para sentir meu pau cada vez mais duro a marcar a calça.
Esse momento é sempre especial. O momento em que o tato predomina, em que as mãos fazem o primeiro reconhecimento, antes dos olhos. Com as pontas dos dedos, fiz a pele de Sabrina arrepiar, o que foi seguido por um gemido alto quando peguei sua bunda com gosto, vontade. Abri o vestido, tirado por cima, e em um golpe rápido o sutiã também já era. A cena era maravilhosa: uma mulher linda, peitos me tocando, respirando em cima de mim, a calcinha preta marcada pela excitação que ela tinha ao se esfregar na minha cintura. Eu beijava todo seu corpo, chupava os peitos, apertava cada vez com mais força para ver até onde podia ir. Podia ir além. Mordidas de leve nos bicos a fizeram respirar fundo, e foi a deixa para eu sussurrar:
— Preciso te chupar toda. Agora.
Ela nem respondeu, apenas se deixou pegar e levar para a cama. A pele fina das coxas logo ficou marcada com a minha barba, e não demorei a me inebriar com o cheiro de tesão e o gosto espetacular daquela buceta linda, me esperando tão convidativa. Chupei, beijei, brinquei com os dedos, invadindo e penetrando pouco a pouco o corpo que tanto desejei. Até ela puxar meus cabelos e ordenar:
— Me come agora. Me fode, por favor, me fode.
As pernas para fora da cama me fecharam enquanto a segurava pela cintura. Meu pau pulsava de tesão, e a sensação de enfim comer Sabrina me levou a um lugar diferente, desconhecido. Nosso ritmo aumentava e ficava claro que ela, ali, estava entregue, assim como eu. Fodemos com urgência, com força, como se houvesse o risco de aquilo terminar antes do que deveria. Minhas mãos passavam pela cintura, pelas coxas, pelos peitos, apertando seu pescoço enquanto a olhava nos olhos, selvagem, enlouquecido.
Mandei que virasse de quatro, ela empinou a bunda e me deslumbrou mais uma vez. Caí de boca no meio daquelas pernas para chupá-la ainda mais, sentir ainda mais seu gosto de cio, de sexo, enquanto pegava, apertava e batia na sua bunda, o que era respondido com uma risada por demais safada. Os dedos brincavam e entravam nela toda, a língua conhecia sua buceta e seu cu mais a fundo, até eu precisar foder de novo aquela mulher. Meter com mais força, mais ganas, segurando seus cabelos e a chamando de 'minha safada', 'minha puta', ao que ela respondia com 'meu macho', 'meu dono'.
Não precisei avisar que estava prestes a gozar. Sabrina sentiu, saiu, me olhou e mandou respirar fundo. Se colocou de joelhos à minha frente e começou a melhor tortura por que já passei. Brincou com meu pau de todas as formas, beijando devagar, lambendo, chupando, engolindo, repetindo. Sua língua e seus dedos ousados também me provocaram, sentiram e foram correspondidos ao brincar na minha bunda, o que a deixou com um olhar especialmente perverso. Foi impossível segurar o clímax por um segundo mais. Um gozo cheio, forte, que Sabrina levou todo na boca – aquela boca tão sofisticada –, me mostrou e engoliu.
Tem gente que vale a pena, principalmente se tu não sabe o que esperar. Bom demais ser recompensado assim.
F I M
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London Calling
Short StoryUm beijo, umas conversas, muita expectativa: o que esperar da elegância de Sabrina?