No primeiro dia decidi que vinho branco on the rocks e iced tea de limão eram uma boa mistura antes de uma festa, só para depois voltar desta às cimco da manhã depois de interações duvidosas com pessoas alteradas.
No segundo dia o ar frio da noite queimava-me o rosto, mas não tanto como tu queimavas a minha mente. No passeio encontrei um gato bêbado que me pediu as horas em troca de uma verdade sobre mim; disse lhe que eram um quarto para a uma e ele contou-me que passei demasiado tempo a pensar em ti. Dei-lhe um peluche da minha infância e ele relembrou-me que dei a minha inocência por algo com que não tinha concordado. Ofereci-lhe um pertence da minha mãe e ele contorceu-se em gritos e lágrimas de sangue que escorriam como punhos.
No terceiro dia as chamas da queimada aqueciam-me a pele pálida e senti-me como se estivesse novamente entrelaçado nos teus braços, entrelace este que me colou aos lençóis da cama e me manteve acordado por horas com a mão entre as pernas.
No quarto dia vi ossadas a serem retiradas do seu leito terreno e serem colocadas numa detalhada urna de madeira maciça para aí ficarem o resto dos seus dias. Transformei o meu corpo em ombro e apoiei quem pouco me apoiou para depois sentir o cheiro a terra na pele.
No quinto dia tornei a ficar horas sem fim no espaço quase claustrofóbico que é o banco do passageiro do carro, a entoar versos soltos e dormir para passar o tempo, visto que nunca fui boa companhia.
No sexto dia tudo voltou ao normal: a rotina de poucas horas de sono e demasiadas a absorver informação semi-inútil voltou a ser parte do dia-a-dia e a vida de pombo-correio voltou aos eixos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
.days gone by, white wine and drunk cats
Short StoryNo sexto dia tudo voltou ao normal