— Pode deixar, mãe. Assim que houver um feriado prolongado, volto para BH. Daí vamos passar um tempo juntas. Mas preciso ir agora, ou vou perder hora. Beijo. Te amo.
Lorena encerrou a chamada de vídeo com a mãe, girou nos calcanhares, pegou os livros, jogou a bolsa no ombro e disparou para fora do apartamento, checando as horas no visor do celular.
E quase tropeçou em uma bolinha macia e felpuda parada ali.
Por sorte, conseguiu evitar qualquer colisão.
Era um gatinho preto e branco, que estava sozinho no meio do hall.
Lorena olhou para os lados, procurando pelo dono dele, mas não encontrou ninguém.
— Você está com fome?
Recebeu um miado longo e agudo como resposta.
Deixando os livros e a bolsa de lado, Lorena voltou para dentro do apartamento, colocou um pouco de leite em um potinho e o levou para o gato. Assim que sentiu o cheiro, os miados ficaram mais afoitos.
— Aqui. Pode tomar tudo. Se eu demorar mais, vou me atrasar para a aula, mas prometo que depois te ajudo a encontrar seu dono.
Vendo que o gato bebia o leite como se não comesse nada há dias, Lorena apanhou seu material e o deixou ali, se alimentando vorazmente.
Enquanto seguia para a universidade, com o sol morno da manhã roçando em sua pele, seus olhos caíram para sua mão.
Sem perceber, estava mordendo a parte interna da bochecha, pensando no momento em que a mão de Vinícius havia pousado sobre a sua na lanchonete.
Havia sentido a textura da pele dele em seus dedos, a calidez resultante do toque; foi uma sensação diferente, mas estranhamente familiar, como reconhecer as linhas de um mapa que mostravam um caminho por onde nunca havia passado, mas que parecia formar uma trilha natural e convidativa.
Lorena agitou a cabeça.
Estava pensando naquilo mais do que deveria.
No universo dos romances de época como Os Bridgerton, livros que ela tinha devorado em uma velocidade absurda, o fato de um cavalheiro tocar na mão de uma dama era motivo de surtos, gritos e até mesmo casamento, dependendo do contexto e de quem os visse.
Mas ela não estava vivendo no século XIX.
Lorena sugou o ar com força e desviou o olhar da própria mão.
Droga, seu coração estava batendo rápido. Podia sentir a pulsação acelerada na base da garganta.
Talvez fosse melhor tirar um tempo dos romances de época, ou começaria a enxergar coisas onde elas não existiam.
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Promessa Perfeita | DEGUSTAÇÃO
Romansa(Spin-off de Promessa Perversa ) Em seu primeiro ano universitário, Lorena Mendes esperava vivenciar novas experiências, conhecer pessoas diferentes e se aprofundar na área daquela que seria sua futura profissão. Mas reencontrar o rapaz que faz seu...