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Mika

Eu realmente não deveria estar aqui... principalmente levando em conta a forma assombrada que Gabrielle me fixa, como se eu fosse uma criatura fantástica de outro mundo.

No entanto, precisava... precisava não, necessitava desesperadamente de revê-la fisicamente. Com as novas experiências projetivas, ela deve estar achando que minha visita trata-se de um desdobramento consciente. Talvez, até fosse melhor que ela continuasse acreditando que são apenas nossos perispíritos aqui, mas não é isso que desejo. Lanço um olhar apelativo para Tomoyo, e ela sorri suavemente de canto, segurando uma expressão amigável em seu rosto corado. Ao contrário do que imaginei, sua recepção foi surpreendentemente gentil.

Aliso o amuleto disfarçadamente, tomando coragem para explicar o motivo da minha inesperada e perigosa presença. Não nego que foi difícil sair da mansão sem ser notada, mas os riscos, quando se trata de Gabrielle sempre valem a pena. Afinal, ela não mede esforços pra continuar ao meu lado com o mundo desmoronando, por que eu não posso simplesmente fazer o mesmo? As próprias dificuldades se tornam um incentivo para Elle, enquanto para outros são um sinal que adaptam como desculpa para não seguirem adiante.

– Não está... hum... feliz em me ver? – sondo bastante apreensiva.

– Claro – ela gagueja esfregando os olhos energicamente – É só que, acabamos de nos ver, numa situação complicada, não pensei que nos reencontraríamos tão depressa!

– Eu sei. Precisava vir, sei que não devia... enfim, queria saber se está bem hospedada. – invento fingindo analisar a decoração.

– Não estamos em uma projeção? – Elle questiona buscando a intervenção de Tomoyo em um olhar aflito e incrédulo.

– Não, Gaby. Estamos as três aqui, em carne e osso! – Tomoyo se apressa em responder tirando as palavras da minha boca.

– Ah... – Gabrielle abre e fecha a boca, ainda confusa, desistindo do que ia dizer – Posso saber como conseguiu fugir? – finalmente ela consegue proferir.

– Aproveitei que o motorista saiu com a governanta para as compras semanal e me escondi no porta-malas. Assim que chegamos no mercado; saí despercebida e vim de condução. O amuleto funciona mesmo. Ninguém desconfiou. Devem estar achando que ainda estou descansando no quarto.

– Nada mal  – ela parece satisfeita. Sorrio arisca.

– Mesmo assim, não posso demorar.

– Acho que vocês têm muito pra conversar. Vou preparar um chá. – a cozinheira se mostra prestativa, assentimos e a acompanhamos se afastar com o olhar.

Assim que ela some no corredor, volto a encarar Gabrielle para memorizar cada detalhe de seus traços expressivos.

– Você está... diferente! – concluo sem desviar meus olhos dos seus.

– Diferente? Como? – ela investiga cruzando os braços, acariciando os cotovelos, sem perder o ar natural de superioridade moral.

– Não sei descrever ao certo. É algo em sua aura – dou com os ombros completamente fascinada com a nova mulher que Gabrielle se tornou, e não preocupo-me em disfarçar.

– São seus olhos, continuo a mesma, só que mais experiente e madura.

– Não duvido – não suporto mais me controlar e praticamente voo para grudar minhas mãos em seu pescoço, e transferir beijos por todos os lados de seu rosto. – Ah, Gabrielle, não sabe quanto esperei por esse momento! Eu te amo! Preciso de você!

– Também amo você Mika – Elle roça seu nariz em minha orelha esquerda suspirando deliciosamente em meu ouvido. É inevitável que um sorriso brote em meus lábios, proporcionando-me um regozijo sensacional. – Mas,

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora