Capítulo Único

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Era um dia muito especial para o pequeno Katsuki. Era seu aniversário de cinco anos e como prometido por seus pais – principalmente por seu pai – eles iriam comprar o melhor brinquedo do universo para ele. Por esse motivo estavam naquela loja de brinquedos já fazia, pelo menos, duas horas.
 
– E que tal esse? – seu pai, Masaru, o apresentou há um enorme e caro caminhão monstro de brinquedo, o qual Katsuki poderia até andar dentro.
 
– Não quero. – o loiro respondeu emburrado, um bico fofo em seus lábios, enquanto mantinha os braços cruzados e a testa franzida.
 
– E esse? – Masaru deixou de lado o caminhão e pegou uma caixa com todos os bonecos de super-herói que supostamente seu filho gostava.
 
– Nããooo querooo. – Katsuki cantarolou entediado, além de zangado. Nenhum brinquedo que seu pai apresentava era bom o suficiente para seu aniversário. Por isso de estarem na loja há mais tempo que o necessário.
 
– Masaru, pare de mimar esse pirralho e compra qualquer coisa! – sua mãe, Mitsuki, reclamava já sem paciência.
 
– Não. Eu não quero qualquer coisa. Eu quero o mais legal, divertido, bonito e incrível do universo. Vocês prometeram! – Katsuki bateu o pé, birrento.
 
– E se eu disser que na volta a gente compra? – sua mãe sorriu torto, quase sadicamente. Ela estava cansada de ficar naquela loja de música infantil e pirralhos correndo para todo lado.
 
– Eu não tenho mais quatro anos pra cair nessa, sua bruxa velha! – Katsuki rosnou.
 
– Ora seu pirralho insolente... – Mitsuki ameaçou avançar no pequeno, mas Masaru a impediu.
 
– Calma, querida! Lembre-se que hoje é aniversário do nosso pequeno e nós prometemos! – sorriu gentilmente para acalmar a fera que era sua esposa.
 
– Você está mimando demais esse pirralho, Masaru! Já está passando dos limites! – a mulher alertou, preocupada não só com seu marido inconsequente, como também com o próprio dinheiro da família, já que Masaru só oferecia presentes caros para a cria mimada deles.
 
– Oh, não exagere! – o homem balançou a mão, achando tudo um absurdo.
 
De repente, uma moça trazendo um enorme castelo de Lego e colocando perto da vitrine o alertou.
 
– Oh! Katsuki, que tal um castelo? Ficaria ótimo perto da sacada de seu quarto! – sorriu animado, correndo até o brinquedo.
 
– Não inventa, Masaru! Isso é ridículo! – Mitsuki o seguiu, pronto para repreende-lo.
 
O pequeno loiro de olhos vermelhos bufou, afastando-se de seus pais para dar uma olhada na loja sozinho. Sua mãe era uma bruxa velha chata e se dependesse dela, iria para casa de mãos vazias. Já seu pai, um babão bobo exagerado. Se dependesse dele, iria para casa com a loja toda, mas nada com o que agradasse. Ele sabia, que no fundo, seu pai só estava tentando compensar o tempo que não passavam juntos por causa do trabalho, ou, ele só estava comprando coisas que ele mesmo queria, com a desculpa de que era para Katsuki. Bem, não importava o que fosse, Katsuki não queria nada daquilo e resolveu procurar sozinho.
Passou por bolas de futebol, basquete, beisebol; passou por bonecos de heróis, vilões, pelúcias, desenhos; passou por brinquedos de montar; brinquedos de jogar; brinquedos de lançar; brinquedos de pular; brinquedos eletrônicos; brinquedos artesanais; brinquedos grandes; brinquedos pequenos; brinquedos enormes; brinquedos minúsculos, mas nada, NA-DA chamava sua atenção. Suspirou derrotado. Iria desistir. Porém, quando estava passando por um último corredor, pronto para voltar aos seus pais e pedir um sorvete como presente, ele o encontrou.
De cabelos curiosamente verdes e cacheados, olhos redondos, verdes e brilhantes, sorriso alegre e banguela, e pintinhas nas bochechas gorduchas e macias, encontrava-se o seu presente perfeito. Era um pequeno garoto, da mesma idade que ele, sentado no chão, abraçado à um coelho verde de pelúcia e arrancando os preços das coisas, grudando nele mesmo e rindo com isso. Uma risada gostosa, que encantou os ouvidos do jovem Bakugou, fazendo os orbes carmesins brilharem em admiração. Era ele.
Com cuidado, para não alertar nenhuma outra criança que tinha achado o mais legal dos presentes, Katsuki se aproximou, observando com cuidado o pequeno usar as unhas curtas para arrancar o papel de um carrinho de plástico e grudar no meio da testa, dando aquela risada novamente. Katsuki sorriu e parou ao seu lado, ainda não sendo percebido pelo esverdeado, que teve a mão segurada pelo loiro assim que foi alcançar outro brinquedo.
O garoto pulou assustado, pensando ser um adulto. Mas quando os orbes esmeraldinos se desviram para encarar outra criança da mesma idade, o pequeno sorriu gentilmente, mostrando que lhe faltava dois dentinhos, um em cima e outro embaixo. Katsuki sorriu de volta, um sorriso arrogante.
 
– Te quero! – foi o que o loiro disse, antes de puxar o esverdeado e praticamente correr com ele de volta para seus pais.
 
– O-Oe, e-espera- – o pequeno, confuso e assustado, agarrou-se ao seu coelho de pelúcia. O loiro não lhe deu ouvidos, sorrindo maior ao avistar a cabeleira loira de sua mãe o procurando.
 
– Katsuki! Cadê você? – a mulher o chamava já com raiva.
 
– Kat! Olha o que o papai encontrou! – Masaru vinha logo atrás, com um sorriso no rosto e montando uma moto infantil, deixando a esposa envergonhada em vários níveis.
 
– Por que nos casamos mesmo?
 
A resposta veio correndo até eles.
 
– Velha! Velho! Eu achei meu presente! – o menino os avisou, parando na frente deles.
 
– Ah! Finalmente! – Mitsuki suspirou – Espero que não seja caro.
 
– O que é filho? – Masaru perguntou, mais ansioso que a própria loira para saber qual seria o presente.
 
– Ele! – Katsuki puxou o garoto de cabelos verdes para seu lado, o mesmo, ainda assustado, escondendo-se atrás de sua pelúcia, apertando a mão daquele que o segurava com tanto desejo.
 
Mitsuki e Masaru se entreolharam, confusos e alarmados.
 
– Impossível. – foi o que a mulher disse ao voltar com sua atenção ao filho.
 
– Por que? – Katsuki fez bico. – Ele não parece caro. – murmurou. Achando que dinheiro era o problema.
 
– Pelos preços que tem nele, parece. Hahahaha! – Masaru brincou, ganhando um olhar repreendedor da esposa – D-Digo! Não podemos compra-lo, Kat! É uma criança, que com certeza tem papais procurando por ele.
 
– Mas-
 
– Izuku! – uma voz feminina e adulta o interrompeu, os quatro olharam para trás e viram uma mulher baixinha e rechonchuda, de cabelos e olhos verdes correndo até eles com os olhos marejados e rosto molhado.
 
– Mamãe! – o pequeno tentou se soltar do loiro, mas Katsuki não deixou. Mesmo assim, não foi um empecilho para o abraço que recebeu de sua querida mãe.
 
– Oh, querido! Não suma assim novamente, por favor! Eu estava preocupada! – ela fungou, apertando o pequeno contra o corpo.
 
O reencontro foi belo e poderia ter durado mais alguns segundos se Inko, mãe do esverdeado, não sentisse alguém cutucando seu ombro com certa força e raiva. A mulher soltou-se do filho para ver quem a chamava. Seus olhos marejados encontraram-se com um vermelho irritado.
 
– Moça! O que pensa que está fazendo? Eu vi primeiro! – o pequeno loiro rosnou, puxando o garoto e o abraçando possessivamente.
 
O outro piscou confuso, mas não incomodado com o abraçado acalorado que recebia. Ele gostava de abraços afinal. Não importava de quem.
 
– C-Como? – Inko indagou perplexa.
 
– Oh, sinto muito por isso, querida. – Mitsuki chamou sua atenção e a ajudou a se levantar do chão da loja. – Perdoe, Katsuki. Ele acha que seu filho está à venda.
 
– M-Meu pequeno Izuku? – questionou mais uma vez, olhos arregalados, ao que tentava secar as lágrimas para enxergar melhor aquela família em sua frente. Desviou os olhos para seu filho sendo abraçado pela outra criança de cabelos loiros, finalmente percebendo o que queriam dizer. – Ah. Sim. Desculpem. – riu nervosamente – Izuku tem essa mania estranha de arrancar adesivos e grudar nele mesmo. Fiquei preocupada que ele tivesse sumido nessa imensa loja. – colocou a mão no peito, sentindo o coração de mãe se acalmar.
 
– Compreendemos perfeitamente. – Mitsuki tocou seu ombro com ternura e depois desviou os olhos para o filho – Viu só, Katsuki? Ele tem uma mamãe. Devolva!
 
– Não quero. – Katsuki franziu a testa com mais força – Eu vi primeiro. Eu quero e eu vou levar! – e para mostrar que estava falando sério, o pequeno loiro se agachou e pegou o esverdeado no colo tentando fugir com ele há poucos passos, já que não aguentava o peso do outro.
 
Achando ser um tipo de brincadeira, Izuku deixou-se ser carregado, enrolando as pernas na cintura do loiro e deitando a cabeça em seu ombro. Assim como gostava de abraços, o pequeno gostava de ser carregado.
Já os três adultos observavam a dificuldade que o pequeno Bakugou tinha em tentar fugir com o esverdeado no colo, esse que somente acenou para mãe, ainda abraçado ao coelho de pelúcia e ao pescoço do loiro. Inko acenou de volta, ciente que aquele pequeno não iria sumir com seu filho tão rapidamente. Os três adultos riram da cena e seguiram o loiro em passos lentos até o caixa da loja onde Katsuki ficou na fila com Izuku no colo até chegar sua vez, ambos ainda sendo observados. Até aquele momento, Mitsuki e Masaru já tinham se apresentado para Inko, começando uma amizade.
 
– Próximo! – a moça do caixa chamou, mas ninguém apareceu. – Próximo! – chamou novamente.
 
– Aqui! – uma mão surgiu debaixo, fazendo a mulher se levantar da cadeira para olhar abaixo do balcão, podendo ver dois pequenos meninos. Um loiro ofegante e o outro chupando dedo abraçado há uma pelúcia velha.
 
– Sim? – a moça sorriu.
 
– Quero levar ele? – agarrou a mão do menino de cabelo verde, que já estava em pé no chão. – Quanto é?
 
A moça olhou dele para o esverdeado cheio de preços pelo rosto e braços e depois para o loiro novamente.
 
– O coelho? – perguntou referindo-se à pelúcia que o outro segurava.
 
– Não. O garoto! É cega? – respondeu com arrogância.
 
– Katsuki! – Mitsuki brigou, deixando de rir ao longe e finalmente se intrometendo na conversa, pegando o loiro no colo e deixando Izuku correr de volta para a própria mãe, que também o pegou no colo.
 
– Nãoo! – Katsuki choramingou, vendo a mulher pegar o que era seu. – Sua bruxa velha! Olha o que você fez! – cruzou os braços, emburrado.
 
– Olha como fala comigo, pirralho. Senão o pequeno Izuku não vai na sua festa hoje. – ameaçou, saindo da fila e indo em direção ao marido e nova amiga que tinha feito. De repente os olhos de Katsuki brilharam.
 
– Vou poder ficar com ele? – perguntou sorridente. Seus pais riram, e sem entender, Katsuki fechou a cara. – Vou poder ficar ou não?
 
– Só por hoje, tudo bem, pequeno Katsuki? – Inko foi quem respondeu. O loiro desviou os olhos para o garoto que queria levar, admirando o olhar brilhante e inocente que ele tinha. Bufou derrotado.
 
– Certo. Segunda à Sexta é seu, mas nos finais de semana é meu. Feito? – estendeu a mão, tentando negociar como seus pais faziam em seus empregos. Os três riram, mas Katsuki permaneceu sério.
 
– Feito. – Inko apertou sua pequena mão e Bakugou sorriu animado.
 
Era um dia muito especial para o pequeno Katsuki. Era seu aniversário de cinco anos e como prometido por seus pais – principalmente por seu pai – eles iriam comprar o melhor brinquedo do universo para ele. E ele conseguiu. O melhor, o mais divertido, mais bonito e mais incrível presente da galáxia.
 
FIM!
 
_____________ Extra _____________
 
– Esse é o Deku! É o meu presente de aniversário! – Katsuki sorriu convencido, apresentando o esverdeado aos amigos em sua festa de aniversário.
 
– Você ganhou uma outra criança no seu aniversário? – uma garota de cabelos castanhos perguntou surpresa e corada, admirada com a beleza do garoto que Katsuki tinha ganhado.
 
– Ganhei, rosto redondo! Pode invejar, eu deixo! – o sorriso do loiro cresceu.
 
– Que maneiro, Bakugou! – os olhos de seu amigo de cabelos negros e olhos vermelhos gritou – Podemos brincar com ele?
 
– Não! Deku é só meu! Somente eu posso brincar com ele! – Katsuki alertou.
 
– Mas o Sho está segurando a mão dele. – outro garoto de cabelos loiros e olhos amarelos alertou apontando.
 
Katsuki arregalou os olhos e voltou-se para Deku, vendo seu rival, Meio a Meio de merda, também batizado de Shoto Todoroki, segurando a outra mão de seu Deku, e atraindo toda a atenção dos olhos verdes para ele.
 
– Quer brincar? – Shoto perguntou a Izuku, balançando a mão dele com a sua.
 
– Quero. – Izuku respondeu inocentemente, irritando o loiro.
 
– OH VELHAAA! OLHA O MEIO A MEIO QUERENDO ROUBAR MEU DEKU!! – Katsuki gritou enciumado, puxando o esverdeado para seus braços e deixando Shoto com um bico irritado.
 
– Velhoo! – o bicolor se virou para seu pai de cabelos ruivos, que observava a cena junto com outros adultos. – Diz pro Katsuki me deixar brincar com o Deku! Ou melhor, me dá um Deku! Eu quero um Deku! – exigiu mimado, fazendo Enji Todoroki, seu pai, gargalhar alto, junto com outros pais.
 
– Eu também quero um! – a garotinha de cabelos castanhos pulou animada, seu rosto ainda vermelho.
 
– Eu também quero! Quero dois! – o de cabelos escuros pediu entusiasmado em ter mais amigos.
 
– Eu quero de chocolate! – o loiro pediu sorridente.
 
– Não tem de chocolate! – Katsuki rosnou irritado, vendo que todos os “invejosos” de seus amigos queriam um Deku como o seu.
 
– Como sabe? Talvez tenha! – o outro loiro desafiou e não demorou para começar uma discussão entre eles.
 
Izuku observou tudo com o olhar distante, somente agradecido com o abraço que recebia de Bakugou, alheio ao resto. Já Inko, ria ao lado de seus novos amigos, mas no fundo, um pouco preocupada com seu filho no meio de tantas crianças... Mimadas e exigentes.
 
FIM!!
 

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