Burnout.

Agora eu me encontro uma pessoa quebrada. Não tenho motivos talvez, e acho que as minhas lágrimas sejam só por pura emoção. Nunca pensei que iria me encontrar nesse estado, eu achava que nunca estaria nessa situação.
Eu acabei me perdendo. Mas estava tudo certo, então como eu fui parar nesse abismo profundo? Em lágrimas hoje eu me pergunto.
Ficar remoendo o passado, está sendo uma puxada brusca, para mais fundo do abismo sombrio que eu estou habitando. Era como se eu não conseguisse sair disso.
Eu já me analisei, já pensei em sair, mais parece um ciclo vicioso. O quanto mais eu tento, mais me puxa pra baixo. É terrível. O meu estado espiritual se encontra desgastado no momento, e parece que o meu eu de verdade está se desgastando também.
Ninguém é perfeito e isso não é novidade. Mas é como se todos eles dependessem de mim pra alguma coisa. Como tudo isso fosse responsabilidade minha. Mas não era. Nunca foi.
E hoje eu vejo o quão egoístas eles foram, sempre pedindo, sempre dependendo. Sempre foi tão cansativo, era desgastante a dependência deles. A necessidade de trazer os seus espinhos para mim, o desejo de me estufar com as suas desolações. Se eu sempre fiz tudo isso, e porque agora que eu estou nesse estado, nenhum deles me estenderam a mão? Nenhum foi firme o suficiente comigo, incapazes de segurar as minhas dores, de sangrar as suas mãos com os meus espinhos. Talvez seja pelo motivo, de que meus problemas não sejam responsabilidade de ninguém. Mas não é isso que "amigos" fazem? Ajudar uns aos outros. Uma via de mão dupla. Mas parece que esse tipo de coisa, não funciona comigo.
Me olhei no passado muitas vezes. A pessoa que eu era. "A que sempre era agradável, a que correspondia as expectativas das outras pessoas, a que era muito melhor do que a de agora". Agora esse é o tipo de coisa que eu costumo escutar. E refletindo sobre, desde quando o eu de antigamente era a perfeição? Desde quando fazer o que não me sinto a vontade de fazer, é a real felicidade? Desde quando eu virei um depósito de lembranças tão amargas? Um depósito de tristeza de outras pessoas, que só jogavam suas coisas em mim, e depois iam embora. Mas o engraçado, é que todas às vezes que isso ocorria, era como se uma parte de mim se decepasse aos poucos.
Me encontro um pouco sem rumo. Uma carta sem destinatário, ou alguma finalidade. Algumas pessoas me julgam por não fazer o esperado, o que mais querem de mim? Eu juro por tudo o que é mais sagrado que eu tentei, mas parece que não foi o bastante pra eles. Nunca foi. Eu dei tudo o que eu tinha, mas hoje, eu cansei.

AUTORA: Tarsila Maria.