CAPÍTULO UM

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A voz do professor Vincent Hacker ecoou pela sala de aula até a atraente jovem de olhos castanhos sentada no fundo, imersa em seus pensamentos, de cabeça baixa, escrevendo furiosamente num caderno:

-Srta. Mitchell?

Dez pares de olhos se viraram para seu rosto pálido, de cílios longos, e para seus dedos brancos que seguravam a caneta com força. Em seguida, os mesmos dez pares de olhos voltaram ao professor, totalmente imóvel e de cara feia. Sua severidade contrastava com a simetria de seus traços, com os olhos grandes e expressivos e os lábios grossos. Ele tinha uma beleza rústica, mas, naquele momento, amargamente séria, o que comprometia o efeito agradável de sua aparência.

A jovem ouviu alguém pigarrear discretamente à sua esquerda. Olhou, surpresa, para o homem de ombros largos sentado ao seu lado. Ele sorriu e lançou um olhar para o professor na frente da sala.

Ela acompanhou seu olhar lentamente, deparando com um par de olhos castanhos mel penetrantes e zangados. Engoliu em seco.

- Estou esperando que responda à minha pergunta, Srta. Mitchell. Se estiver disposta a se juntar a nós. - Sua voz era glacial, como os olhos.

Os demais alunos da pós-graduação se remexeram em suas cadeiras e trocaram olhares furtivos. Suas expressões diziam: Que bicho mordeu o professor hoje? Mas eles ficaram calados. (Todos sabem que alunos da pós detestam confrontar os professores por qualquer assunto que seja, quanto mais por grosserias.)

A jovem abriu a boca por um instante, mas tornou a fechá-la, fitando aqueles olhos castanhos  que a encaravam sem piscar, seus próprios olhos arregalados como os de um coelho assustado.

- Inglês é sua lingua materna? - zombou ele.

Uma mulher de cabelos muito pretos sentada à direita do professor tentou abafar uma risada, transformando-a numa tosse nada convincente. Todos os olhos recaíram de novo sobre a coelhinha assustada. Sua pele adquiriu um tom vermelho vivo e ela abaixou a cabeça, finalmente escapando do olhar do professor.

-Já que a Srta. Mitchell parece estar concentrada em uma aula paralela numa lingua estrangeira, alguém poderia fazer a gentileza de responder à minha pergunta?

A beldade sua direita parecia ansiosa para fazer isso. Ela se virou para encará-lo e, radiante, respondeu à pergunta nos mínimos detalhes, exibindo-se ao gesticular enquanto citava Dante no original em italiano. Quando terminou, lançou um sorriso ácido para o fundo da sala. Depois ergueu os olhos para o professor e suspirou. Só faltou se jogar no chão e roçar nas pernas do professor para mostrar que ela seria seu bichinho de estimação para sempre. (Não que ele fosse gostar disso.)

O professor franziu a testa de modo quase imperceptivel, para ninguém em especial, e se virou para escrever no quadro. A coelhinha assustada pestanejou para conter as lágrimas e voltou a escrever. Graças a Deus, não chorou.

Poucos minutos depois, enquanto o professor continuava sua lenga-lenga sobre o conflito entre os guelfos e os gibelinos, um pedaço de papel dobrado surgiu em cima do dicionário de italiano da coelhinha assustada. A principio, ela não notou, mas o homem bonito ao seu lado pigarreou baixinho, chamando nova mente sua atenção. Ele abriu um sorriso mais largo, quase impaciente, e baixou os olhos para o papel.

Ela o viu e piscou. Observando com cautela as costas do professor, que circulava diversas palavras em italiano, levou o papel até o colo, onde o desdobrou discretamente...
           Vincent é um babaca

Ninguém teria notado, porque o homem ao seu lado era o único que estava olhando para ela. Mas, assim que leu essas palavras, o rosto dela corou de uma maneira diferente, duas nuvens cor-de-rosa surgindo na curva de suas faces, e ela sorriu. Não o suficiente para mostrar os dentes nem covinhas ou uma ou outra marca de expressão, mas ainda assim um sorriso. Ela ergueu os olhos grandes para encará-lo, timida. Um sorriso rasgado e simpático se espalhou pelo rosto dele.

- O que há de tão engraçado, Srta. Mitchell?

Seus olhos castanhos se dilataram de pavor. O sorriso de seu novo amigo desapareceu rapidamente ao se virar para encarar o professor.

Ela já sabia que seria melhor não olhar para aqueles olhos castanhos e frios. Em vez disso, baixou a cabeça, mordeu o lábio inferior e começou a arrastá-lo de um lado para o outro,

-A culpa é minha, professor. Apenas perguntei em que página estávamos-
intercedeu o homem simpático em favor dela.

-Essa não é uma pergunta apropriada para um doutorando, Jett. Mas, se quer saber, acabamos de começar o primeiro canto. Creio que consiga encontrá -lo sem a ajuda da Srta. Mitchell. Ah, e... Srta. Mitchell?

O rabo de cavalo da coelhinha assustada tremeu de forma quase imperceptivel quando ela levantou a cabeça.

-Vá até a minha sala depois da aula.-

oiii meus amoressss, tava morrendo de saudadeeeees

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oiii meus amoressss, tava morrendo de saudadeeeees

espero que gostem desta adaptação, lembrando que eu estou dando todos os créditos ao escritor que fez o livro, espero que gostem pq esse livro é incrível 🤍❗

O inferno de VincentOnde histórias criam vida. Descubra agora