"Deve ser por falta de sexo"

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Nala Angela

- Acho melhor que desta vez não chamássemos modelos padrão para actuarem e fazerem parecer que as cólicas, as dores na coluna e o stress não fossem nada demais. O público está já farto desse tipo de propaganda. Que chamássemos, em vez, mulheres de trinta, quarenta, ocultando a imagem dos concorrentes de que somente miúdas e adolescentes menstruam. - Propus mostrando as propagandas concorrentes nos slides da tela enorme.

Os presentes entreolharam-se pensativos.

Janis, o redator, ergueu a mão.

Acenei.

- No caso, tudo será real? Sem ilusão ao público? - questionou.

- Sem ilusão ao público. Entendam o meu ponto de vista: as famílias estarão a assistir às notícias ou séries o que for e, de repente virá o intervalo e ouvir-se-á o "Não secam rapidamente; é desconfortável; não colam bem; não sei o meu tamanho". Problemas que iriam chamar a atenção por serem comuns. Que fizéssemos...

- Das mesmas medidas das calcinhas, por exemplo. Mais facilitado. - Suyane, a analista de marcas, sugere.

E "concordo's" foram ouvidos.

A reunião terminou mais tarde e todo mundo retirou-se enquanto eu organizava alguns documentos na minha pasta.

Com a aprovação de todos os constituintes do Departamento de Marketing podia apresentar ao senhor Boss Maximum, literalmente.

Fui à minha sala, que partilho com meu colega devasso, Ismar German, que no princípio me via como uma concorrência e até fazia alguns comentários machistas, mas com passar do tempo foi reconhecendo meu mérito.

Sentei-me e olhei em volta à procura de algo para fazer. Nada. Eu era viciada em trabalho e já havia feito tudo adiantado, até mesmo auxiliado aos outros.

O telefone tocou e eu atendi.

- Senhorita Quinn, o senhor Maximum solicita a sua presença.

- É para já! Obrigada, senhora Friedrich.

Desliguei e me preparei mentalmente.

Não que ele fosse ranzina ou algo assim, pelo contrário! O senhor Maximum é um homem sério e de bom humor. No entanto, há pessoas que nunca foram solicitadas à sala dele, ou se já, eram casos exclusivos.

Já fui lá à cima uma vez. Foi um dos dias mais felizes da minha vida, não são todos os dias que o chefe de um monopólio te parabeniza pessoalmente por um trabalho, nem que seja um dos maiores.

Ele tinha um elevador privado e era a única via de acesso só à ala dele. Dirigi-me até lá e o segurança de sempre, que deve ter sido avisado, cedeu-me o espaço.

Sem precisar de muito esforço, pressionei em um dos únicos três botões existentes para subir, sendo os outros para descer e o da emergência.

Verifiquei minha aparência nos espelhos perpendiculares do elevador.

Usava uma camisa justa com alças estilo puff, calças clochard castanha e saltos clogs castanho-escuros que se escondiam por baixo das calças.

O meu cabelo estava mais que a metade para o lado direito. Arrumadinho e menos violento em relação à semana passada graças ao meu novo combo. Não era só viciada em trabalho, também era pelo meu cabelo.

Enfim em cima, andei pelo corredor sem desvios, no qual se encontram posicionados convencionalmente seguranças.

No fim do corredor as portas douradas em uma parábola foram abertas para mim pelos seguranças e logo fechadas assim que entrei.

Kla-us Ha-nsOnde histórias criam vida. Descubra agora